José Gonçalves
Dizem-me, frequentemente, que me dou muito às pessoas; que me agarro a elas; que vivo por elas; que gosto muito delas… que sinto-as em demasia. Que devo pensar mais em mim!
E,se pensar em mim é pensar em quem eu gosto?
Mas tenho essa minha forma de estar na vida: é gostar de estar com pessoas, e principalmente com pessoas inteligentes, honestas, trabalhadoras, dedicadas, próprias, presentes… fazedoras de alegrias.
É por isso que tenho uma equipa unida no “Etc e Tal jornal”.
É por isso que quem nela se sentiu mal abalou sem deixar rasto… e ainda bem que o fez… de reto!
É por isso que gosto das pessoas que gostam dos outros para gostarem delas também.
O José Luís Montero, que nos acaba de deixar para todo o sempre, era uma dessas almas vivas. Um ser encarnado que inspirava confiança; que gostava de viver a vida à sua maneira sem prejudicar terceiros. Era o Homem que gostava de escrever para alguém o ler. Não escondia sentimentos: frustrações ou paixões; alegrias ou revoltas.
Altivo.
Senhor do seu nariz e vaidoso do seu bigode.
Galego de Guillade (Pontevedra) que sempre escreveu em português, e entre muitas obras, num poético “Começar a Viagem” transformado em livro.
E ele começou agora uma nova viagem, sem, por certo, esquecer-se daquilo que por aqui fez, tanto mais que, em dezembro findo, considerou o “Etc e tal jornal” um TGV nos caminhos-de-ferro do mundo.
Boémio. Amigo do amigo. Muito próprio. Solid(t)ário.
Era um elemento importante numa equipa onde não há imprescindíveis, como é esta do “Etc e Tal jornal”. Ele notou logo isso de início e por isso aqui ficou… cinco anos.
Ao José agradeço ter-me aceite como seu amigo.
Se calhar, tal como eu, recebeu avisos para não se agarrar tanto às pessoas. Mas ele tanto se agarrou que foi um… poeta. Mas ele tanto se agarrou às pessoas que viveu a vida, porque as pessoas são vida e ele gostava de viver… a vida.
O que as pessoas não sabem, ou fingem não saber, é o significado prático de “agarrar”. Ou seja, de nos “agarrarmos” às pessoas.
Não sabem, porque elas próprias a nada se amarram, vão se amarrando, vão na corrente, deixam-se ir. Não marcam nem presença, nem diferença. Não se libertam da morte por obras valorosas.
O José Luís Montero escreveu ensinando… e libertou-se, da morte.
O José Luís Montero recebe estes meus elogios, que não são de circunstância. Sempre os fiz… à sua frente!
“Agarrou-se-me”
A equipa deste jornal ficou mais pobre. Ficou sim senhor.
Como o ficou quando há quatro anos nos deixou o António Amen.
Como ficará quando alguns dos que aqui estão deixarem de cá estar.
Só que… ninguém sai deste jornal.
Aqueles que merecem, por mérito, aqui estar, mesmo que saiam… não saem.
Nós somos assim! Não é José?
É!
Obrigado Montero por seres meu amigo e por te teres cruzado na minha vida, na vida deste que também é o teu jornal.
Olha, não te esqueças de estar presente na Festa de Aniversário do nosso jornal… é já dia 26! Toma nota…
06jan19