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Um Dia Ser Mulher

B.S. (Leitor) / Tribuna Livre

Neste dia, “serei mulher”! Como? Sou homem! Latino não machista! Natural portuense e consciente…

Luta na sociedade pelo reconhecimento como igual, contudo, algumas barreiras se lhe deparam. Musa canta: coragem; freima, é hora de levantar!

A consciência está em perpétua contradição; nesta luta de todos os dias é que Ela sente o peso da vida. A questão suprema é só esta: Deus existe ou não existe? Se não existe a vida é uma força onde não há regras nem leis e tudo é permitido. Mas se Deus existe então tudo lhe pertence.

Não concebo Eva da costela de Adão. Ela é substância; sem pecado, que sente dificuldades da vida. Como é difícil viver todos os dias e todas as horas suportando o drama e a dor física. De tudo é forçoso seguir um invisível, ser reles e sorrir todos os dias afligidos, o que torna as figuras ridículas e coçadas. Acusada por comungar do fruto da árvore conhecimento: é condenada! Carrega pecado para comer no suor do rosto o pão de cada dia e sentir dores sufocantes em sofrimento do parto? Conhecer é bom! É que sem epistemologia não há sabedoria; como bichos existíamos. Punição machista! Culpada é a serpente!

Mulher é sensualidade e Mãe: amamentar e cuidar, lavar, cozinhar, educar na existência transitória do drama quotidiano em difícil viver todas as horas com chagas, numa insignificância desgraça. Por isto, a coisa é desconforme, que se levanta e deita connosco, com quem ninguém fala mas temos por força de coabitar. E atrás desta insignificância andam os céus, os mundos e o desespero, o instinto feroz, atrás disto andam as enxurradas de sóis e de pedras, com os mortos mais vivos do que quando estavam vivos. É aflitos que gritamos: ajuda-me Mãe!

Sobrecarregada ainda ouve: ó Mulher! Chega-me a colher! Escrava no trabalho da casa é uma contínua exalação de imensa dor frenética. Uma extrema sensibilidade. Sente em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias: quando duas almas se tocam mesmo antes da matéria se comunicar. Amor não é senão a impregnação desses fluidos formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa nevo sensível. Nos vegetais e nas árvores, a alma é interior. Nos minerais, na pedra concentrada e recalcada espera ainda dar flor. Assim é Mulher! Faz de estrela e a estrela de Deus!

mulher bs

Basta de lhe bater! Deve-se cassar violadores e assassinos! Basta! Não posso admitir tal desumanidade! Instalo lei: “Aquele que violentar ou matar a Mulher: será sepultado vivo!” Todos fazem a mesma ferocidade e espremidos deitam as mesmas paixões; ciúme interrogante, desconfiança adultera, perturba como se contivesse em si o céu e o inferno. Da vida muita gente só dá conta com a morte. E disso ninguém o fala, pois quem aqui está não sabe o que se passa lá. Enterrado vivo! É cruel? Suporta tratos que envelhecem e preparam cova para pequenos e grandes interesses: ambição; inveja, dor física enterrada até ao pescoço em convenções.

Perturbante é o coto assediador como carteirista que apalpa sacola. Ora, ora, é abusar da mulher que não tem senão cosmética e chocolate para adoçar café. O olhar tarado persegue, chantageia: avança a manha em paciência infinita com ambição num pé sem ter o outro assente, anda e desanda, e por mais que se escute não se lhe ouvem os passos – teia vulgar e grotesca. A quem deviam assediar era à gorda alemã, ela terá carteira recheada de fiambre e salchicha, ou, então, à ensossa aluna portuguesa cassada em esperteza. Interrogações são cada vez maiores em todas as almas e a vida irrompe o sonho com escorrências ridículas e pueris que não chegam a exprimir.

Ordenado crepúsculo marcha furioso de ânsias soterradas pelo pedestre para o lar; com o peso leve da saca e cansada na esperança de um elogio. Ó Mulher! O que trazes? O costume: sopas de palavras como existências formidáveis, feitas por ódio minúsculo, de inveja que sorri. Quase se conhece mas o véu não deixa desvelar e aqui andam outros seres, um cortejo de fantasmas, uma cauda disforme que nos conduz e adiante de nós há projeção de vida até aos confins. Um inferno em gritos de impulsos, sonhos impossíveis de sonhar, aquecidos a bofo com ternura, sem forma nem cor, admirável sonho de tragédia. É uma luta Digna de Mulher!

 

 Fotos: Pesquisa Google

01mar15

 

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