Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Na tão conhecida e tantas vezes citada carta do couto que a rainha D, Teresa outorgou ao bispo D. Hugo (1120), depois seu filho D. Afonso I ampliou (1138), nos limites daquela mencionam-se duas “arcas”, uma a “arca velha”, junto da torre, e outra simplesmente “arca”. Estas arcas têm sido identificadas com a Arca de Água, nome que por séculos o local teve antes de ser crismado em Praça de Nove de Abril.
A palavra “arca”, nos documentos medievais, perece-nos que se deve tomar sentido de sepultura, anta ou dólmen. O topónimo Arca de Água tem outra origem: provém do grande manancial das águas de Paranhos que durante largos anos alimentou a cidade do Porto.
Não se sabe desde quando foi explorado, apenas que no século XVI havia ali três fontes, donde a denominação que tinha de “Arca das Três Pontes”, segundo nos elucida o investigador portuense Sousa Reis.
O Senado da Câmara pediu a D. Sebastião licença e ajuda para aproveitar esse manancial, o que só se efectivou reinando Filipe I, em 1597. Fez-se pouco depois a obra que no Dicionário Geográfico do Pe Luís Cardoso se descreve “uma fonte que se acha e conserva fechada por chave, com sua casa de abóbada, azulejo e cal, de cuja fonte vai a água, que é muita, por um aqueduto aos chafarizes da cidade do Porto…” Já ao local se chamava Arca de Água em 1669, como refere uma Memória do padre Baltasar Guedes, dessa data.
O leitor curioso encontra muitos outros elementos para a história deste manancial na monografia, tantas vezes referida, de Horácio Marçal – S. Veríssimo de Paranhos, com citação da respectiva bibliografia. A Arca de Água situava-se num casal rústico chamado de Couto, de que falaremos noutra ocasião.
Hoje denomina-se Praça de Nove de Abril, em lembrança da batalha de La Lys, travada nos campos das Flandres nesse dia e mês do ano de 1916 e onde os nossos soldados se cobriram de glória (….)”.
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, em 22-02-1972.
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para a “PRAÇA DOS POVEIROS”.