Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“O lugar ou aldeia da Palheta aparece-nos, pela primeira vez, num registo paroquial de Campanhã, de 1631. Palheta poderá ser o diminutivo de palha; mas em português arcaico, palheta era uma arma ofensiva, talvez em forma de espada.
Neste lugar da Palheta ficava a Quinta da Beçada, das Beçadas ou Vessadas, de que a primeira referência do nosso conhecimento é de 1738, num registo de óbito da freguesia.
Mas é, sem dúvida, mais antiga, porque, em 1709, Lopo de Andrade Freire e sua mulher D. Maria Francisca alcançaram licença para erigir na sua quinta, em Campanhã, uma ermida da invocação de Santa Ana. A propriedade veio a pertencer a seus descendentes, a família Freire de Andrade, de que nas primeiras décadas do século XIX era chefe Rodrigo Freire de Andrade Pinto de Sousa, escrivão da Câmara do Porto, e morador nesta Quinta da Vessada.
Falecendo este em 1837 e sua mulher D. Eugénia Maria de Lima em 1858, ficou a quinta para sua filha D. Rita Roberta Freire de Andrade. Esta senhora e seu marido, António Peixoto Giraldes, de Alpendurada, venderam-na, por escritura de 15 de Julho de 1872, à viscondessa de Vilar d’Allen, D. Maria José Valente, que a anexou à sua belíssima Quinta de Vilar d’Allen, pertença hoje do nosso erudito amigo Senhor Alfredo Aires de Gouveia Allen.
O Senhor Pe. Tavares Martins, que largamente historiou esta propriedade, com outras «Antigas Quintas da paróquia de Campanhã», opina que no assento desta quinta se erguia, no século XII, o «paliatium» de Garcia Gonçalves, um dos padroeiros de Campanhã, mencionado na famosa doação de D. Teresa ao Bispo D. Hugo.
E acrescenta ainda aquele esclarecido monógrafo de Campanhã: «Noutro documento, existente também no arquivo na casa dos Vilar d’Allen, diz-se que a Quinta da Bessada do Bessador se situa no lugar de S. Pedro, freguesia de Campanhã. Este detalhe parece-nos interessante por mostrar que até ali se estendia antiquíssimo povoado». E, na verdade, a Rua da Palheta termina no Largo de S. Pedro.”
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 27-12-74
Foto: Pesquisa Google
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01jul17