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Qual cave?

Mário Rocha

O Porto atual está na moda. É um centro congregador de interesses e espalha eficazmente sensualidade e magia pela Europa e mundo fora. É um farol de desejo para investidores, viajantes e turistas e, para já, ainda não existe data de término para esta merecida renascença da segunda cidade do país.

Não se vive a vida pensando de forma unilateral, sem achar que não existem outros caminhos para um eventual sucesso ou mesmo sem considerar que não surjam segundos efeitos que possam vir a denegrir e ofuscar o objetivo final. Tal como acontece no Porto, a sua vida bem portuense e portuguesa está a ser escurecida pela “mina de ouro” em que a cidade se está a tornar. Barbeiros, tascos, sapateiros, mercearias ou mesmo casas para habitação estão a desaparecer para que hostels, hotéis e outros venham nos seus lugares.

cave 45

A cave 45, rua das oliveiras nº 45, é um bar/sala de concertos que está de “pedra e cal” na Baixa e nas cabeças dos “alternativos” espalhados pela cidade fora desde Dezembro de 2014. Comparativamente com a oferta de estabelecimentos semelhantes na missão e função, é um lugar único pela quantidade e qualidade das atuações das bandas ao longo do ano e, simultaneamente, pelo reduzido tamanho e espaço que origina, naturalmente, um ambiente acolhedor e de proximidade. É espaço direcionado para a música rock mais pesada e, ao mesmo tempo, alternativa que vai desde o grindcore até ao rockabilly, desde o deathmetal até ao indierock.

Este ponto de referência musical da cidade vai fechar no final de dezembro, mais concretamente na passagem de ano. Vai encerrar portas porque, segundo a reportagem do “Observador”, a 4 de Outubro deste ano, os três sócios: Paulo Pereira ou “Rodas”, Iolanda Pereira e Óscar Pinho não estão a retirar lucro suficiente para que consigam ter uma vida sustentável. Paralelamente, segundo Óscar Pinho, o senhorio não está interessado que este negócio continue.

De qualquer forma, há duas situações a denotar. Primeiro, a guesthouse do andar de cima, antes escritório, está a colocar pressão na Cave para que termine os seus concertos mais cedo por causa do ruído e ainda, refletindo bem, após a saída deste bar da morada onde se encontra, para onde se vai deslocar? As rendas no centro do Porto estão altíssimas e só com muito esforço é que ai se vai manter.

É claro que, apoiando-me naquilo que foi dito no início deste texto, não existe uma só saída, um só caminho. Se calhar com a descentralização dos focos de atração de pessoas do centro da cidade, o município do Porto, neste âmbito, torna-se mais distribuído, equitativo, onde obriga as pessoas a deslocaram-se e a percorrem mais da cidade para chegarem onde querem. Com a centralização dos sítios de interesse, o resto da cidade morre aos poucos.

Foto: pesquisa Google

01dez17

 

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