A edição de 2020, do evento “Ambiente Imagens Dispersas” organizado pelo coletivo ambientalista Associação Amigos do Cáster, que, anualmente reúne num ciclo de conferências “CICLOne” e no seu 16.º Encontro de Fotografia Cidade de Ovar, trabalhos de fotógrafos sobre as temáticas “Natureza e Vida Selvagem” e “Fotojornalismo de Índole Ambiental”. Mostra até 22 de janeiro no Centro de Artes de Ovar (CAO) os trabalhos premiados nas diversas temáticas do concurso, destacando-se a beleza natural das imagens sobre o lago Baikal na Sibéria, fotografado por Mário Lisboa, no âmbito do projeto “O Lago Sagrado” Uma viagem por uma estrada profunda e gelada, que dá também nome ao documentário “O Lago Sagrado” com realização de Carla Varanda.
Apresentada com o já habitual alinhamento no CAO, a exposição “Ambiente Imagens Dispersas 2020” de forma surpreendente, está a despertar grande interesse e curiosidade, particularmente da comunicação social ao destacar a aventura de uma viagem ao mundo gelado na Sibéria registada em fotografia e vídeo pela dupla natural de Ovar, que se tem desdobrado na apresentação da sua obra, sobre “um local que tem tanto de belo como de potencial em conhecimento científico, que importa preservar e cuidar”, sublinham os autores, para quem, “as mudanças climáticas e os fatores humanos são uma ameaça real ao lago Baikal, que tem de ser minimizada”.
Em perfeita sintonia com o espirito do evento da Associação Amigos do Cáster, que se propõe estimular o gosto pela descoberta e o respeito pela conservação do meio ambiente. “O Lago Sagrado” proporciona ao público nesta exposição do 16.º Encontro de Fotografia Cidade de Ovar, extraordinários momentos de contemplação de rara beleza natural, que ali transborda em cada uma das fotografias, que através do olhar único de Mário Lisboa, está a ser partilhado com os portugueses através das TV,s e presencialmente com os interessados participantes nas sucessivas visitas por si guiadas no CAO com as adequadas medidas de segurança neste tempo de pandemia.
Sobre este projeto de fotografar a viagem ao lago Baikal ao longo cerca de 300 Km, com temperaturas entre – 15º C e – 30º C, apresentado em fotografias na exposição “Ambiente Imagens Dispersas” e no documentário com o mesmo nome, “O Lago Sagrado”, que está igualmente a merecer grande interesse junto do público, aguardando novas sessões para a sua exibição. Conta como se desenrolou a viagem, que representa a concretização de um sonho, e alguns dos episódios desta aventura na Sibéria, cujos autores, através destes meios de expressão, têm como objetivo, “ levar esta mensagem a todo o público interessado nas questões ambientais e no estudo dos habitats naturais”.
Os visitantes que tem tido o privilégio de integrarem as visitas guiadas pelo próprio fotografo Mário Lisboa, são convidados a interagir na observação de algumas das suas 24 fotografias expostas, desafiando mesmo à reflecção sobre o que cada olhar pode ver na imagem, para alem do titulo legendado em cada fotografia, como “Cauda de Dragão sob um céu de estrelas” que segundo o autor, “reflete as dificuldades impostas por um ambiente inóspito de condições extremas”.
São momentos que tem sido entusiasticamente partilhados no CAO, em que Mário Lisboa fala da viagem e seus episódios com guias pelo lago gelado, uma aventura partilhada com grupo de fotógrafos, e colaboração de cientistas e investigadores, como, Anastasia Tsvetkova, diretora da Lake Baikal Foundation, Maxim Timofeyev, diretor do Instituto Cientifico de Biologia da Universidade Estatal de Irkutsk e Ivanov Konstatin, diretor do Departamento de Investigação da mesma Universidade, que no documentário abordam o “potencial do lago, um recurso natural único, o mais profundo, o mais antigo e o maior em quantidade de água doce, um dos mais ricos ecossistemas naturais e endémicos, bem como alguns projetos em curso relacionados com a proteção e estudo do lago”.
O projeto “O Lago Sagrado” Uma viagem por uma estrada profunda e gelada, mostra o Lago Baikal, através desta obra de Mário Lisboa e Carla Varanda, como, “uma verdadeira joia da natureza” e “um tesouro escondido”, que o autor destaca aos visitantes através de mensagens de sensibilização ambiental que, como se propõe o evento AMBID2020 da Associação Amigos do Cáster, devem ser levadas também às escolas.
SOBRE MÁRIO LISBOA…
Nasceu em Ovar, no seio de uma família de fotógrafos cujo bisavô Ricardo Ribeiro fundou em 1892 um dos primeiros estúdios fotográficos em Portugal. Desde então e sempre no mesmo local cinco gerações abraçaram essa arte até hoje.
A sua avó Matilde, filha de fotógrafo Ricardo Ribeiro, desde criança coloria retratos à mão, fazia retoques em chapas de vidro e tirava fotografia com luz natural no estúdio.
Mais tarde a sua mãe Tidy, neta de Ricardo Ribeiro após ter terminado o seu curso dedicou-se também à fotografia, bem como os seus tios António e Alice.
Desde criança a fotografia é-lhe familiar, faz parte do seu quotidiano, e com 15 anos começa a ajudar no laboratório e mais tarde começa a fazer fotografia de atelier e algumas experiencias em fotografia abstrata, usando papel comprado pelo seu avô no tempo da 2.ª Guerra Mundial.
Aos 16 anos faz a primeira viagem sozinho e decide ir a Ceuta, e a alguns países Europeus como Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Dinamarca.
No seu regresso a Portugal, decide ir para o Rio de Janeiro, no Brasil onde vive durante 4 anos, tendo nessa altura viajado por todo o país, estudando e trabalhando em simultâneo numa galeria de arte. Viaja também pela América do Sul, nomeadamente Bolívia, Perú, Colômbia, Paraguai, e Argentina.
Neste período vai registando imagens e consolidando o seu gosto pela viagem como forma de conhecer novas culturas, civilizações diferentes, vivendo nesse período uma realidade bem diferente do seu país, e que influencia definitivamente o seu percurso fotográfico, afastando-se da fotografia convencional que se praticava à época.
No regresso a Portugal, expõe alguns trabalhos realizados até então, do seu portfólio de fotografia de viagem e abstrata. Nesse período ajuda a sua mãe no estúdio fotográfico antes de ir para a Suíça onde vive durante 4 anos em Lausanne.
Desde então, a par da sua atividade profissional, tem-se dedicado à fotografia, registando imagens dos locais, paisagens, povos e civilizações em 50 países. (mariolisboa.com)
Texto e fotos: José Lopes
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