Mário Rocha
A nossa língua oficial é o inglês?!
É inevitável, é inerente e já há muito tempo que faz parte de nós mesmos. Por isso mesmo considero um desafio o corajoso combate às línguas fortes e especialmente à língua inglesa visto que é a mais falada. Não significa que tem de deixar de existir ou que se substitua por outra porque é necessário um meio de comunicação global que nos una e consequentemente nos faça mover.
Mas, de certo, se nos interessamos e destacarmos cada vez mais a nossa própria cultura e identidade e, assim, a nossa língua vamos “pôr-nos do outro lado”. Automaticamente percebemos que é necessário adaptarmo-nos a uma grande rede de informação universal onde cada pessoa, cada país dá relevo ao que tem e, segundo a inevitabilidade de interagirmos mundialmente, vai ser exigido que tenhamos mais conhecimento sobre cada cultura, cada nação, cada pessoa.
Desta forma, e no que diz respeito à música, enquanto escutadores devemos questionar “aquilo que nos dão”. A maior parte da música que nos é comunicada é cantada ou produzida na língua inglesa. Tal como no cinema, na internet, na televisão o mundo está “inglesado”. Temos de ser nós mesmos a sentir a obrigação de procurar outras coisas que não aquilo nos é dado. Por exemplo, sondar outras formas de cantar ou fazer música como a própria identidade e génese do estilo world music – músicas do mundo – onde conseguimos ouvir músicas tradicionais de cada país ou novos modelos e formas de fazer os estilos musicais que já nos identificamos. Ao fazer isso, a indústria musical muda. A oferta muda conforme uma alteração da procura.
É claro que, ao mesmo tempo, também têm de ser os artistas a sentirem o dever de combater este problema. Mesmo sabendo que é difícil aceitar este dilema, tal como nós – escutadores – têm de procurar novos caminhos de fazer música diferente se possível cantada em português. Desse modo, se forem realmente bons e com um bom produto conseguem atrair palcos e pessoas estrangeiras. Por exemplo, Throe + the shine, Buraka som sistema, Batida, Marisa, Ana Moura, 10000 russos, Amália Rodrigues, José Afonso e, noutro campo, Vhils.
Foto: Pesquisa Google
01ago17