Fernando Aníbal Costa Peixoto nasceu a 25 de Julho de 1947 na Rua Guilherme Braga, em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, falecendo a 03 de outubro de 2008. Fez a Instrução Primária na Escola das Palhacinhas, tendo sido já nessa altura distinguido com um louvor pelo seu desempenho escolar. Ingressou, então, no Curso Geral de Comércio na Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia. Acumulava as funções de estudante com as de trabalhador como empregado de escritório na “Novopca”.
Iniciou a sua atividade literária em 1967 nos jornais “Diário de Lisboa” e “República”. Mobilizado para Angola, em 1969, colaborou então nos jornais “Comércio de Luanda” e “A Província de Angola”, bem como na revista “Notícia” e em órgãos militares. Após o regresso a Portugal reiniciou a sua colaboração regular na imprensa, nos domínios da crónica, da poesia e do teatro.
Entre 1972 e 1978 dedica-se ao movimento associativo como dirigente e animador cultural. Publica vários textos de crítica teatral bem como textos para catálogos de exposições de pintura. Entre 1974 e 1983 desenvolve atividade autárquica como membro executivo de junta de Freguesia (1974-1976) e deputado Municipal (1977-1983).
Fernando Peixoto participou ainda em diversos concursos literários tendo obtido vários prémios em prosa e poesia, ao mesmo tempo que colaborou em vários saraus poéticos. É cofundador da Associação de Escritores de Gaia, sócio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Autores.
Desde 1974 funda e dirige vários grupos de teatro. Trabalha como ator, autor e encenador. Em 1980, monta e dirige um espetáculo de teatro e dança, com cegos e autistas, no âmbito das comemorações do Ano Internacional do Deficiente. Em 1980 e 1983 obtém os prémios de “Melhor Espetáculo” para as suas encenações de “Via Norte”, de Bernardo Santareno, e “História de uma Boneca Abandonada”, com texto próprio e de Alfonso Sastre.
Em 1984 colabora na fundação da Associação de Escritores de Gaia e participa no “I Encontro de Escritores de Gaia” tendo apresentado a comunicação (posteriormente publicada) “A Dramaturgia no Teatro de Amadores”. No mesmo ano participa ainda nas “Comemorações dos 150 anos da Restauração do Município e da Elevação a cidade”, organizadas pela Câmara Municipal de Gaia. Entre 1986 e 1987 colabora em programas de rádio e obtém vários prémios com as suas produções teatrais e literárias.
Fernando Peixoto participou em conferências, colóquios e seminários diversos relacionados com o Teatro, a Infância e a Animação Cultural. Em outubro de 1991 participa no “I Seminário do Teatro para a Infância”, organizado pela Associação de Escritores de Gaia, na Biblioteca Pública de Gaia, apresentando a comunicação “A Importância do Teatro de Amadores no Teatro para a Infância”. Entre 1981 e 1986 desempenha diversos cargos como dirigente sindical.
Como bolseiro da Direção Geral de Extensão Educativa, Fernando Peixoto lecionou cursos diversos de animação cultural, teatro, encenação, arte de dizer e aperfeiçoamento teatral. Paralelamente trabalha na EDP, faz teatro e inicia a licenciatura que termina em 1991. Nesse ano licencia-se em História com a média final de 17 valores (ramo científico) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A sua elevada classificação faz com que seja distinguido com o “Prémio Engº. António de Almeida para o «melhor aluno da licenciatura em História do ano de 1991”.
Em 1995, torna-se Mestre em História Moderna e Contemporânea, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com a classificação final de Muito Bom (atribuída por unanimidade), com uma dissertação sobre minorias religiosas e de pensamento, intitulada “Diogo Cassels, Uma Vida em Duas Margens”.
Em 1996 organiza no “TAS-Teatro Amador de Sandim”, o “Fest’Arte 96”. Já, em 1997, é agraciado com o Prémio Mérito Cultural, pelo Teatro Amador de Sandim e é eleito Presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha, nas Eleições Autárquicas de 14 de Dezembro de 1997. É ainda cofundador e membro dos corpos gerentes da Associação do Porto Histórico, fundador da Associação de Freguesias Ribeirinhas “O Douro Que Nos Une” e preside ao Conselho de Administração da Associação de Freguesias Ribeirinhas “O Douro Que Nos Une”.
Entre 1998 e 2001, Fernando Peixoto fundou e dirige o jornal “Santa Marinha”, publicação da Junta de Freguesia homónima. É agraciado, em 1997, com o Prémio Mérito Cultural, pelo Teatro Amador de Sandim. Em 2000 recebe, dos Bombeiros Voluntários de Coimbrões, a “Medalha de Prata de Serviços Distintos”.É distinguido em 2001 com o “Prémio Talma – Por Amor à Arte”, que lhe é conferido pela Companhia Teatral de Ramalde (Porto).
Em 2007 é distinguido com o “Prémio Personalidade – II FesTeatro Gaia”– distinção concedida pela Associação de Coletividades de Vila Nova de Gaia, “pelo meritório trabalho em prol do Teatro de Amadores de Vila Nova de Gaia”. Foi professor de História e de Teatro na Escola Profissional Raul Dória, Universidade dos Açores, Escola Profissional Bento de Jesus Caraça (onde acumulou as funções de diretor e coordenador pedagógico), “Instituto Jean Piaget”, Escola Superior de Educação do Porto e Escola Superior Artística do Porto (ESAP).
OBRAS PUBLICADAS
No que concerne a obras publicadas por Fernando Peixoto são muitas, pelo menos, entre 1980 e 2008, pelo convidamos o(a) leitor(a) a consultar, visitando e lendo o blogue “Arca da Ternura”.
Fiquemos agora com alguns dos seus poemas:
O CRAVO DE ABRIL
Em Abril fui criança novamente:
Sorri, brinquei, cantei sem me cansar,
Aprendi com os outros a sonhar
Descobrindo o Futuro, ali à frente.
A voz, ergueu-se harmoniosamente
Na canção que aprendemos a cantar:
Da gaivota, teimosa, que a voar
Pelos céus passeava alegremente.
Brilhava o sol de Abril, a Primavera
Corrria p’ra acenar um tempo novo
Repleto de esperança e de utopia.
Por fim, na minha terra, florescera
Um novo sonho: o cravo deste povo
Que em Abril se encontrava e renascia.
25 de abril de 2004
A UMA MULHER DO MEU PAÍS
Abre as asas, tu que não desistes
de encontrar as asas nos teus braços
e com eles descobrires novos espaços.
Abre as asas, tu que não desistes
de rasgar, no tempo, o calendário
que preenche, em cada dia, o teu diário.
Abre as asas, tu que não desistes
de mostrar que és viva, e continuas
percorrendo, serena, as mesmas ruas.
Abre as asas, tu que não desistes
de mudar a face da cidade
em ímpetos de arrojo e de vontade.
Abre as asas, tu que não desistes
de enfrentar o sol que te encandeia
e quebra a tua última cadeia.
Abre as asas, amor, e segue em frente,
voa sempre, voa sempre, sem cansaço,
e ensina a voar toda esta gente
que continua especada olhando o espaço.
ACORDEI COM ARAGAEM DO TEU ROSTO
(Homenagem à mulher no dia 8 de março de 2008)
Acordei com a aragem do teu rosto
dum sono prolongado e entorpecente
e na seara loira dos teus cabelos
onde repousa ainda o sol de Agosto
passearam meus olhos inocentes
à procura da certeza de estar vivo.
Caminhei pelo trilho dos teus passos
rumo ao oceano dos teus olhos cor de anil
e embalado por instantes nos teus braços
respirei finalmente o ar de Abril
Hoje que arremesso os olhos sobre a planície
desenho novas cores nesta paisagem
e se caminho em frente decidido
é porque és mais que um sonho ou uma miragem
é porque és carne és terra és a palavra
és a seiva autêntica e sensível
ao alcance destas mãos com que afago
tua boca quente e apetecível
É porque és mulher inteligência
és o outro pulmão com que respiro
e parte do suor com que transpiro
nesta procura permanente de estar vivo
Acordei com a aragem do teu rosto
dum sono prolongado e entorpecente
e recuso-me de novo a adormecer
porque quero ser eu e ao teu lado
retomar nos dentes a loucura
redescobrindo a fome de viver
para beber a resina da ternura
que a tua boca tem pra me oferecer
e partilhar contigo esta frescura
da manhã que acaba de nascer
Partamos Amor à descoberta
Dum mundo inteiro à nossa espera
enquanto dura a Primavera
Coordenação: Maria de Lourdes dos Anjos
01set14
Tive o privilégio de o seu Filho Fernando Jorge Peixoto, ter sido meu Formador na Dual. Em termos de fisionomia, é impressionante a semelhança entre, Pai e Filho. Tenho pena de não ter conhecido o Pai, do meu Formador.