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Aquecimento global

Fernanda Ferreira

Quando a professora Luísa entrou no corredor de acesso à sala de aula do 9.º C, viu um grupo de alunos do 8º B que que a chamava:

-Professora! Professora Luísa!

Dirigiu-se a eles para saber o que pretendiam.

– Ó professora, ontem na televisão falaram de aquecimento global, disse o Pedro, em nome de todo o grupo. Sabemos que é grave, mas não percebemos porquê. Eu cheguei a perguntar aos meus pais, mas eles disseram que era da camada de Ozono, mas não souberam explicar nada. Como os meus colegas também não sabem qual a gravidade da situação, resolvemos pedir-lhe se podia explicar-nos e o que podemos fazer para evitar que se agrave.

-Fico muito surpreendida pelo vosso interesse e preocupação e estou a pensar que poderá ser o tema da próxima aula.

-Obrigado, professora, disse o Pedro.

Chegado o dia de cumprir o combinado, a professora Luísa entrou na sala com ar feliz, por ter uns alunos com ânsia de conhecimento e também por poder tratar dum tema tão preocupante.

-Bom dia a todos!

-Bom dia professora!

-A vosso pedido e por ser um assunto de grande importância, vou falar de aquecimento global e tirando as dúvidas que forem surgindo

Como o tema é complexo, não vou entrar em pormenores científicos. Vou dar uma explicação prática e simples de compreender.

Como introdução, quero dizer-vos que o nosso planeta desde sempre teve períodos de aquecimento global que alternaram com outros de arrefecimento global, sendo estes últimos os responsáveis pelo aparecimento de grandes glaciares e a congelação da superfície dos oceanos, rios e lagos nas zonas mais polares, tanto no norte como no sul do planeta.

Então, se isto acontece desde que a Terra existe, digam-me qual a razão de toda esta preocupação atual?

-Por causa dos Estados Unidos e China, que são os culpados, disse o Lucas.

-Sim, também, mas é muito mais que isso. Eu explico:

Quando as alterações eram só devidas a causas naturais como vulcões, radiação solar e gases emitidos pela decomposição da matéria orgânica, essas alterações eram lentas, dando hipótese a que muitas espécies de seres vivo (vegetais e animais) fossem lentamente sofrendo modificações, para se adaptar às alterações e as que não o faziam iam morrendo e extinguiram-se no planeta.

-Então os fósseis esquisitos que aparecem são das espécies que deixaram de existir?

-Isso mesmo, temos o exemplo dos dinossauros que se extinguiram.

O homem que inicialmente tinha o corpo muito peludo porque o clima o exigia, por ser muito frio, teve de se ir adaptando à medida que a temperatura da Terra foi aumentando, começando a densidade do pelo a diminuir e, atualmente, é quase nula.

-E sem fazerem depilação! (disparatou a Rita, pondo toda a gente a rir).

Continuando e sem brincadeiras, o que está a acontecer e em ritmo muito acelerado é devido à intervenção do homem, não dando tempo a que os seres vivos se adaptem.

Se prestarem atenção, fala-se que, em busca de temperaturas menos quentes, tem havido migrações de várias espécies de pássaros e animais marinhos que, apesar de estarem habituados a viver em temperaturas quentes, não estão a aguentar a subida rápida das temperaturas, associadas às vagas de calor.

Lutando pela sobrevivência vão emigrando para as regiões mais próximas dos polos, que são mais frias.

-E como é que a Terra aquece? É o Sol?- perguntou o Rui.

-Eu explico:

À volta do planeta existe a atmosfera que não só é responsável por termos no ar os gases necessários que nos permitem poder respirar para viver, mas tem também a função de dificultar a passagem das radiações e do calor excessivo vindo do Sol e ainda de manter a temperatura do planeta, impedindo o escape excessivo do calor do planeta para o espaço.

Com o aumento da produção de gases com eleito de estufa, dióxido de carbono, metano e outros, o que acontece? A Terra fica envolvida por uma camada de gases que funcionam como uma campânula. Estes gases danificam a camada protetora de Ozono, de que os pais do Pedro falaram, e que é responsável por controlar a entrada dos raios solares. Assim, permitem que os raios solares entrem com mais facilidade e também impedem a libertação para o espaço do calor em excesso.

Como esse calor fica cada vez mais concentrado, há o aquecimento global do planeta, provocando o aumento da evaporação da água, alterações das correntes marítimas e oscilações de correntes de ventos, causando mais tempestades marítimas, ciclones, tufões, tornados e chuvas torrenciais, alternando com períodos de seca extrema, incêndios e outras catástrofes ambientais.

O aumento da temperatura global do planeta provoca o degelo dos glaciares e gelos polares, com consequente aumento do nível dos oceanos que começam a ocupar as costas litorais, e poderão fazer com que povoações costeiras, daqui a uns anos, fiquem submersas

Se pensarmos bem, até poderá vir a ser responsável pela extinção da espécie humana se ela não se adaptar ao aumento de temperatura e também devido à redução de alimentos, água potável e ar respirável.

-Ui! Isso é grave!

-Pois é!

Como expliquei há gases com efeito de estufa. Uns são de origem natural, como o metano, gás que se liberta dos dejetos animais, da decomposição de matéria orgânica e do lixo, o dióxido de carbono que todos nós libertamos pela respiração e que as plantas utilizam na fotossíntese, já falamos nisto, lembram-se?

– Fotossíntese é o que as plantas com clorofila, aquela coisa que as faz verdes, fazem durante o dia. Usam o sol e o dióxido de carbono para produzir energia e libertam oxigênio para a atmosfera. Portanto as plantas fazem muita falta porque nós precisamos desse oxigênio para respirar.

-Explicaste muito bem Ricardo. Fiquei muito contente.

Sendo assim, já percebem que a falta de plantas faz com que não haja transformação do dióxido de carbono e contribui para aumentar o efeito de estufa.

Há também o efeito dos pesticidas, inseticidas, fertilizantes de terrenos, os aerossóis, os detergentes e outros produtos químicos.

Como a população do planeta é muito grande, produz muito lixo e desperdício, todos nós temos culpa no que está a acontecer.

Já pensaram que o hábito do “compra, usa e deita fora” não só provoca mais lixo e também o fabrico de novas coisas que vão ser novamente compradas, usadas por pouco tempo e deitadas fora, para se fazerem novas produções, etc. Não sei se perceberam o que quis dizer. Explico melhor: estamos na era do consumismo. Aparecem coisas novas e deitamos fora coisas que só estão desatualizadas e ainda estão boas, apenas porque queremos comprar coisas mais modernas.

Para haver produção dessas coisas, tem de haver fábricas e muitas funcionam com derivados de petróleo ou com carvão, libertando dióxido de carbono. Grande parte desta poluição e produzida pelas fábricas da China e dos Estados Unidos, como disseste Lucas, mas não são os únicos.

O aumento do número de veículos automóveis também foi muito grande. Apesar de haver alternativas ao uso de gasolina e gasóleo há pouco interesse em investir nos carros movidos por energias menos poluentes ou até não poluentes.

Já se falou em motores que trabalham por energia eletromagnética, mas os interesses das empresas petrolíferas não têm facilitado a investigação e investimento.

Tem havido reuniões entre os países para negociar a redução de emissão de gases poluentes, mas há sempre os que põem os interesses económicos à frente do equilíbrio do planeta pelo que a emissão de gases com efeito de estufa continuam a ser libertados, continuando a acelerar o aquecimento global da Terra.

Não vou entrar em mais detalhes porque vos transmiti as informações básicas para perceberem o significado e importância deste tema.

Há dúvidas ou perguntas que queiram fazer?

-Professora. Mas isso é para os adultos resolverem e eles não se entendem.

-É, Joana. Os adultos não se têm entendido, mas, felizmente, já há muita gente que tem cuidado com a preservação do planeta e vocês devem colaborar nesse sentido, não só evitando prejudicar o ambiente, como também explicar aos outros o que se não deve fazer e incentivar a reciclagem.

Quero que vocês percebam que também têm de se responsabilizar.

Todos nós, mesmo as crianças e os jovens, produzimos muita poluição. Vocês agora e quando fordes adultos, tendes a hipótese e a responsabilidade de intervir ativamente na proteção ambiental da zona em que viverem e pelos locais por onde forem passando.

Vocês sois a esperança num futuro melhor.

Mais perguntas? Não, de certeza?

Gostaram da aula?

-Gostamos professora! Obrigado(a)! -disseram em uníssono.

Bem, então aconselho-vos a pesquisar na internet e a apontar as dúvidas que eu estou disponível para as tirar.

A aula acabou. Até quinta. Podem sair.

E lá foram todos para o recreio, em alegre algazarra.

Cinco minutos depois, o problema do aquecimento global tinha ficado para trás do jogo da bola, do novo jogador de futebol, das conversas sobre os primeiros namoricos, do vestido da Rita, do penteado da atriz da novela…

Mas a semente foi lançada e, se for regada, crescerá e dará fruto.

Como disse a professora Luísa, eles são a esperança na mudança.

 

Fotomontagem: FF

01ago19

 

 

 

 

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