Patrícia Moreira
Nos anos setenta, Elaine Aron psicóloga, chegou à conclusão que duas em cada dez pessoas são consideravelmente mais sensíveis do que as outras oito, ou seja 20% da população.
A pessoa altamente sensível vê, observa e perceciona o mundo de forma mais intensa. Tem pontos positivos como a empatia, a intuição e a capacidade de interpretar corretamente a linguagem não-verbal. No entanto este traço de personalidade também comporta dificuldades como a absorção de estados de espírito e de dor alheios, assim como uma saturação ou sobrestimulação por excesso de informação. Quando o cérebro fica saturado, a sensação é de bloqueio e é natural a falta de concentração. Por vezes o elevado nervosismo pode levar a um ataque de pânico. Sinais estes que alertam para a necessidade de descansar.
Com o decorrer dos anos a investigação científica descobriu que existem diferenças nos cérebros das pessoas altamente sensíveis, nomeadamente uma elevada atividade dos neurónios-espelho, ligados fortemente à nossa capacidade para mostrar a empatia.
Em 2014 investigadores da universidade de Stony Brook, da Califoórnia, de Manmouth e do Albert Einstein College of Medicine (Estados Unidos), descobriram que apesar de o cérebro destas pessoas possuírem uma grande capacidade empática, elas tendem muitas vezes a isolarem-se. Apesar de se retraírem são extremamente sociáveis e procuram algum tipo de conexão mais profunda com pessoas como elas.
Dar mil voltas a um tema, analisando todos os pormenores possíveis, combinando muita informação é uma das características. As pessoas altamente sensíveis têm uma maior consciência tanto do que está a passar-se dentro dela como do que se passa à sua volta. Podem ficar facilmente saturados devido à forma intensa como processam a informação que lhes chega, sendo comum entrarem em hiperventilação e terem uma enorme vontade de saírem do local onde se encontram. Também captam as subtilezas energéticas, chegando a sentir até as dores que quem com eles está, assim como a energia dos locais onde se encontram.
Sentirem-se incompreendidos, tendência para o perfeccionismo, intuição elevada, boa criatividade, rápida ligação entre os dados para a resolução de um problema e até mesmo apaixonarem-se com muita facilidade pela “alma” de alguém, são algumas das características das pessoas que recebo no consultório. Passando por uma avaliação, algumas vezes o diagnóstico confirma-se, é uma Pessoa Altamente Sensível. Com a compreensão deste traço de personalidade apercebem-se de muitas outras características que pensavam ser defeitos ou até mesmo um problema. A ciência confirma que a alta sensibilidade não é uma patologia, é sim um traço de personalidade, que depois de avaliado e compreendido traz luz à escuridão que algumas pessoas sentem, um “alívio” como me descrevem.
Foto: pesquisa net
01ago20