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Jejum

Sérgio Silva e Sousa

Estou de jejum! Este mês estou a jejuar, estou a passar por uma fase onde sinto a falta de algumas coisas. Não estou apenas a referir-me ao plano alimentar, a esse irei alongar-me mais à frente, mas sim ao plano profissional.

Estou de jejum, não estou a trabalhar e estou a sentir a falta do trabalho! Um amigo há tempos disse-me que era bom passar por algo semelhante para se perceber do que realmente gostamos, e eu nessa altura pouco importância dei a essas palavras, mas agora elas bateram, bateram de tal forma que tive de as colocar por escrito para as poder partilhar. No entanto, podemos usar este exemplo em várias outras situações, quer seja em situações amorosas, familiares, terrenas, de posse e até alimentares. Mas é desta última que me vou alongar neste texto.

lunch time

Toda a gente sabe que atualmente vivemos numa sociedade de consumo, uma sociedade em que muita gente se sente doente se não consumir, uma sociedade que se endivida para poder consumir,ou seja, para se sentir bem.

Somos bombardeados a toda a hora por publicidade, na televisão, nos jornais e revistas, nos smartphones, nos computadores, em todo o lado mesmo! Essa publicidade atinge-nos de uma forma invisível, muitas das vezes sem darmos conta, e entranha-se. Somos impelidos a consumir algo de que realmente não necessitamos, ou porque o anúncio é apelativo e registamos as imagens e sons e nos sentimos tentados a comprar aquela marca, ou porque nos chega através dos nossos filhos, que são os mais fáceis de atingir – basta lembrar a época natalícia – e que nos vêm pedir isto ou aquilo até que cedemos…

Ultimamente, de há uns anos para cá, temos igualmente ouvido falar no tema das dietas – agora até dão nomes às dietas – e há dietas para todos os gostos e feitios, também se ouve imenso falar nos malefícios da ingestão de leite, visto sermos o único mamífero que bebe leite em adulto, mas agora para tornar isto tudo mais estranho está-se a falar também na dieta do Jejum! Estas pessoas que defendem a dieta do Jejum, apontam o dedo ao mercado consumista, que obriga a que se ingira alimento a cada três horas, alimentos esses com pouco teor calóricos, baixo teor de gordura ou açúcar – o que os torna ainda mais caros – acusando assim os médicos da área de cederem aos lóbis comerciais tal como fazem com as farmacêuticas.

Estes, os seguidores do jejum, apoiam-se na teoria de Yoshinori Ohsumi, que foi prémio Nobel da Medicina de 2016, e no seu estudo da reciclagem do nosso organismo, ou seja, na reciclagem das nossas células. Na verdade, o jejum faz com que as nossas células se “comam” evitando assim a mutação das células mais velhas, células estas que podem provocar doenças degenerativas, como o Parkinson o Alzheimer ou até mesmo o Cancro.

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Eu, após alguma reflexão e leitura de vários artigos sobre o tema, tendo-me a inclinar e aceitar a teoria do senhor Yoshinori Ohsumi, não apenas por ser um prémio Nobel mas também pelo que a história nos conta. A raça humana, há muitos e muitos anos atrás, não tinha a possibilidade de ingerir alimentação sempre que sentia fome, muito menos a cada três horas. É certo que também não tinham a esperança de vida que atualmente temos, mas seria devido ao meio ambiente em que estavam inseridos e não pela falta de saúde, e atualmente a medicina está bem mais desenvolvida. Hoje em dia devido às bebidas açucaradas e à alimentação desequilibrada assistimos a uma debandada de doenças oncológicas e/ou degenerativas e a uma “corrida” desenfreada à consulta do nutricionista, o que desperta interesses económicos nos vários sectores.

Estou de jejum, vou sofrer, vou sentir a falta, a falta da comida, da comida eu que adoro e aprecio comer, mas vou ter de experimentar! Dizem que passa muito pelo domínio do psicológico e eu até a domino bem essa parte, vamos ver é se consigo dominar para parte do estômago bem como a parte de ir a casa dos pais e deixar de comer o que a mãe põe no prato, ela que tantas vezes me diz “até dá gosto ver-te a comer…”

Fotos: pesquisa Google

01abr18

 

 

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