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Inteligências Múltiplas – Qual a Sua?

Patrícia Moreira (*)

Já se viveu numa época da história da humanidade que não era dada importância ao modo de com os seres humanos pensavam, agiam e/ou sentiam. Com a evolução dos equipamentos na área da medicina já é possível verificar as áreas do cérebro que estão ativadas, quando precisam realizar cálculos ou se deparam com alguma imagem ou pensamento onde as emoções afloram.

Sendo assim, o que muitos especialistas já sabiam e hoje tem-se a certeza, não existem duas pessoas iguais. Todos os indivíduos têm quocientes intelectuais diferentes: alguns são mais habilidosos na realização de cálculos, ao passo que outros possuem o dom para a arte, ou têm excelentes aptidões para a gastronomia, ou são ainda empreendedores de sucesso na agricultura. Agora pergunta-se: Como é possível existir tantas diferenças individuais quando o órgão responsável para estes comandos é o mesmo?

janela da vida - 01 - mar17

“Pessoas com características variáveis, como género e idade, revelam diferenças nas avaliações com neuroimagens – mesmo apresentando níveis similares de inteligência. Porém, estudos recentes demonstram que as diferenças individuais na estrutura e funções cerebrais relacionadas à inteligência são essenciais – e os últimos estudos expõem apenas a ponta do iceberg.

Pesquisas indicam que a nova definição de inteligência com base no tamanho de certas regiões cerebrais e na eficiência do fluxo de informações entre elas. Especialistas acreditam que, em breve, os exames de imagens do cérebro poderão vir a revelar a aptidão individual para certas áreas académicas ou carreiras profissionais. Quanto mais aprendermos sobre a inteligência, melhor entenderemos como ajudar os indivíduos a aperfeiçoar o seu potencial e a sua capacidade intelectual”. Revista Scientific American – por Richard J. Haier

Inteligências Múltiplas é a teoria desenvolvida a partir da década de 80 por uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardner, que procurava analisar e descrever melhor o conceito de Inteligência.

Gardner afirmou que o conceito de inteligência, como tradicionalmente definido em psicometria de Quociente de Inteligência (QI), não era o suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Desse modo, a teoria afirma que uma criança que aprende a multiplicar números facilmente não é necessariamente mais inteligente do que outra que tenha habilidades mais fortes noutro tipo de inteligência.

Uma criança que leve mais tempo para dominar uma multiplicação simples pode aprender melhor a multiplicá-la tendo acesso a uma abordagem diferente.

O autor, supracitado, refere que não é por alguém dominar alguma área que deve ser considerado mais inteligente do que o outro. Pois, que apesar desse individuo poder não ser ágil em cálculos, pode ser capaz de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros, e com isso ter uma carreira bem sucedida.

Inteligência lógico-matemático vs Inteligência emocional

Gardner define a Inteligência Lógico-Matemática como a capacidade de confrontar e avaliar objectos e abstracções, discernindo as suas relações e princípios subjacentes, e habilidade para raciocínio dedutivo bem como para solucionar problemas matemáticos; os cientistas, na sua maioria, possuem esta característica. Já a Inteligência Emocional é a capacidade de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros e com isso ter uma carreira bem sucedida. Devemos lembrar que uma das primeiras nomeações ao termo de Inteligência Emocional reporta-se a Charles Darwin, que numa das sua obras referiu a importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação.

No quadro abaixo, segue as principais características das Inteligências Lógico-Matemático e Emocional: (clique na imagem para ver melhor)

quadro I - janela da vida

Embora as definições tradicionais de inteligência enfatizem os aspectos cognitivos, como memória e resolução de problemas, vários investigadores de renome no campo da inteligência estão a reconhecer a importância de aspectos não-cognitivos.

Outro pesquisador, também reputado nesta matéria de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, referiu que devemos saber controlar as nossas próprias emoções e refuta a tese que a capacidade intelectual é um fator fundamental para o sucesso, seja ele profissional ou académico.

Goleman quis provar que o controlo emocional de uma pessoa é o que vai determinar a sua inteligência. Para chegar a este nível é necessário trabalhar toda a insolvência emocional, nomeadamente desde a infância. É importante que a criança tenha uma infância tranquila e estimulante, assim como considerar-se as aptidões individuais e a adequação às áreas que desenvolve mais rapidamente.

Acresce a necessidade de adequação de programas específicos, utilizando estas mesmas áreas para desenvolver todas as outras menos desenvolvidas. É neste ponto que se relacionam os conceitos de Inteligência Lógico – Matemático e Emocional, pois nada adianta ser um génio da matemática se não souber lidar com suas emoções.

janela da vida - 02 - mar17

De seguida serão apresentadas algumas perguntas de referência onde poderá identificar os diferentes tipos de inteligência, tendo como orientação a classificação de Gardner. Este Psicólogo da Universidade de Harward, propõe “uma visão pluralista da mente”, ampliando o conceito de inteligência única para o conceito de capacidades múltiplas.

Para o autor, a inteligência é a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos valorizados num ambiente cultural ou comunitário. Assim, propôs uma nova visão da inteligência, dividindo-a num primeiro momento em sete diferentes competências que se interpenetram, pois sempre agilizamos mais de uma habilidade na solução de problemas, sendo elas a Inteligência Verbal ou Linguística, a Inteligência Lógico – Matemática, a Inteligência Cinestésica Corporal, a Inteligência Espacial, a Inteligência Musical, a Inteligência Inter pessoal, a Inteligência Intra pessoal.

Estas duas últimas serão aqui agrupadas como Inteligência Pessoal. Segundo Gardner, todos os indivíduos nascem com grande potencial nas várias inteligências.

A partir das relações com o meio ambiente, social e pessoal, algumas competências são mais desenvolvidas ao passo que deixamos de aprimorar outras.

Nos anos 90, Daniel Goleman, também psicólogo da Universidade de Harward, veio afirmar que ninguém tem menos que 9 inteligências. Além das 7 citadas por Gardner, Goleman acrescenta mais duas: a Inteligência Pictográfica e a Inteligência Naturalista.

No questionário que se segue pretende-se que se escolha a situação mais adequada na sua forma de actuar no seu dia-a-dia, em situações do passado ou do presente. Pretende-se que escolha a opção que melhor corresponda à reacção  a uma situação idêntica à sugerida. Poderá escolher duas ou três opções, sendo preferencial escolher apenas uma das oito sugeridas.

 1 – Os melhores momentos que recordo da escola são:

-A declamação de um verso para os meus colegas;

Fui o mais rápido a completar um exercício de matemática;

-A representação de uma peça de teatro;

-Explicava muito bem aos meus colegas onde e como poderiam ir até minha casa;

-Fazia concertos musicais que todos gostavam;

-Todos os meus amigos vinham ter comigo para desabafarem sobre os problemas deles e conseguia exprimir facilmente o que sentia quando se zangavam comigo;

-Fazia desenhos que as pessoas ficavam admiradas;

-Adorava fazer reciclagens.

2 – No Secundário gostava de:

-Imitar cantores famosos;

-Entregar-me de corpo e alma a todas as paixões e pensava que seriam eternas;

-Perdia-me nas visitas aos museus;

-Explorar com a minha bicicleta (ou outros meios) todos os cantos da cidade;

-Participar em jogos de palavras de grupo e debates polémicos a respeito de opiniões;

-Realizar jogos de grupos com cálculos mentais;

-Aventurar-me a desmontar objectos ou electrodomésticos de lá de casa;

-Executar jogos imaginários com “viagens fantásticas”.

3 – Quando preciso de descontrair ou de relaxar

-Desenho aleatoriamente;

-Vou caminhar na natureza;

-Gosto de escrever;

-Faço puzzles;

-Ouço música no mais alto som que posso;

-Desabafo com os amigos;

-Danço sem parar;

-Distraio-me a arrumar os objectos de casa.

4 – Uma boa forma de me entreter num encontro amoroso é:

-Fazer um passeio de barco a dois;

-Ter uma boa discussão sobre um assunto actual;

-Passear num museu de arte contemporânea;

-Enumerar factos importantes;

-Uma boa conversa a dois de entreajuda;

-Um bom momento de expressão corporal, como dançar, participar numa peça de teatro;

-Fazer um puzzle de 3d;

-Ouvir uma música a dois sentados no carro.

5 – As melhores férias possíveis:

-Passear em diferentes espaços da natureza;

-Fazer palavras cruzadas ou sudoku;

-Estar um lugar tranquilo para escrever o livro da minha vida;

-Realizar longos passeios a pé;

-Conviver, sair e divertir-me com os amigos;

-Ouvir concertos de música que nunca ouvi;

-Desenhar um e num lugar tranquilo;

-Apreciar as estruturas arquitectónicas dos locais que visito.

6 – Uso a Internet para:

Utilizar “chats” de conversa para conhecer pessoas e novas realidades;

-Realizar jogos de “Arcádia”;

-Explorar cidades pelo “Street View”;

-Pesquisar textos de autores conhecidos;

-Apreciar danças em diversos vídeos;

-Analisar novas formas de arte;

-Explorar novos cantores, novas músicas e ovos ritmos.

-Ouvir músicas que me reportam a passeios na natureza.

7 – Se comprar um carro, o que tenho mais em conta no momento da sua aquisição:

-Perceber o seu funcionamento binário;

-Se me sinto confortável no seu banco;

-O espaço que tem o habitáculo;

-Se os meus amigos vão gostar de me ver nele;

-As suas linhas aerodinâmicas;

-O seu consumo / gastos e emissão de gases poluentes;

-Ler o seu manual;

-O seu barulho do motor.

8 – Quando tenho um problema a forma como o resolvo é:

-Vou caminhar para desanuviar a cabeça;

-Escrevo missivas sobre o assunto;

-Enumero e recapitulo os diferentes acontecimentos que já passei idênticos no passado;

-Pinto;

-Jogo xadrez;

-Vou-me entreter com a terra (plantar, cavar, semear) ou caminhar sobre a relva;

-Falo horas a fio sobre o mesmo;

-Danço ao som da música até me cansar e não pensar mais no problema.

9 – Eu classifico-me na minha maneira de ser como:

-Detalhista;

-Musical;

-Artista;

-Comunicativo;

-Ágil;

-Ecologista;

-Amigo ou Sensível;

-Racional.

10 – Gosto de aprender através de:

-Passear na natureza.

-Expressão artística

-Discussão de casos pessoais;

-Histórias e músicas;

-Atividades estruturadas passo a passo;

-Demonstrações e experiências;

-Exercícios de análise de fatos, dados e números;

-Ler livros

De seguida compare no quadro as suas respostas com as letras. Contabilize-as e daquelas letras onde obtiver maior número de respostas será a que corresponde a um tipo de inteligência específico. (clique na imagem para ver melhor)

quadro II - janela da vida

Inteligência Verbal ou Linguística: habilidade para lidar criativamente com as palavras, tanto na expressão oral como escrita; possivelmente é a mais fácil de se compreender em uma pessoa, pois a forma de comunicação verbal é um modo de expressão das habilidades de cada um; este tipo manifesta-se em escritores, oradores, políticos, formadores, professores, pessoas que elaborem relatórios, cartas comerciais, petições judiciais, e outros documentos que exijam uma clara redacção do texto.

Inteligência Lógico – Matemática: competência para desenvolver e ou acompanhar sequências de raciocínios, resolver problemas lógicos, capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos; não está relacionada apenas com cálculos, mas também com a resolução de problemas que envolvam a lógica e ou raciocínio lógico; habilidades para raciocínio dedutivo; este tipo manifesta-se em matemáticos, engenheiros e físicos, mas também em advogados de defesa aquando da defesa do seu cliente.

Inteligência Cinestésica Corporal: capacidade de usar o próprio corpo de modo diferente e hábil, na expressão corporal, bem como na resolução de determinados problemas que exijam a intervenção do próprio corpo; exemplo os atletas, mímicos, dançarinos, pugilistas, jogadores de futebol (não só o pé mas também o corpo).

Inteligência Espacial: noção de espaço e direcção, capacidade de extrapolar situações espaciais para o concreto e vice-versa., possuindo grande percepção e relacionamento com o espaço; são exemplo deste tipo os arquitectos, navegadores, cirurgiões, quem tem uma boa orientação no espaço aqueles que não se perdem em uma cidade quando a conhecem ou se orientam bem em um mapa.

Inteligência Musical: capacidade de organizar sons de maneira criativa; de interpretar, escrever, ler e expressar-se pela música; as pessoas que gostam de oferecer música ou que associam-na a determinadas fases da sua vida possuem esta inteligência emocional mais desenvolvida, bem como todos os compositores alguns muito famosos, e quem toca por ouvido sem conhecer a partitura.

Inteligência Pessoal: aqui são englobadas os dois tipos de Gardner:

Inteligência Interpessoal: habilidade de compreender os outros; a maneira de como aceitar e conviver com o outro; comunicar de forma adequada com os outros, motivando-os, incentivando-os e dirigindo-os, temos os exemplos de alguns professores, líderes, psicólogos, médicos, etc.

Inteligência Intrapessoal: capacidade de relacionamento consigo mesmo, autoconhecimento, de entrar em contacto com o seu próprio “eu”, de se auto avaliar e reconhecer os seus pontos fortes e fracos, capacidade de descrever os seus próprios sentimentos e emoções. Habilidade de administrar seus sentimentos e emoções a favor de seus projectos. É a inteligência importante para a auto – estima devido à importância do conhecimento de si mesmo; conhecendo os pontos fortes e fracos reconhece-se as falhas e pode-se adoptar um melhor comportamento.

Inteligência Pictográfica: habilidade que a pessoa tem de transmitir uma mensagem pelo desenho que faz; pela arte, grafismo, e da resolução de problemas por esta via de comunicação; esta inteligência encontra-se mais desenvolvida em crianças que não sabem ler, modo de se manifestarem, posteriormente poderão perder com a aprendizagem da leitura e escrita; génios da pintura e obras de arte são exemplo desta inteligência.

Inteligência Naturalista: capacidade de uma pessoa em sentir-se como um componente natural, de distinguir as diferenças no campo da natureza, reconhecendo, respeitando e estudando outros tipos de vida; temos os biólogos, ecologistas, naturopatas, homeopatas ou outros que gostem utilizar os proveitos da natureza.

Nota: todo este conjunto de questões são apenas uma referência para perceber como reage e qual o tipo de inteligência que poderá ter mais desenvolvida no seu caso de um ponto de vista muito genérico. Deverá recorrer a um profissional da área da Psicologia Clinica para que este o possa esclarecer melhor sobre este tema e promover uma melhor orientação na exploração do mesmo.

 

(*)Psicologa Clínica, com a colaboração de Drª. Camila Lais Valsechi Neurocientista e Psicopedagoga e Drª. Renata Teles Psicologa Clínica

Fotos: Pesquisa Google

Infografia: Pesquisa da autora / PNS (arranjos gráficos)

01mar17

 

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