O Movimento Cívico Pela Linha do Tua (MCLT) divulgou, recentemente, o “mapa da ocorrências” na ferrovia, entretanto, desativada entre Mirandela e Bragança e ainda no que diz respeito ao troço entre Mirandela e Carvalhais. O MCLT revela, no referido documento, o roubo de carris e a ocuapação ilegal de estações entre outros pertinentes e preocupantes factos.
“Desde a Noite do Roubo de 15 de outubro de 1992, e do subsequente encerramento do troço Mirandela – Bragança, a Linha do Tua tem sido alvo de um processo de destruição sistemático e imparável.
Estes 80 km, que foram reduzidos para 76 km em 1995 com a reabertura ao tráfego ferroviário do troço Mirandela – Carvalhais, continuam ainda hoje, passados quase 21 anos sobre o seu encerramento, a ser alvo de roubo de carris e brita, vandalização e ocupação ilegal de estações, e ocupação e utilização arbitrária do canal ferroviário.
No troço Tua – Mirandela, já se registaram inclusivamente dois casos de roubo de carris no sub-troço Cachão – Castanheiro, que em último caso poderiam ter provocado, inadvertidamente, o descarrilamento da dresine de inspeção que amiúde circula por ali. A isto se soma lamentavelmente o mesmo processo de vandalização de estações indiscriminadamente”, revela o documento.
Devido às circunstâncias e como o MCLT não pode “em boa fé em boa-fé exigir que a REFER, gestora de todo este património imóvel ferroviário, guarde diariamente este espólio, entendemos que a própria sociedade civil, ademais em concordância com o que se passa em outros países, deverá assumir um papel mais ativo na salvaguarda da integridade deste bem público”.
Projeto
“É desta forma que colocamos em marcha um projeto para a realização de um Mapa de Ocorrências na Linha do Tua”, apelando, assim, o Movimento, para uma mobilização geral das gantes da região, salientando que “todos estão convidados a contribuir”. “Este mapa registará todas as situações verificadas nos 134 km desta via-férrea que escapem ao âmbito normal da exploração ferroviária: vandalização de estações, demolição de obras de arte, roubo de brita e carris, ocupação e utilização abusivas do canal, para além de quaisquer alterações à situação verificada à data do encerramento do troço Mirandela – Bragança. Ficará assim disponível ao público em geral uma resenha histórica de todos os eventos que têm atentado contra o centenário património da Linha do Tua, desde a estação do Tua à de Bragança”.
O processo desenvolver-se-á da seguinte forma: “cada caso será assinalado com um ponto sobre o traçado da Linha do Tua, indicando um número de identificação, a localização exata com o ponto quilométrico (PK) da linha, uma descrição sucinta da situação registada, e uma ou mais fotos do local”.
O MCLT “dará conhecimento de todas as ocorrências registadas à REFER, que assim poderá proceder em conformidade de forma assertiva e célere, informando posteriormente se estas situações se deram dentro do cumprimento das normas vigentes, ou se se perfilam como um ato de prevaricação, punível por Lei”.
Apelo
Assim sendo, “todos os interessados poderão enviar para o MCLT (linhadotua@gmail.com) informações sobre ocorrências que tenham verificado em qualquer parte da Linha do Tua, com fotos e detalhes sobre a data em que esta foi verificada. Após validação, procederemos à inclusão desse ponto no Mapa de Ocorrências, e ao envio à REFER de toda a informação recolhida.
Não pretendemos assumir o papel de “polícias” da Linha do Tua, nem tampouco levantar uma caça às bruxas. Mas parece-nos unânime admitir que duas décadas de verdadeiras tropelias contra o património público ferroviário nesta via já foram duas décadas a mais do que deveria ser, e a impunidade com que estas se têm multiplicado tem de terminar”.
Os interessados neste questão poderão consultar o link para o mapa na página do Facebook do MCLT, em https://www.facebook.com/movimentocivicopelalinhadotua, e no portal do MCLT em http://www.linhadotua.net.
Texto: EeT
Fotos: MCLT – Pesquisa Google