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OS ÚLTIMOS DIAS DO VELHO MERCADO! OBRAS NO BOLHÃO ARRANCAM EM MAIO E COMERCIANTES ESTÃO JÁ DE MALAS AVIADAS PARA NOVO SÍTIO…É “LA VIE”

O emblemático Mercado do Bolhão, no Porto, vai, finalmente, para obras de restauro e modernização. A partir do próximo mês de maio, iniciar-se-á, então uma empreitada que durará, aproximadamente, dois anos, com um custo – aprovado pelo Tribunal de Contas – de cerca 22 milhões de euros, garantidos por fundos da Câmara Municipal do Porto e comunitários. Os comerciantes já foram notificados para abandonar o local, até ao dia 28 do presente mês (abril18), deslocando-se – os que quiserem – para um mercado temporário já instalado no centro comercial “La Vie”, a “dois passos” do Bolhão, e que será aberto ao público no dia 02 de maio.

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Quatro décadas depois das últimas obras, o Mercado do Bolhão vai modernizar-se, e retomar, por certo, a vida de outrora, dado que as condições em que se encontra o espaço/edifício não agrada nem a comerciantes, nem, tão pouco, a clientes. A falta de higiene, segurança e desconforto deterioram, de dia para dia, um espaço histórico da cidade do Porto. O “Etc e Tal jornal” foi lá em princípios de março e registou as últimas imagens de um genuíno, mas degradado, “centro comercial de frescos” criado, com a atual estrutura, em 1914.

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José Gonçalves        Pedro N. Silva

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“Vinha aqui, ao Bolhão, fazer as minhas compras, mas com aquilo a cair; falta de higiene e tudo… deixei de cá vir. Venho só às lojas cá de fora. Lá dentro não ponho os pés”. O desabafo de uma antiga cliente, que deixou, como muitos, de fazer compras no mais emblemático mercado da cidade do Porto, hoje, e ainda, um centro de atração turística, mas – constatamos – sem o mínimo de condições, tanto para comerciantes (cerca de duas centenas) como para potenciais clientes.

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Mas, a história como as estórias do Mercado do Bolhão levam-nos a recuar no tempo, altura em que o espaço se enchia (não só no seu interior, mas também juntos às portas de acesso ao mesmo) com pessoas “que até vinham de Gondomar e de Valongo cá fazer compras, mas também deixar para venda produtos, como legumes e pão”, relatou-nos a senhora Joaquina, mais conhecida por Jaquininha, que era uma verdadeira “entusiasta” do local, até à altura em que “vi coisas que só visto acreditei. Uns bicharocos deste tamanho a saírem lá de dentro. Deus me livre! Aquilo, hoje, já não é o que era. Olhe, dou-lhe um exemplo: o telhado do primeiro andar ainda nos pode cair na cabeça. Eles que façam as obras e rápido!”

E vão fazê-las! Seja como for, ainda há pequenos “traços” da memória de um mercado que vive muita à custa das pessoas (comerciantes) que o caraterizam. O modo de vender o produto – “Oh menina, benha cá… tá a ber, lebe são só uns euritos. Olhe que fresquinho”! Oh amor bá lá pegue… bá lá filha!” – ; a forma como o expõem – digno de estudo para qualquer aluno de marketing ou gestão –  e o publicitam.

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O “portoguês” é a língua oficial de um local que tem/tinha e daqui a dois anos, por certo, voltará a ter, uma mescla de cheiros e cores verdadeiramente sui-generis.

“Nada se vai perder. Estou em crer que esta ambiência não se vai alterar depois das obras. É gente do nosso Porto que vai continuar por cá, por isso, o espírito vai manter-se de certeza absoluta”, como fez questão de frisar um outro comerciante, garantindo – “como a Câmara Municipal garantiu-nos” -, que a venda de frescos vai manter-se”.

E vai. Vai até com maior segurança alimentar, preocupação que algumas pessoas punham, ultimamente, em causa”: “Não sei como é que a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) não fechou isto… vê-se cada coisa!”

Entrada principal - Rua Formosa
Entrada principal – Rua Formosa
Entrada Rua Sá da Bandeira
Entrada Rua Sá da Bandeira
Entrada - Rua de Fernandes Tomás
Entrada – Rua de Fernandes Tomás
Entrada - Rua
Entrada – Rua Alexandre Braga

“Depois das obras, penso que o Mercado vai atrair as pessoas, e não só os turistas, mas também e, por certo, em maior número. Como o primeiro andar – à face das ruas (Fernandes Tomás, Formosa, Sá da Bandeira e Alexandre Braga)-; com a restauração, e afins, a estar aberta à noite, é certo que as lojas no exterior do mercado também não vão encerrar portas, e isto será, com certeza, um autêntico centro comercial ao ar livre”, referiu-nos um outro comerciante, com loja situada na Rua de Sá da Bandeira.

Portas do mercado temporário ainda fechadas
Portas do mercado temporário ainda fechadas
Vista do mercado temporário (Arq.)
Vista do mercado temporário (Arq.)

Com a maior parte dos comerciantes a deslocarem-se para o mercador temporário, no Centro Comercial “La Vie”, e sabendo que regressarão aos mesmos locais /lojas que abandonarão durante dois anos,  há quem aligeire esta transição:“o tempo vai passar depressa e logo, logo, estaremos aqui. Mas, verdade se diga: como está – excelente! – o mercado temporário, haverá, com certeza, alguém a quem lhe vai custar deixar o sítio no La Vie”.

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Interior do CC "La Vie"
Interior do CC “La Vie”

Mas é “la vie”! E a vida continua, depois de mais de quatro décadas a ver degradar-se um edifício e um espaço que, pelos vistos, não vai deixar muitas saudades aos comerciantes, ansiosos que estão para ver como fica o novo Bolhão…

O futuro Mercado do Bolhão
O atual e o futuro (em baixo) Mercado do Bolhão

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Novo Bolhão que surgiu de um projeto – após vários até então propostos, mas que não caíram no goto de comerciantes e público em geral-, apresentado pelo executivo liderado por Rui Moreira (primeiro mandato) em 2015, criando, na altura, o Gabinete do Mercado do Bolhão, que fez não apenas um extenso estudo socioeconómico junto dos comerciantes e famílias, como desenvolveu um trabalho diário que culminou com uma grande adesão ao projeto.

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Entretanto, a Câmara Municipal do Porto prepara uma grande ação de comunicação e marketing em relação à localização do mercado temporário, que além de se encontrar no interior de um centro comercial (“La Vie”)  – no Inverno poderá ser aliciante para quem lá se deslocar para fazer compras -, pois além de coberto, tem ainda acesso quase direto à estação de Metro do Bolhão, aliás o que já acontecia com o atual mercado, mas, neste caso, com um acesso mais abrigado.

A bolha de água que deu em Bolhão

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Como já referimos, o Mercado do Bolhão “nasceu” em 1893 altura em que a Câmara Municipal do Porto decidiu construir uma praça em terrenos adquiridos ao cabido. Nesse local existia um extenso lameiro que era atravessado por um regato que aí formava como que uma espécie de bolha de água, de que resultou – segundo consta – o nome de Bolhão, sendo, por conseguinte, batizado o mercado com esse topónimo.

Anos depois, a praça foi melhorada com a construção de rampas de acesso e barracas de madeira no seu corredor central. Já no início do século XX, os responsáveis camarários decidiram construir fora do burgo um novo mercado, de forma a assegurar o abastecimento de alimentos que permitia a expensão da cidade. Foi, então, que, em 1910 surgiu o anteprojeto do arquiteto Casimiro Barbosa, que previa um edifício com duas alas, tendo a Rua de Sá da Bandeira como eixo central.

Este projeto foi, contudo, abandonado por razões económicas, acabando por ser construído em 1914 o atual edifício, num projeto desenhado pelo arquiteto Correia da Silva, tratando-se o mesmo de uma obra de vanguarda para a época devido à utilização de betão armado em conjugação com estruturas metálicas, coberturas em madeira e cantaria de pedra granítica.

Ao longo da sua história, o mercado foi sofrendo algumas alterações ocorrendo na década de 1940 a construção do piso que divide o edifício, fazendo a ligação das entradas das ruas de Alexandre Braga e Sá da Bandeira. E quanto a obras profundas neste espaço, só mesmo as que se vão iniciar no próximo mês de maio e durarão cerca de dois anos a ficarem concluídas. (*)

Os últimos dias…

Ficam, então, os registos dos últimos dias de um Bolhão que há muito precisava de “cara e corpo lavado”. De um Bolhão de paixões que marcou a vida de gerações. De um Bolhão que os tripeiros trazem sempre no coração; que é a sua montra; que é um encontro de emoções, tradições, que foi, é e será a alma invicta da Invicta.

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No exterior- “A Económica do Bolhão”

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O último a sair (?)
O último a sair (?)

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Fotos:

pg – Pesquisa Google

arq – Arquivo “EeTj”

 

(*)Texto/consulta Wikipédia

 

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