José Gonçalves
(diretor)
1 – Semanas antes do dia (01abr15) que o nosso jornal atingiu todos os recordes de audiência (obrigado aos colaboradores e, em especial aos nossos leitores), não imaginaria, ao escolher o filme “Aniki-Bobó” para a rubrica “Cine-Etc”, que o cineasta, e realizador do referido filme, Manoel de Oliveira, viesse a morrer, poucos dias depois, (02abr15), aos 106 anos de idade.
Adjetivos não faltarão, nos próximos dias, para relevar a obra ímpar deste homem do mundo, um tripeiro assumido, mas muito mal compreendido entre os deste país. Aliás, o próprio sempre se queixou do facto das suas obras terem sido menosprezadas por terras lusitanas, ao contrário do que acontecia por esse planeta fora.
O português é um pouco e de todo assim. Só lá fora, ou indo lá para fora, é que, depois, cá dentro, se valorizam obras, neste caso cinematográficas. Aqui, em muitos e lamentáveis casos, reina ainda a feira das vaidades; a coscuvilhice; o maldizer; o pavonear; a passarela consagrada a “VIP” que, mesmo com lista ou sem lista, não valem um carago, são autistas… valem o que valem e para si só.
O Porto institucional orgulha-se de Manoel de Oliveira, como se orgulha de muitos outros artistas que o Porto cidade não foi, na devida altura, capaz de enaltecer.
Não sei se Oliveira, como muitos outros, teve a “infelicidade” de nascer na província, no Porto. Agora, não. Mas, há uns anos atrás, com certeza que sim! Aliás, a estreia do seu primeiro filme é feita na capital do Império, só tinha de ser para ter a devida visibilidade, mais, estavam lá concentrados (como ainda estão) todos os meios para a promoção artística. Já não são todos, são quase, porque a capital da província já tem uma Casa da Música, uma Casa de Serralves e outras coisas mais.
Manoel de Oliveira ajudou também, e nesse sentido, a promover a cidade do Porto, a sua cidade; a cidade de centenas e centenas de artistas – alguns migrados na capital – mas outros lutando em terras da Invicta pelo valorizar da muita arte, com arte, que aqui se faz… produz!
Obrigado Manoel de Oliveira!
2– Vai-se desenhando, entretanto, o “quadro” (quase pictural) de candidatos às eleições para a Presidência da República, as quais se realizarão em janeiro do próximo ano.
Para já, só há um candidato assumido: o socialista Henrique Neto. Mas, muitos outros já estão no terreno, ou nas televisões a autopromoverem-se, que é como quem diz a “atirar o barro à parede a ver se pega”, ou seja, se a coisa pega lá no seio da equipa de decisores dos partidos dos quais fazem parte e que lhes possam pagar a campanha sem gastar um tusto, ou em colóquios, debates ou coisas parecidas.
Todos sabemos quem são.
Mas, e então, não há mulheres preparadas, como há 29 anos e tal, a Maria de Lurdes Pintasilgo para assumir a luta, até sem o apoio dos tais aparelhos partidário. Grande Mulher a Pintasilgo, que mesmo sem apoios, ou quotas (?!) avançou… teve a coragem de enfrentar o regime imposto, mesmo em democracia, sendo ela, por meritocracia, uma mulher e não um número para questões de “divisão e promoção de género”.
Não há?
Helena Roseta, em entrevista à “Antena UM” (02abr15) disse que gostaria de ser candidata, mas que não tinha dinheiro para promover a campanha. Falou-se já na possibilidade de maria de Belém Roseira poder ser uma potencial candidata, mas, até agora… nada!
É cedo! Não. Não é cedo. É Tarde. Porque 41 anos após o 25 de Abril, as Mulheres continuam a ser o elo mais fraco nesta sociedade de BES, BPN, Listas e alistados e de merdices políticas que afundam o País.
Contra as quotas – como sou –, até porque defendo a meritocracia, porque será que as mulheres, se têm mérito ( e são muitas) não avançam; por que é que não criam uma lufada de “ar fresco” na política nacional – tal como fez a corajosa Pintasilgo? Fica a pergunta
3 – E pronto. Vem aí um 25 que é já 41 de Abril. 41 anos. Uma luta. Mas uma luta que nem sempre é compreendida por todos os democratas, mesmo aqueles que são convidados, por um órgão de comunicação social, como o nosso (recordo que voltou a bater recorde de audiências), mas que não faz parte dos grandes grupos económicos, os tais que controlam os jornais, as rádios e as televisões e lhes dão maior projeção.
Convidamos alguns “democratas” a escrever sobre Abril, e de todos só um teve a hombridade de nos pedir desculpa para tal não fazer, tudo devido a compromissos de agenda: Francisco Louçã.
Os outros “democratas” convidados mandaram-nos à fava. Nem uma palavra. Podiam dizer que teriam ido a um funeral de um periquito qualquer… mas nada! Nem isso”
Se é assim que certos e conhecidos democratas defendem a democracia, então Ela está a definhar, mas, a definhar com estes “democratas”.
Não somos um parente pobre do jornalismo. O jornalismo é um pilar da democracia. Um jornal tem leitores e os leitores (muitos ou poucos) têm de ser respeitados. Os tais democratas não nos respeitaram.
Mas, como cá se fazem cá se pagam, não se esqueçam que o jornalismo – que não é só feito pelos grandes órgãos de comunicação social – existe e deve ser respeitado.
Os jornalistas estiveram, estão e estarão em “todas”, e há 41 anos, foi numa rádio que tudo começou a acontecer. É bom, de quando em vez, reavivar memórias… ouçam o que vem a seguir.
Por mim despeço-me com um: 25 de abril… sempre!
01abr15