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ANÁLISE: Publicamente desnorteados

As “Autárquicas”, marcadas para 01 de outubro de 21017, começam, no distrito Porto, a aquecer. E a “quentura” é mais notória quando, das hostes sociais-democratas, surgem notícias de desentendimentos entre as concelhias e a distrital, no que concerne à escolha de cabeças-de-lista a apresentar a câmaras de significativa importância na estratégia político-partidária regional. Matosinhos, Felgueiras, Valongo e Paredes ainda não tinham, a poucos dias do prazo dado pela direção nacional do PSD, candidatos à presidência. Pior ainda: a nível nacional, não tinham candidatos às presidências de câmara de 65 por cento dos concelhos.

O desnorte que se assiste no seio do PSD é indiciador, entre outros factos tornados públicos, da sempre difícil questão de ter de se escolher um candidato que, à partida, sairá derrotado das eleições. Ninguém estará, por certo – ao que se vê – disposto a reunir aplausos por ter perdido por poucos, ou, mesmo assumindo ser cabeça-de-lista, estar sujeito a um “jogo de cadeiras” que beneficie esta ou aquela tendência na Distrital, muita das vezes contrária à decisão da concelhia.

Isto é o que tem vindo a público, e como tal, é revelador do desnorte do PSD que, pelos vistos, não é um problema centralizado no distrito do Porto, acontecendo, por exemplo, o mesmo em Lisboa. Há dirigentes “laranjas” que já admitem uma “hecatombe” quanto aos resultados do partido nas eleições deste ano, na capital.

Com o peso político que o PSD tem nas autarquias, os sociais-democratas não estão a ficar nada bem nesta fotografia pública de desentendimentos internos. Com estas e com outras, os indecisos deixarão facilmente de o ser, ou seja, dificilmente votarão num partido que se apresenta desorganizado; que não se entende.

Repito, que estes casos são públicos, que vieram, com maior ou menor relevo, em todos os jornais, e idênticos aos que aconteces com os PS de Matosinhos ou de Espinho. Se, com estas “tendências” ou fações, dá-se a ideia da pluralidade de um partido, ao mesmo tempo, a primeira imagem que surge é a de caos organizativo e de respeito hierárquico. O exteriorizar estes problemas, que deviam ser discutidos internamente, e só internamente resolvidos, demonstra uma falta de senso político-estratégico, que os adversários saberão, com certeza, capitalizar.

E mais problemáticas estas questões se tornam para os sociais-democratas, quando se sabe que a liderança do partido pode estar em causa. Há já quem diga e escreva, que Passos Coelho deitou, para as eleições locais, a “toalha ao chão”, facto que até já está a preocupar o Presidente da República, temendo este, que a direita, e principalmente o PSD, possa entrar em crise de liderança e a direita não crie alternativas ao PS e às esquerdas.

Quem também começa a ganhar com todo embaraço que se vive no PSD, é o seu companheiro de (algumas) jornadas: o CDS. O partido liderado por Cristas vai afastando-se, devagar devagarinho, de algumas das posições mais polémicas dos sociais-democratas e, a verdade, é que, no caso concreto, das eleições à presidência da Câmara de Lisboa, tem marcado terreno há já algum tempo, enquanto o PSD, só há semanas anunciou, oficialmente, e com alguma contestação interna, Teresa Leal Coelho – vista como uma segunda escolha – para cabeça-de-lista à autarquia da capital.

Liderança em risco?

Esta confusão – para muitos estranha, para outros não, e, até se diga, “muito conveniente” – esta a afetar o PSD não só a nível local, mas também em termos nacionais. Assim sendo, e por mais se queira separar os resultados das “Autárquicas” com o das “Legislativas”, ou, melhor, um conjunto de resultados locais com a projeção nacional dos mesmos, isso, no seio laranja, será, praticamente, impossível.

No Porto, por exemplo, a situação é visível, com o nervosismo que afeta o PSD e a sua candidatura à Câmara. É como quem não sabe arrumar a casa e atira o pó pelas janelas. Esta desorganização; estes conflitos, podem sair muito caro a um PSD que, se não muda de trilho, por certo mudará de liderança mais cedo do que muitos julgam.

Texto: José Gonçalves

Fotos: Pesquisa Google

01abr17

 

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