Menu Fechar

Campo de 24 de Agosto

Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…

Cunha e Freitas (*)

“Escreve-nos “um anitgo aluno do Alexandre Herculano”, pedindo que neste cantinho do “Janeiro” tratemos do Poço das Patas – hoje Campo de 24 de Agosto – e das suas imediações. Este campo, à beira da estrada para Valongo, tinha, pelo menos desde o século XIV, o pitoresco nome de Mijavelhas.

Efectivamente já o encontrámos assim mencionado numa carta de D. João I, de 1385, relativa aos “gafos de Cimo de Vila de Mijavelhas” – a gafaria de São Lázaro, onde hoje está o Recolhimento das Órfãs de Nossa Senhora da Esperança. Também Fernão Lopes se lhe refere, na Crónica deste monarca.

Foto: António Amen
Foto: António Amen
Foto: António Amen
Foto: António Amen

O Campo de Mijavelhas, muito mais vasto que o actual Campo de 24 de Agosto, era constituído por terrenos alagadiços, cortados de arroios, entre eles o ribeiro de Mijavelhas que, movendo numerosas azenhas, desaguava no Douro e era atravessado por uma ponte no caminho para o Bonfim.

Um documento de 1697 chama a esse ribeiro “rio das Lavadeiras”, conforme nos informa o Dr. Carlos de Passos que, ao historiar o local, recolheu a tradição – que nem ele, nem nós aceitamos – de que o topónimo de Mijavelhas viria de lavadeiras, mulheres velhas que ali se aliviavam suas necessidades. Qual a verdadeira origem, não a conhecemos.

Edifício da Junta de Freguesia do Bonfim - Foto: António Amen
Edifício da Junta de Freguesia do Bonfim – Foto: António Amen
Foto: António Amen
Foto: António Amen

Este campo chamou-se depois de Poço das Patas – certamente de alguns desses terrenos alagados – e ainda de Campo Grande (1839), Campo da Feira do Gado (que aí se fazia já em 1833 e foi transferida mais tarde para a Póvoa de Cima) e, finalmente, Campo de 24 de Agosto, por edital camarário de 1 de Agosto de 1860, comemorando a data da revolução liberal que nesse dia do ano de 1820 teve seu início nesta cidade.

O local principiou a urbanizar-se em meados do século XIX, pela iniciativa de um brasileiro chamado Domingos José Francisco que aí comprou alguns terrenos para edificar.

Há ainda uma Travessa do Campo de 24 de Agosto que era o antigo Monte das Feiticeiras. O Poço das Patas perdura numa outra travessa. Mas isso tem de ficar para a próxima Toponímia, porque alguma coisa mais há que contar a seu respeito.

Para terminar, falta dizer que esteve aqui muitos anos a forca, transferida, em 1714 para a Ribeira atendendo á grande distância que então ia da cidade a Mijavelhas.”

 

 (*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, em 03-09-1971.

 

Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para as “Escadas do Codeçal”.

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.