Sopa da Pedra é uma sopa de substância, típica portuguesa oriunda da cidade de Almeirim, de tradições na agricultura, fica situada na região do Ribatejo e considerada a “capital da Sopa da Pedra” e é uma das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa.
Foi considerada a sopa dos pobres devido ao fato de ser de fácil confeção e feita com alimentos da terra. Há também quem lhe chame a Sopa Escura de Almeirim. Experimente esta verdadeira e famosa Sopa é uma delícia e aquece a alma, acompanhada por um bom vinho tinto.
Sugestão: “Dona Ermelinda Reserva”, vinho tinto de aromas do mediterrâneo a lembrar frutos pretos macios. Castas de Castelão, vinhas com mais de 50 anos, de Touriga Nacional, Trincadeira e Cabernet Sauvignon, situadas em Fernando Pó, zonas privilegiadas do Concelho de Palmela. Casa Ermelinda Freitas. Deve ser consumido a uma temperatura de 16/18ºC, é excelente.
Não esqueça de acompanhar com Caralhotas (pão típico de Almeirim semelhante ao nosso Bijou).
No final de Agosto ou início de Setembro a cidade de Almeirim celebra a Sopa da Pedra realizando um festival de vários dias que aproveita para promover outras iguarias de região, como as Caralhotas, os vinhos e o melão.
A imaginação é poderosa e esta sopa deu origem a uma lenda…
“Deambulava, serpenteando por serras, montes e vales que lhe tomavam quase um dia inteiro um frade nas suas peregrinações ali pelos lados de Santarém e veio a parar em Almeirim, como estava faminto foi de porta em porta à procura de uma alma caridosa que lhe desse a esmola de um prato de comida que lhe forrasse o estômago, mas não aparecia ninguém que lhe remendasse a fome e então percebeu que ninguém o ia ajudar. Na última porta que bateu, como lhe dissessem que não, resolveu usar do seu invento, tirou uma pedra do burel e disse par a todos:
– Vou então fazer uma sopa da pedra!
Responderam-lhe:
– Sempre queremos ver isso!
Foi o que o frade quis ouvir. Muito espantados, todos se riram ao ouvir tal e olhavam para o pobre frade. Então o frade perguntou lhes se nunca tinham provado uma sopa da pedra, ao que todos responderam que era impossível, era um tremendo disparate. Não sabiam o que perdiam e continuava a limpar a pedra. Então pediu um pote de barro com água e se podia por ao pé das brasas, assim fez e disse:
– Isto com um pouco de gordura é que ficava bom, não se arranja? Disse o frade.
Um dos que o ouvia levantou-se para ir buscar banha de porco. Logo depois de a gordura ser usada, o frade provou um pouco e disse
– Está insosso. Falta sal a esta pedra. Não há por aí sal?
E lá lhe trouxeram o sal, que o frade se apressou a usar, temperando o caldo. Tornou:
– Para apurar o sabor faltam só umas couvinhas e uma batatinha cá da terra, o caldo assim ficava que até os anjos o comeriam!
O lavrador desconfiado deu-lhe as couves, pois todos queriam saber como era feita a sopa. A terminar o frade disse:
– Está ótima, mas, para rematar, só falta mesmo um pouco de chouriço e toucinho… Cada vez mais curiosos, lá lhe trouxeram o toucinho e o chouriço, logo metido na panela. Depois de bem ferver, cheirava divinalmente. O frade espertalhão pôs-se a comer, observado por todos que não tiravam os olhos da pedra no meio de tanta coisa boa e deu-lhes também um pouco. O frade foi comendo até nada sobrar a não ser a pedra. Então todos perguntaram:
– Então e a pedra?
Com todo o desplante o frade respondeu:
– A pedra vou lavá-la e guardá-la comigo. Vai servir para o próximo caldo.
RECEITA
Grau de dificuldade fácil
Custo médio
Tempo preparação 60 minutos
Tempo cozedura 30/40 minutos
Número de doses 8
Ingredientes
2,5 l de água +/-
1 kg de feijão manteiga
700g de batatas
1 pequeno entrecosto
200 g de barriga fumada
1 orelha de porco
1 chouriço de carne
1 chouriço de sangue
1 olhinho de couve
2 cebolas
5 dentes de alho
1 molho de coentros
Sal, louro e pimenta, a gosto
Modo de Preparação
Coloque o feijão a demolhar de um dia para o outro. Também de véspera, escalde e raspe a orelha de porco, de modo a ficar bem limpa.
No dia seguinte, leve o feijão a cozer em água, juntamente com a orelha, o entrecosto, os enchidos, a barriga fumada, as cebolas, os dentes de alho e o louro e um ramo de coentros. Tempere com sal e pimenta.
Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidas, (Vá retirando à medida que cozem, para não ficarem espapaçadas) e corte em pedacinhos as carnes e os enchidos em rodelas.
Junte metade do feijão passado em puré, para engrossar.
Acrescente as batatas, cortadas em cubinhos (como para juliana) o olhinho de couve cortado.
Deixe ferver lentamente, até a batata estar cozida. Deixe apurar Alguns minutos, em lume brando.
Retire a panela do lume e introduza as carnes, previamente cortadas.
Quando servir coloque por cima coentros picados.
Dicas: Use feijão de lata, pois simplifica.
Coloque uma pedra de rio rolada bem lavada no cimo da terrina, assim tem mais gracinha, porque ao contrário que diz a lenda que é posto no fundo.
Se servir individualmente pode também colocar uma em cada prato. Cuidado que não seja muito pequena, para evitar acidentes, É uma delícia.
Bom Apetite!
Texto: Carmen Navarro
Fotos: Luís Navarro
Desenhos: pesquisa Google
01abr19