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Valdemar Gomes, médico do Hospital de Ovar sob ameaça de processo disciplinar, vai lançar o seu novo livro “Summa Iniuria”…

Mais de duas décadas depois do encerramento de valências no Hospital Dr. Francisco Zagalo de Ovar, como o Serviço de Ginecologia/Obstetrícia – Maternidade, seguido do Serviço de Pediatria/Urgência Pediátrica, e mais tarde o SAP/SU-Serviço de Urgência. Um conjunto de medidas economicistas e de centralização de Serviços de Saúde, que colocaram a população de Ovar dependente do então novo Hospital São Sebastião em Santa Maria da Feira, fragilizando o hospital de Ovar com encerramento de valências, segundo as políticas de reorganização e de redução de custos de vários governos, mesmo dos que se limitaram a não repor algumas das valências reclamadas pelas populações, a exemplo da Maternidade. Uma luta que assume particular relevância o mais recente livro de Valdemar Gomes, com o título “Summa Iniuria”, no dia 4 deste mês, no Auditório do Orfeão de Ovar, às 16 horas.

A publicação deste novo livro de Valdemar Gomes, médico do Hospital Dr. Francisco Zagalo, que a pandemia da Covid-19 fez adiar a sua apresentação pública, acabou por ser agendada em março, para vir a acontecer ainda antes das eleições autárquicas por vontade do autor, que se propõe reunir os vários partidos e particularmente os vários membros do Movimento Cívico em Defesa da Maternidade e mais tarde Associação de Utentes dos Serviços de Saúde de Ovar – AUSSO, oriundos de diferentes forças partidárias que se uniram nesta luta com trabalhadores da Saúde, em que se destacou o médico Valdemar Gomes, que curiosamente está mais uma vez sujeito à ameaça de um processo disciplinar, segundo instrução por deliberação do Conselho Diretivo do Hospital Dr. Francisco Zagalo, tomada em reunião realizada em 28 julho deste ano.

 Curioso também, é em tempo de pandemia, quando todos os meios disponíveis deveriam estar ao serviço do reforço e eficiente resposta do Serviço Nacional de Saúde – SNS, haver um conselho diretivo de um hospital, a recorrer a processos disciplinares sobre quem no exercício de cidadania ativa, assume junto das várias entidades politicas e jurídicas, a denuncia da injustiça de que se considera vitima, reclamando e defendendo que seja reposta a legalidade na sua carreira profissional. Um processo que se arrasta há duas décadas, como consequência da sua intervenção contra o encerramento de valências no hospital de Ovar, como foi o caso da Maternidade.

Movimento Cívico Maternidade de Ovar recebido pelo, então, Governador Civil de Aveiro, Antero Gaspar (fevereiro, 2000)

Entre as várias iniciativas de denúncia assumidas por Valdemar Gomes, consta uma recente carta (19/7/2021) enviada ao Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em que é referida a “violação de legislação, diretivas e regulamentos”, de que se diz vítima há 22 anos, enquanto profissional médico do hospital de Ovar, “ilicitamente equiparado a Clinico Geral”, porque, como escreve, “sou médico especialista com a categoria de assistente hospitalar integrado ilegalmente numa carreira inexistente, daí resultando a impossibilidade de progressão na carreira e uma notória humilhação…”. Afirma ainda este médico, que chama também a atenção para o que considera, estar em causa “a Lei de Bases da Saúde”, que, “a forma como tenho sido tratado no hospital de Ovar caracteriza-se por ser ilícita, excludente, humilhante, com prejuízos profissionais, com implicações económicas, familiares e sociais, que conduzem à exaustão e ao desgaste psicológico…”.

Movimento Cívico Maternidade de Ovar reúne com grupos parlamentares da Assembleia da República (janeiro, 2000)

É pois neste quadro laboral nada saudável, que durante duas décadas Valdemar Gomes resiste a tais injustiças e reclama por justiça, com memórias, testemunhos, reflexões e acusações, que partilha no seu livro “Summa Iniuria”, que, independentemente de qualquer tentativa de silenciamento ou processo disciplinar determinado pelo Conselho Diretivo do Hospital Dr. Francisco Zagalo, não deixará de ser mais um elemento para a História do Hospital de Ovar, na apresentação deste livro em que o autor destaca o “encerramento de valências desde 1999 e seus responsáveis”, assim como, “a exclusão de médicos da carreira hospitalar”, e inevitavelmente o “futuro do hospital”. Mais do que a apresentação de mais um livro de Valdemar Gomes, no próximo sábado, dia 4 de setembro de 2021, no Orfeão de Ovar, é esperada uma sessão em que será feita abordagem do histórico do Hospital de Ovar até à atualidade.

O livro “Summa Iniuria” agora editado, faz parte de alguns outros títulos para publicação do mesmo autor: “Piscare Licere”; “Tardio Passeio Onis”; “Rios, ribeiras e moinhos: história dos tempos” e “Cidadão de Ouro”. Projetos de investigação e trabalhos literários, que incluem vários outros publicados, como: “O amor não conta cromossomas” (2013); “Halitus+oris-o hálito é também estético” (2015); “Filhos do Mundo” (2018); “Inimigo mortal” (2019); “Fauna doce aquícola em Portugal – um património a preservar” (2019).

 

Texto e fotos: José Lopes

 

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