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Percentagem considerável de casais inférteis apresentam sinais de ansiedade e depressão (Reminder)

A infertilidade é, muitas vezes, um caminho de incerteza, ambiguidade e imprevisibilidade, que gera muita ansiedade nas mulheres e na vida do casal. Cerca de 25 a 40% dos casais com dificuldades reprodutivas relatam sinais de ansiedade e depressão mais elevados comparativamente com os casais férteis, alerta a psicóloga Filipa Santos, em vésperas de mais um Dia Mundial da Saúde Mental.

Segundo a psicóloga, a resiliência, o autocuidado e a saúde psicológica são três áreas que podem ser exploradas em consultas de Psicologia para ajudar a ultrapassar a montanha-russa de emoções causada pela infertilidade.

“A sociedade atual ainda promove muito o papel da mulher enquanto ser capaz de conceber e gerar uma criança. Por este motivo, a vivência da infertilidade surge muitas vezes associada a sentimentos de diferença, estigmatização, defeito e solidão, sobretudo nas mulheres”, explica a psicóloga da clínica de fertilidade IVI Lisboa. Acrescenta que, “em pleno século da igualdade de género, as mulheres ainda tendem a viver mais a pressão social no sentido de terem filhos e a assumir a culpa da infertilidade, comparativamente com os homens, mesmo nos casos em que a infertilidade se deve a fatores masculinos”.

Filipa Santos

A infertilidade é considerada um problema de saúde pela Organização Mundial de Saúde. Define-se como ausência de gestação após 12 meses de tentativas, sendo tentativa caracterizada por uma vida sexual ativa (relações de 2 a 4 vezes por semana) sem a utilização de quaisquer métodos contracetivos. Pode afetar cerca de 10 a 15% dos casais e 30% dos casos estarão relacionados com causas femininas, outros 30% com causas masculinas, 20% com causas mistas e outros 20% inexplicados.

De acordo com a Dra. Filipa Santos, alguns casais, quando procuram ajuda por dificuldades reprodutivas, já chegam muito desgastados psicologicamente. Geralmente, já viveram uma sucessão de ciclos sem gravidez, um acumular de questões para as quais não obtiveram respostas e eventualmente algumas perdas marcantes, com lutos ainda a processar.

“É muito importante conhecermos a história do casal que nos chega, porque essa história pode de facto condicionar a forma como vão receber toda a informação e também os seus processos de tomada de decisão, assim como a sua capacidade de lidar com os tratamentos”, sublinha.

 ÁREAS A EXPLORAR EM CONSULTAS DE PSICOLOGIA

Ao mesmo tempo que alerta para o facto de que “não há saúde sem saúde psicológica”, salienta que, “quando se fala de saúde psicológica é fundamental abordar e identificar as necessidades dessa mesma saúde psicológica”. Dá como exemplo dessas necessidades a resiliência, o autocuidado, as relações de intimidade saudáveis, a empatia, o humor, a aprendizagem, a esperança e o sentido de propósito.

 RESILIÊNCIA

É a capacidade para lidar com as adversidades, assim como com as consequências negativas e superá-las. “Podemos desenvolver a nossa resiliência ao alimentar relações positivas com familiares e amigos, que nos acompanhem nos dias bons e nos menos bons, que nos ajudem a pensar e a lidar com os nossos desafios. Aceitar que a mudança e a incerteza fazem parte da vida, encontrar significados, fazer coisas que, diariamente, dão sentido e propósito à nossa vida são também formas de nos tornarmos mais resilientes”, explica a psicóloga.

 AUTOCUIDADO

Muitas vezes, nas fases de maior stresse há uma tendência para adotar mais comportamentos de risco como fumar mais, desenvolver problemas de sono, ter uma má alimentação e ao mesmo tempo investir menos ou não investir de todo no autocuidado.

É exatamente nessas alturas que mais precisamos de o fazer. “O autocuidado pode-nos ajudar a gerir e a equilibrar melhor as exigências de fases mais desafiantes. O autocuidado pode ser envolvermo-nos em atividades que nos façam sentir bem, que nos ajudem a relaxar e a sentirmo-nos felizes; podem ser escolhas saudáveis no dia-a-dia relacionadas com a alimentação, a prática de exercício físico e a rotina do sono; pode ser investir nas relações sociais; pode ser procurar um equilíbrio mais saudável entre a vida profissional e a familiar”.

 SAÚDE PSICOLÓGICA

A Saúde Psicológica está relacionada com a capacidade de utilizarmos as nossas competências para gerir os desafios do dia-a-dia nos diferentes contextos em que vivemos. “Quando temos saúde psicológica, sentimo-nos confiantes e capazes de lidar com a nossa vida e com as outras pessoas. Procurar um psicólogo pode ser importante. Falar ajuda”, remata a Dra. Filipa Santos.

 

01nov21

 

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