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Autoclismo(s)

José Gonçalves

Hoje, volto, a escrever. A coluna esteve uns mesitos como que a recuperar energias, mas, pronto, está de volta. E regressa em tempos de geringonça e de problemas de “autoclismo político” nos partidos (cada vez mais radicais) da direita.

O OE17 já está em discussão na praça pública, sê-lo há no Parlamento e, para mal dos pecados de muitos velhos do Restelo, será aprovado pela maioria de esquerda, a tal que suporta o governo de António Costa.

Todos sabemos – não é difícil constatar este facto – que quase todos os dias, mas, mais concretamente, todas as semanas, se fala da durabilidade da “Geringonça”. Será que vai durar uma legislatura? Será que no OE18, e após as eleições autárquicas, uma das forças de esquerda virará o bico ao prego?

Perguntas sem dúvida pertinentes, mas só para quem mais nada tem para dizer, perguntar, ou fazer algo de jeito. Vejam que até a taróloga Maya ainda não deu resposta a tais questões. E logo a Maya!

Já agora, porque é que não perguntam, com a mesma periodicidade, quanto tempo estará Passos Coelho à frente do PSD, quando se sabe que, não falta quem, no interior da “laranja”, o queira ver pelas costas?!

Passos e companhia defronta-se com um grave problema: o do “autoclismo político”. Por mais que rode ou pressione o botão da coisa, a água que cai não tem força para enviar para a ETAR do sítio, os “resíduos” (provas) de uma política de austeridade, de confronto social e institucional, de vassalagem a Merkel e a Bruxelas. Os resíduos teimam em por lá ficar a boiar, como que a fazer relembrar o resultado “malcheiroso” de decisões radicais, que afetaram milhões de portugueses, e, principalmente os mais carenciados.

É certo, que direita ainda vai sobrevivendo à custa dos portugueses pobres e mal-agradecidos. Sim, daqueles pobres que viram e verão, ainda mais, as suas reformas ou pensões descongeladas; que vão ganhar mais algum dinheirito, mas que teimam em criticar (estão no seu direito, é certo!) a atual governação. Na verdade, pior que aquele que não vê, é aquele que não quer ver a realidade; uma realidade que passa até pelos mercados internacionais que têm dado nota positiva ao rumo económico-financeiro que o atual governo tem traçado e quer traçar. Isso também passa ao lado desses senhore(a)s com cegueira induzida. Nós sabemos porquê!

autoclismos

O Portugal da geringonça está, pelos vistos, no bom caminho. O próprio Presidente da República acredita no futuro, e tanto acredita, que já está mais preocupado com o Orçamento de Estado para 2018 (OE18), do que propriamente com o atual. Estas são provas que o governo mais dialogante desde o 25 de abril – uma vez que é, constantemente, colocado à prova por quatro forças político-partidárias ideologicamente distintas, que nem com tudo concordam, mas que no essencial convergem – está bem e recomenda-se.

Aliás, o acordo entre o governo e os partidos da esquerda (PS, BE, PCP e PEV) é um exemplo para a Europa. Por cá, conseguiu-se formar um executivo estável, ao invés do que acontece(u) em alguns países do velho continente onde as coisas não se processaram, ou ainda não se processam tal como por cá se processou. A vizinha Espanha, onde a crise política se arrasta há meses, por falta de entendimento parlamentar, é disso um exemplo.

A direita “passista”, sem convicções, sem ideias, sem propostas alternativas, está, assim, a radicalizar-se, para descontentamento de verdadeiros sociais-democratas, os quais já não se reveem nas linhas programáticas do seu líder, e, como escrevi há pouco, o querem ver depressa pelas costas. As “autárquicas” (e no Porto começam a surgir os primeiros sintomas de mal-estar) poderão condicionar o futuro de Passos, sendo, já certo (no PSD isso é costume), o “preparar” da corrida à sucessão, sendo que ainda é cedo para alguém dar a cara pela “competição”. Só que nos bastidores… Bem nos bastidores a coisa não deve andar lá muito calma, ai não, não!

E é assim, Vêm aí muitas novidades. A direita “tonta” tarda a encontrar o caminho. A geringonça, por seu turno, lá vai funcionando sem ter a preocupação de rodar ou puxar qualquer botão de autoclismo, porque, ao que se saiba, ainda ninguém teve a necessidade de se dirigir ao local onde o dito cujo está instalado. Para já, não é preciso puxar pelo papel de Renova(r) posições. As “empregada(o)s de limpeza” institucionais (principalmente dos Tribunais – Contas e Constitucional) estão como que de… férias, ou a gozar livremente os feriados que, entretanto, foram repostos. Ora, eis, o que é higiene política.

Foto: Pesquisa Google

01nov16

 

 

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