Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)

“A Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos era um potentado marítimo. (…) Possuía uma frota comercial que ia aos mares das Índia e da China, do Japão e do Brasil, alcançando grandes lucros nesse trato.
Conta o padre Rodrigues da Conceição, num opúsculo datado de 1921, e há pouco divulgado pelo sr. Comandante Coutinho Lanhoso, no seu curioso estudo sobre “Nossa Senhora Protectora dos Mareantes do Velho Burgo do Porto”, um curioso episódio relacionado com o Cais das Pedras.
Quando Filipe II armou a Invencível Armada, contra Isabel de Inglaterra, confiscou, entre outros, dois dos melhores navios da “Confraria das Almas de Massarelos”, os bergantins “Senhora da Conceição” e “Esmeralda”, que tinham sido oferecidos por um irmão devoto do Corpo Santo, em virtude de uma promessa feita no Brasil a São Pedro Gonçalves Telmo. Esta oferta fora feita com a obrigação de os lucros desses navios se destinarem a acrescentamento da capela e socorro a irmãos necessitados, e ainda à compra de 12 lençóis, todos os anos, destinados a dar sepultura a cadáveres de náufragos, “como era devoção da Confraria”.
Estes barcos tinham chegado havia pouco ao Douro e quando o provedor, “a chorar”, deu conta aos irmãos da “intimação” estes revoltaram-se, queimando a bandeira espanhola no cais, já então chamado das Pedras, que por expressa determinação do rei Prudente se denominou daí por diante “Cais dos Insurrectos”. Nenhum documento conhecemos, fidedigno, em abono da historicidade deste episódio. Nem mesmo quando se voltou ao primeiro nome de Cais das Pedras”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 16.05.1974
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para o “Cais da Ribeira”.