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Rua da Picaria

Esta rubrica dá a conhecer a toponímia portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…

Cunha e Freitas (*)

“Picaria é, toda a gente o sabe, a arte de adestrar cavalos. Será, portanto, de admitir que houvesse por aqui, em algum tempo, qualquer picadeiro, de que hoje não resta outra memória.

O local pertencia ao Bairro dos Laranjais, de que temos falado muitas vezes nestas nótulas, urbanizadas por determinação do ilustre João de Almada e Melo.

Vê-se o projeto dessa urbanização numa planta, levantada em 1761 pelo sargento-mor Francisco Xavier do Rego, onde esta artéria vem planeada.

Uma outra planta, anónima e não datada, mas posterior a esta, indica já a Praça da Conceição (depois do Largo da Picaria, e hoje de Mompilher), a actual Rua da Picaria e a Rua de Santo António, que desapareceu em parte com a abertura da Praça de D. Filipa de Lencastre, mas de que subsistem as casas do lado norte, entre elas, esquinando para a Picaria, o harmonioso prédio setecentista, que à data daquela planta pertencia a D. Maria Manuel de Azevedo, ascendente dos viscondes de Balsemão.

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O Plano de Melhoramentos ordenado por João de Almada, em 1784, refere-se a estas serventias:

«Assentou-se que, achando-se muito defeituosa a Rua do Almada no seu princípio do lado poente (advertia-se que a antiga Rua do Almada começava aqui, na actual Praça de D. Filipa), em razão de se não poder nela edificar casa por pertencer a diversas pessoas o terreno que lhe fica contíguo e é formado pelos quintais das casas situadas na Rua de Santo António da Picaria, se procurasse unir todos os proprietários do dito terreno e mútua convenção de repartição, etc,»

Donde parece concluir-se que a Rua de Santo António da Picaria compreendia também a actual Rua da Picaria.

E mais adiante, continua o Plano:

«Assentou-se que para se concluir no mesmo bairro (dos Laranjais) o alinhamento do lado poente da Rua da Conceição se fazia preciso demolir parte de dois quintais, que assombram a entrada da mesma rua, no sítio chamado da Picaria».

Se admitirmos que Liceiras, topónimo próximo da Picaria, pode vir de liça, terreno fechado, destinado a torneios e jogos, não será de admitir também alguma ligação entre ambos?

Para terminar, diremos ainda que uma outra planta local, levantada por D. José de Champalimaud, em 1788, mostra a Travessa da Picaria, «com a calçada e os passeios que se fizeram». Nas plantas de Mangeon e de 1901, designa-se ainda por Travessa da Picaria, a antiga Rua de Santo António da Picaria.”

(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 15-05-1973

Na próxima edição de RUAS” DO PORTO destaque para a RUA DA PIEDADE

 Foto: pesquisa Google

01abr18

 

 

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