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EIS A HISTÓRIA DE UM “HOMEM DE ALUGUER”! ATIVIDADE “ALIMENTA” DESEMPREGADOS E… UNIVERSITÁRIOS

Esta reportagem/entrevista pode ser lida sem problemas. Está aberta a todos. Não ofende. Dá para aprender… descobrir, sem sensacionalismo. Venha conhecer o H5

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Texto: Repórter X

Fotos: Pesquisa Google

Para uns é uma profissão. Para outros um “part-time” que os ajuda (e de que maneira) na sua vida financeira. Falamos de “Homens de Aluguer”. Praticamente todos sabem que eles existem, e que se exibem nas redes sociais, ou através de “sítios” na web, onde promovem os seus serviços.

Há “sítios” para clientes femininas, outros para gays ou bissexuais, há, no fundo, serviços para todos os gostos, muitos dos quais, diretamente, ligados a hotéis.

É tão fácil chegar a esses “sítios” na web como estar a ler esta reportagem. Qualquer menor pode conversar com um desses homens, ultrapassando facilmente a barreira que obriga qualquer visitante (quando o obriga) a declarar que tem 18 ou mais anos.

Se estes “sítios” revelam exposição, outros há que promovem a “conversa” através de (conhecidos e acessíveis) “chats”, onde o nível da linguagem é tão direta quão agressiva e obscena.

A verdade, é que, por lá, se fazem encontros, mesmo sem se conhecer com quem se está a falar. Ao mesmo tempo, e à custa disso, há empresas que enchem os cofres de dinheiro.

Mas, como é que na realidade funcionam as empresas ligadas ao “aluguer de homens” que, declaradamente, não se assumem como prostitutos?

Tentamos saber um pouco mais sobre esta que, muitos classificam, como uma “profissão de futuro”, que “não obriga a sexo puro e duro” e até é divertida.

Visitamos, então um desses “sítios”, depois de uma fácil pesquisa no Google.

Objetivo: falar, por telefone, com um homem (na maioria são jovens) que faz companhia a quem o queira contratar.

Não foi difícil falar com um ou dois, mas quando o Repórter X se identificou como jornalista, as chamadas foram automaticamente, desligadas.

Só um resistiu e teve a coragem de nos contar a sua experiência, e dar a conhecer um pouco como funciona este mundo, para muitos, ainda por descobrir.

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H5

Como foi à quinta tentativa, damos-lhe o nome de H5.É homossexual. Tem 35 anos. É desempregado de longa duração. Trabalha a “tempo inteiro”… no Porto. Só atende homens ou rapazes.

A conversa é limitada no tempo, ou seja, é, por assim dizer, à lei do cronómetro. O discurso é direto.

Há quanto tempo H5 se dedica a este, digamos que… “negócio”?

“Negócio? Não! Atividade! Há, sensivelmente, cinco anos.”

Por que razão, e ao contrário de outros colegas, H5 mostra coragem para nos contar algo ligado ao mundo dos Homens de Aluguer?

“De Aluguer?! Melhor será de… companhia. Olhe, porque isto não tem nada de mais. Penso que o que aqui vou dizer já muita gente sabe. E faço-o porque sei que o vosso jornal já fez uma outra reportagem sobre prostitutos, e, aqui, nós não somos prostitutos. Não andamos pela rua à espera de clientes que conduzam brutas espadas…”

… então, onde exercem a vossa atividade?

“Normalmente num apartamento. Ou, então deslocamo-nos a um hotel. Mas, mais frequentemente, é receber o cliente em casa. Eu, pelo menos gosto mais assim.”

E a casa de H5 é sua, mesmo que alugada?

“Não. É alugada, mas não sou eu que pago o aluguer. Ajudo a pagá-lo.”

Quer dizer que há alguém mais, e acima, na hierarquia?

“Sim. Em tudo que seja devidamente organizado, tem de haver um coordenador”.

Desconta muito para a “empresa”?

“O que for necessário. Não lhe vou, obviamente, falar em números”.

Disse-me, quando o contactei, que é, oficialmente desempregado de longa duração. Com esta atividade conseguiu recompor a sua vida financeira?

“Sim. Mas não queira que lhe diga quanto ganhei até hoje, ou que bens tenho em meu nome depois de ter começado a minha atividade. Se os grandes, como os da Caixa Geral de Depósitos, não o dizem, era logo eu que o ia fazer… (risos)”.

Trabalha a tempo inteiro?

“Essa do tempo inteiro é engraçada. Trabalho sem limitações de horário, o que não quer dizer que esteja sempre em atividade. Não sou nenhum boneco!”

Um encontro custa quanto?

“Depende do tempo em que estamos com o cliente. O preço varia. Pode ir dos 30 euros a hora, a uns euros mais acima, quando se está mais tempo, ou se dá uma volta. Depende.”

Que tipo de clientes recebe normalmente?

“De todos os estratos sociais. Homens da meia-idade para cima. Rapazes. Nunca adolescentes! Embora alguns tentem cá chegar. Mas, comigo, não têm sorte.”

E todos só querem sexo?

“Não. Há algumas pessoas – pode acreditar – que vêm ter comigo mais para desabafar e contemplar o meu corpo. Nada mais do que isso. É evidente que a maioria vem com a intensão sexual, mas, por exemplo, os rapazes – alguns dos quais querem pela primeira vez ter uma experiência do género – são muito tímidos e acabam por nem terem contacto corporal. Fazem outras coisas, mas nada de especial. São muito tímidos e alguns, mesmo já com os seus vinte e tal anos, ainda estão a descobrir o corpo.”

Tem muitos clientes?

“Alguns!.”

Fidelizados?

“Alguns!”

“Falo o idioma da honestidade, da seriedade e do amor. Todos me entendem”

Por que é que, em seu entender as pessoas procuram esses encontros?

“Uns, como já disse, para desabafar. Outros, porque, ou por complexo, ou porque na realidade não se sentem bem consigo e não arranjam namorados ou namoradas, vêm aqui, sentem-se mais à vontade e daqui saem satisfeitos… realizados. Olhe o tempo. (aviso).

O facto de ter aumentado o número de turistas no Porto, essa realidade refletiu-se num acréscimo do número de clientes?

“Sim. Principalmente na deslocação a certos hotéis. Não me pergunte quais.”

Fala outros idiomas?

“Sim, o idioma da honestidade, da seriedade, do amor e da sensualidade. São idiomas universais. Toda a gente os entende.

“Há muitos estudantes que exercem esta atividade para pagar as propinas”

Tem estudos?

“Sim. Não me pergunte mais sobre isso, ou seja que habilitações ou coisa do género…”

Os outros seus colegas também têm estudos?

“Sim. Há muitos estudantes que não têm dinheiro para pagar as propinas, e para o obterem, exercem esta atividade.”

Uma atividade sexualmente “segura”?

“Sim. Sempre sexo seguro. Caso contrário não estava nisto há cinco anos”.

Já teve problemas com algum cliente?

“Um. Estava ébrio.”

Mas o H5, como os seus colegas, não faz uma “triagem” quando recebe o telefonema de primeiro contacto?

“Faço, mas do telefonema até chegarem cá, podem apanhar-se dos copos. Mas, esse foi um problema que resolvi depressa, nada de especial.”

Tem família?

“Tenho os meus pais. Mais nada.”

E eles encaram bem a sua profissão?

“Não quero falar sobre isso! Olhe o tempo, o tempo é dinheiro” (outro aviso)

“Não é só o sexo que me atrai”

Gosta do que faz?

“Muito. E gosto, porque gosto de conhecer pessoas. De falar com elas. Não é só o sexo que me atrai, até porque há homens e rapazes que cá vêm e até são fisicamente feios. Mas, por dentro, são pessoas espetaculares”.

Gostava de ser psicólogo?

“Acertou na muche! Mas, se é a partir dessa pergunta que quer tirar nabos do púcaro quanto às minhas habilitações literárias, ou à minha antiga profissão, está a perder o seu tempo. (risos) Nada tive a ver com psicologia, ainda que tenhamos que ser um pouco psicólogos todos os dias. Toda a gente devia o ser”.

Aconselharia um outro jovem da sua idade a enveredar por esta atividade?

“Não sei. Depende. Nem toda a gente dá para isto. Aliás, convém referir, que nem todos são gays ou bis. Há homens, em outros “sites”, que acompanham mulheres, e assumem-se, declaradamente, heterossexuais. Este tipo de atividade destina-se a satisfazer as pessoas, até numa festa de anos, e sem ter, obrigatoriamente, de haver sexo. Nada disso! Temos de terminar…” (último aviso)

E vou terminar, antes de mais, agradecendo a sua coragem…

“… e, em princípio, o de ter contribuído para o índice de audiências do vosso jornal” (risos).

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Fica o registo…

Surpreendido(a)?

Talvez não, porque o(a) leitor(a) sabe que a vida nos obriga a enveredar por caminhos que, anos atrás, não imaginaríamos trilhar. É a vida. Uma vida que não se circunscreve, na sua complexidade, a quem pratica a atividade para ganhar uns euros, mas também a quem é cliente. Vem ao de cima, razões psicológicas, de isolamento, o crer experimentar o que nunca experimentou, a aventura… e isso, é um problema grave?

Para H5, e outros como o nosso entrevistado, esta é uma atividade como que de “utilidade pública”. Já sabemos – e porque, hoje em dia, a informação entra-nos casa adentro sem pedir licença – que nem todos os casos são casos como os relatados por H5. Mas, como em tudo, há sempre o lado mal da cousa.

No meio disto tudo, há pessoas, mas também há exploradores que, mais especificamente, no mundo da prostituição são apelidados de proxenetas. Há-os. Mas há-os também em outras (nobres) profissões.

Fica, assim, o registo de H5, e com ele, se calhar, o acabar de certos mitos… preconceitos. O jornalismo não tem de ser sempre de “sangue”, ou de coisas do “arco-da-velha”. Há também o lado humano da história, do relato, do facto… da verdade dos factos!

01dez16

 

 

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