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Dor Torácica

Fernanda Ferreira (*)

Sendo o aparecimento de dor torácica uma das causas de maior ansiedade, especialmente se estiver localizada na região anterior esquerda do peito (“zona do coração”), resolvi fazer uma exposição muito simples e esquematizada, mas que acho que esclarecerá convenientemente todas as dúvidas desta área.

A dor torácica pode ter várias causas, algumas delas de origem digestiva, mas toda a gente a associa ao coração ou aos pulmões.

1-Quando a dor é localizada num dos lados do tórax, aumenta com os movimentos ou palpação do local, especialmente se houve esforço prévio ou contusão e se é dor prolongada, provavelmente trata-se de dor relacionada com a musculatura dorsal ou intercostal e melhora em repouso.

2-Se há dor na sequência de um traumatismo torácico ou em pessoas com osteoporose, se aumenta com os movimentos respiratórios ou do tórax e com a palpação das costelas, provavelmente será devida a fratura ou fissura de costela.

O pneumotórax também provoca falta de ar, dor localizada em repouso mas agrava com a respiração e há história de traumatismo ou esforço intenso.

3-Se a dor é na zona entre a costela e a cartilagem que liga a costela ao esterno, e esse ponto é bem localizada à compressão, provavelmente será uma inflamação da cartilagem (costocondrite).

4-As causas digestivas também são muito frequentes, embora quase ninguém as relacionem com a dor torácica:

-A acumulação de gases no estômago ou intestinos, comprimindo o diafragma, pode dar dor intensa irradiada para o tórax, muitas vezes agravada pela respiração, mas aliviam co a eructação (arroto).

-Quando há inflamação da vesícula biliar (colecistite) litíase biliar (litíase biliar), a dor no quadrante superior direito do abdómen pode irradiar para o hemitórax direito (parte direita do tórax) e levar a por em causa se o ponto de partida é abdominal ou torácico., mas esta geralmente vem associada a náuseas (vontade de vomitar), outros sintomas digestivos e, por vezes, febre.

-As úlceras ou gastrites também podem dar este tipo de queixa dolorosa, especialmente as úlceras, e as doenças do esófago também (esofagites, os divertículos, as estenoses e as hérnias do hiato), mas todos eles estão relacionados com a ingestão alimentar e existência de azia, afrontamento ou intolerância a alguns alimentos e/ou ao álcool.

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5-A Pneumonia além de dor torácica cursa com febre e dificuldade respiratória agrava com a respiração e tosse e pode estar associada a expetoração. Costuma ser unilateral, no lado onde existe a pneumonia.

-Há outras infeções respiratórias que também dão dor, como a tuberculose, mas não costuma ser tão intensa, exceto se houver pleurisia.

-O derrame pleural costuma dar tosse irritativa associada a dor e os tumores respiratórios também provocam ese tipo de tosse.

6Tromboembolia pulmonar. A existencia de dor torácica, expetoração hemoptoica, falta de ar (dispneia), palpitações (taquicardia), associados a fatores de risco pela existência de varizes, doente acamado por cirurgias ou doença prolongada, doença oncológica, hemoconcentração sanguínea (sangue grosso) ou alterações da coagulação, levam ao diagnóstico e internamento.

7- A Zona ou Herpes zoster, é uma doença que cursa com dor intensa ( nevrítica), sensação de queimor, prurido, associada a vesículas como na varicela, que seguem o trajeto do nervo doente, só num dos lados do corpo e numa zona limitada, no chamativo por que é conhecida por Zona.

8- A ansiedade é geralmente a causa das queixas de dor no peito.Aparecem nos doentes hipocondrìacos, psiquiátricos, que têm uma vida stressante, que têm sonos não reparadores, ou que abusam da cafeína ou estimulantes, e ocorrem em situações variadas, com ou sem esforço, emoção, preocupação, fator de risco cardiovascular. Pode demorar segundos a horas, de maneira intermitente e cursa geralmente com frequência cardíaca acelerada. Abranda com ansiolítico (calmante) mas pode voltar quando o efeito deste passar.

9Angina de peito (angor) á uma dor no peito em aperto, ardor ou pressão na região precordial (zona anterior esq do peito) e irradia para o pescoço, mandíbula, ombros ou membros superiores, podendo também irradiar para as costas. Dura poucos minutos e costuma aparecer com o esforço ou emoção. Passa com o repouso ou uso de medicamento vasodilatador.

10Enfarte do miocárdio. Geralmente dá dor embora no caso dos doentes diabéticos passa haver enfartes silenciosos que só são detetados quando se faz um ECG de rotina, na maioria dos casos o enfarte dá uma dor muito intensa em aperto, com irradiação idêntica à da angina de peito, mas não é aliviada pelo esforço e é demorada. Pode simular uma indisposição de estômago, com náusea e vómitos ou sensação de morte eminente, palidez, sudorese, desmaio ou tonturas.

11- A Pericardite aguda é uma inflamação da membrana, tipo saco, que envolve o coração, sendo uma doença grave e muito dolorosa, como o enfarte. Complicando-se de derrame pericárdico, esse líquido provoca uma compressão do coração não o deixando expandir completamente, ficando o trabalho cardíaco bastante comprometido, podendo levar à morte.

12- Outra situação grave é a Dissecação da Aorta. A aorta é uma artéria importantíssima do nosso organismo, porque é a mais de maior calibre e é a que leva o sangue do coração para o resto do corpo. É uma situação de grande emergência.

A disseção desta artéria consiste em haver uma rotura progressiva que, quando se completa, é de tal maneira grave a hemorragia que é salvar o doente exceto se estiver em local com capacidade de intervir cirurgicamente de imediato. O diagnóstico de que está a haver disseção aórtica é difícil mas a dor é súbita, contínua que se vai tornando lancinante, podendo haver irradiação pelo trajeto da artéria, no dorso, na região entre os ombros, na mandíbula, dor abdominal súbita, formigueiros ou défices neurológicos.

13- Estenose aórtica é um aperto na válvula cardíaca aórtica que, quando existe um aperto severo, o doente além de dor tem desmaios com perda de consciência. O diagnóstico faz-se com a história clínica e auscultação cardíaca, sendo confirmado pelos exames complementares de diagnóstico. O tratamento é cirúrgico.

Espero ter sido útil com esta resumida explicação, e despeço-me até à próxima edição do jornal.

Foto: Pesquisa Google

(*)Licenciada em Medicina pela Faculdade do Porto, HSJ. Assistente Graduada em Medicina Geral e Familiar

01nov16

 

 

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