Lúcio Garcia
Há meses atrás, vaticinei, numa das minhas crónicas, que não tardaria muito que os defensores destas politicas de terra queimada e da austeridade do custe o que custar, começariam a inverter o discurso. A dizer que afinal, a culpa é da oposição e não deles. Eles nunca têm culpa.
Afinal, o pouco tempo que passou veio dar-me razão.
Moreira da Silva, do PSD, vem hoje a terreiro defender a ida aos mercados e do prorrogamento do prazo para liquidação da dívida. Dizer que o PS e todos os outros, incluindo a maioria da sociedade civil, é que estão errados e o PSD certo. Que o PS é que queria um novo resgate?! É preciso ter lata!
O PS sempre defendeu o prolongamento do prazo para pagamento da dívida e até da renegociação dos juros. Por mim, acrescento que deveria ser renegociada parte da dívida por imprópria e desonesta.
Estou farto destes mentirosos. Nunca ouvi o PS pedir um novo resgate. Quem até hoje ouvi pedir um novo resgate, foram: Marques Mendes a 03- fev-12, na TVI. O Sr. Soares dos Santos, a Alemanha, o Sr. Mohamed El-Erian presidente da PIMCO, o maior fundo de investimentos mundial, o “Wall Street Journal”, o Sr. Alberto João Jardim, e tantos outros…Mas, nenhum do PS.
Estou farto de ouvir estes mentirosos gabarem-se da “credibilidade” de que goza a sua política, como tendo sido esta, que conduziram às facilidades em termos de tempo e ao êxito antecipado da ida aos mercados. Reclamando para si o êxito destes feitos. Mas como é possível dizerem isto?
Afinal, a dívida do Estado aumenta todos os dias, hoje ultrapassou os 120 por cento do PIB e o défice não é cumprido. Se, este ano, ficar perto de o ser, será à custa de artifícios financeiros e fruto dos milhares de milhões de euros da venda do Pais ao estrangeiro. Como é possível um governo ter credibilidade se tem conduzido a nossa economia a níveis de economias do terceiro mundo?
Mais de 25 falências ocorrem todos os dias úteis e centenas de pessoas vão para o desemprego. A economia definha todos os dias e não se vê vislumbre de descolar no sentido positivo. Até as exportações, já estão em queda.
Se Portugal conseguiu mais tempo, mais dinheiro e a possibilidade de ir aos mercados mais cedo, isso deve-se à ação do Banco Central Europeu, às ações desenvolvidas pelo Sr. Mário Draghi e aos avanços da União Bancária na Europa. Isso sim, trouxe mais credibilidade ao Euro e, consequentemente, a Portugal, mas também, e por igual, à Irlanda, à Grécia, à Espanha à Alemanha e a todos os países da zona euro.
Como todos sabemos, a única pessoa que nunca soube e não quis explorar todos estes avanços de que já beneficiam outros países sobre assistência financeira foi Passos Coelho e Vítor Gaspar.
Esperemos que a ida aos mercados corra bem, pois ela é importante para Portugal. Mas, penso que será uma “alegria” efémera. Não consigo vislumbrar os mercados a emprestarem-nos dinheiro a longo prazo com um juro baixo, pois é disso que se trata, tendo nós uma economia devastada e sem potencialidades de crescimento para pagarmos os empréstimos futuros.
Estou farto dos “analistas e comentadores “ das nossas televisões. Tiago Caiado Guerreiro, esse fiscalista que só faz contas que o governo já fez e que as dá como certas. Vem, frequentemente, dizer que nós é que não entendemos nada e que o governo olha por todos nós. Camilo Lourenço, faz-me lembrar aqueles “conselheiros” que aproveitam os maus momentos para escrever os livrinhos de auto ajuda repletos de frases que são lugares comuns.
Camilo, com aquele seu ar risonho, de troça e superioridade, parece estar a chamar-nos de imbecis e ignorantes, ele próprio o diz, é de uma arrogância atroz. Sai aos seus “chefes ideológicos”. Sempre que fala, as pessoas para ele são lixo. Não tens dinheiro para comer, não comes, aperta o cinto. Não podemos pagar o Estado Social, acabe-se com ele. Para ele, assim como para mais alguns, a solução não passa pelo desenvolvimento e a criação de riqueza, que foram palavras que nunca lhe ouvi.
Este senhor, defende sempre os mais fortes. Verdade seja, devem ser os que lhe dão de comer. Gostava de o ver com a idade que tem, ele e sua família caírem num cenário de desemprego e não ter tido a sorte de se formar num País que lhe pagou os estudos. Com o dinheiro de todos os portugueses, dos nossos impostos e até dos impostos dos que hoje ele despreza e estão no desemprego.
Mas há mais. Temos o nosso amigo, (salvo seja), José Gomes Ferreira, o das campanhas contra as PPP rodoviárias. As SCUTS no seu total, custaram pouco mais de mil milhões de euros mas estão lá. Que saiba, nenhuma população ou autarquia servida por elas disse não as querer, ou que foi dinheiro mal gasto. Ressalvo no entanto, que estou contra o desmando nos benefícios irregulares das PPP para com os concessionários se os houve. Penso até, que este assunto deve ser bem investigado e renegociado no interesse do País, para evitar abusos futuros. Mas, o seu interesse neste assunto nunca me pareceu bem este. Se assim fosse teria começado pela bem mais gravosa PPP da Ponte do Tejo, a tal da Lusoponte, que até detém o monopólio do atravessamento deste rio…
Isso sim, um verdadeiro escândalo. Brevemente esta PPP ainda irá dar que falar. No entanto, nunca o ouvi falar por exemplo, da taxa que pagamos pelo empréstimo da Troika que ronda os mil e seiscentos milhões de euros, só a taxa. Nem falo dos juros do empréstimo, que são cerca de 35 mil milhões…Um escândalo!
Estou farto de o ouvir dizer que gastamos acima das nossas possibilidades, mas quem é que gastou? O povo, a classe média, os pobres? Ou foi ele? Deixo-lhe aqui um relatório do Banco de Portugal publicado num relatório preliminar da Iniciativa para a Auditoria Cidadã à Divida.
Estou farto dos cortes indiscriminados na saúde que hoje já descriminam os portugueses. Um doente oncológico no Porto não tem o mesmo acesso a medicamentos que um doente de Lisboa e os casos multiplicam-se pelo País.
Estou farto do Ministro Álvaro, que acha bem o crime económico que foi para o país a privatização da Cimpor e que acha que o seu melhor aliado para a reindustrialização do País é o PCP…!
Estou farto de decisões contraditórias na justiça e de juízes que acham que umas pancadas e tabefes num deficiente são educativos!
Estou farto de jornalistas como a Moura Guedes e agora Felícia Cabrita, construtores de notícias. Veja-se esta palhaçada que foi recentemente o caso do “Estripador de Lisboa”, a forma leviana como se deixam enganar e ainda por cima vêm a terreiro defender-se que se calhar isto está relacionado com um caso em tribunal!?…Lamentável. Não sei o que anda a fazer o Sindicato dos Jornalistas que deveria zelar por um bom jornalismo e pela exigência de fontes seguras, simplesmente pela dignidade da profissão, que penso, deve ser sua obrigação zelar.
Estou farto dos comentadores das notícias que em todos os Jornais On-line, não têm uma opinião formada e nunca apresentam um argumento. Os seus comentários são apenas insultos e frases fanáticas.
Estou farto dos internautas que passam o tempo a fazer seguimento de frases feitas, ou a fabricá-las, desde a política ao choradinho. Mensagens, algumas delas perigosas. Porque são na sua esmagadora maioria, falsas e servem interesses desconhecidos. Desconhece-se sempre a sua autoria. Os amantes do seguimento de mensagens, propalam ideias e conceitos que abrangem todo espetro político e nunca se sabe o que vai na sua cabeça. Por favor, parem para pensar. Como se pode crer nestas mensagens e em quem as envia? Se por mais das vezes são contraditórias, com informações distorcidas, dados errados e manifestamente têm interesses distintos? Se querem contribuir com ideias, contribuam com as vossas. Leiam, informem-se e escrevam.
Estou farto, farto de incompetência.
Estou farto, farto de ser roubado. Digo bem, roubado. Sou reformado, e gostaria que aqueles três senhores que acima mencionei, e que acham que os bons exemplos vêm da Alemanha, me dissessem porque é que a Alemanha tem uma Lei que equipara a reforma, à propriedade privada? Pois é exatamente para evitar os desmandos como está a fazer o nosso governo. Aqui no nosso Portugal mal comportado e gastador. Mas onde cada um pagou durante as suas carreiras, a percentagem legal em vigor para receber mais tarde a sua reforma. Esta reforma que é nossa propriedade e na qual o estado não pode mexer. E que dizem eles? Pois, ainda não as pagaram e como ainda não têm idade para as receber, querem lá saber…
Estou farto de um Governo que governa contra a Constituição e de um Presidente que a jurou e não a faz cumprir.
Estou farto de um PS que não descola, que não faz verdadeiramente oposição, que tem um líder morno e que não toma a iniciativa. Um PS que tem um Laboratório de Ideias que é uma coisa boa, mas que pouco produz. Não se conhecem conclusões nem linhas de atuação. Onde estão as ideias mestras para o futuro? Para o combate à corrupção. Para a justiça. Para o Estado Social. Para o desenvolvimento. Enfim, tudo o que é necessário saber-se. Onde param as ideias e o programa do PS para um futuro Governo Constitucional.
Estou farto de um PS em que uns dizem uma coisa e no outro dia outros dizem outra. Organizem-se.
Seria injusto não dizer que algumas ideias existem, e que vêm sendo repetidas há muito por Seguro, mas são ideias generalistas e muito vagas, não o suficiente para quem quer ser primeiro-ministro.
Estou farto da falta de uma alternativa forte e credível, que conquiste o poder por seu mérito e não um poder que lhe caia nas mãos.
Estou farto.
Li com atenção o seu artigo. Gostei. Olhe, mas se você está farto, mas fartou estou eu com a merda desta governo! P…q…P
Sr. Cristiano Duarte, obrigado pelo seu comentario. Presumo que para o fazer o deve ter lido. Cada um tem direito à sua opinião e só lamento que o Sr. só tenha conseguido extrair do que escrevi uma pequena questão, se eu sou de Lisboa…nem sei o que é que isso tem a ver com o que escrevo.
1º – Não, caro Sr. não sou de Lisboa.
2º – Claro que com a idade que tenho e ter sido sempre atento à politica, conheço o “Portugal Socialista”, como o “Avante”, talvez muito antes de si, e também o “Portugal Livre”, assim como muito outros.
Espero tê-lo esclarecido. Já gora se quer saber, não,não sou militante do PS e parece-me que isso se pode ler bem das minhas palavras. Sou um cidadão livre e sem prisões a partidos.
O senhor Lúcio é de cá, ou vive cá em Lisboa?
Às vezes as suas crónicas mais parecem que a reedição do “Acção Socialista”. Lembra-se do jornal?