Weihua Tang
Conforme o materialismo, o “destino” depende de nós próprios, enquanto o idealismo já está “destinado” desde o início. Seja como for, as mentalidades dos chineses são relativamente complicadas, porque acreditamos no “destino” ao mesmo tempo que acreditamos, firmemente, nas mudanças dele. Na realidade, isto não é nada contraditório.
Literalmente, a palavra “destino” contém dois caracteres chineses, que se chamam “Mìng Yùn”. No mundo da filosofia dos chineses, a expressão “Mìng Yùn” pode ser dividida em duas palavras individuais: “Mìng” e “Yùn”. E cada vocábulo representa um conceito diferente. “Mìng” significa “vida”, que já está destinada quando nasce; e “Yùn” indica “sorte”, a qual pode ser mudada depois do esforço adquirido no futuro. Ou melhor dizendo, as pessoas podem dominar o seu próprio “destino”.
“Sorte” é uma palavra tão conhecida na nossa vida. E não só, pois toda a gente deseja uma boa sorte. Contudo, na ideia filosófica, “sorte” não é intrínseca. Então, como se consegue possuir a melhor sorte?!
Segundo a coleção de romances [Shuo Yuan] de Liu Xiang, cujo escritor na Dinastia Han, cita uma história de Rei Zhuang de Chu (613-591 A.C). Durante o período de Chun Qiu, havia sempre inúmeras guerras entre os países pequenos. O país de Chu também estava envolvido, sobretudo numa situação perigosa. Naquela altura, faltava um melhor comandante no país.
Tang Jiao, um grande herói, liderava as tropas de Chu e andavam a lutar desesperadamente nas batalhas. No fim, conseguiram virar a situação passiva e fortaleceram a posição fundamental, na Dinastia de Chun Qiu. Desde aí, o Chu tornou-se um dos mais fortes dos cinco tiranos.
No banquete de comemoração da vitória, o Rei Zhuang de Chu suspirou de emoção:
– “Que grande sorte por ter conseguido ter o apoio de uma pessoa nobre (Guì Rén), como Tang Jiao. De qualquer forma, hei-de dar-lhe a maior recompensa de mérito.
No momento em que ouviu isso, Tang Jiao ajoelhou-se no chão e disse assim:
– “Majestade, não quero nada. Não sou nenhuma ‘pessoa nobre’, pois a vossa boa sorte tudo depende da vossa bênção! “
Querem saber a razão desta resposta ?! Há uns anos, o Rei convidou todos os ministros, incluindo Tang Jiao para um banquete. De repente, veio uma rabanada de vento e apagou todas as velas. Na escuridão, por acidente, Tang Jiao tocou na concubina do Rei. Ela julgava que alguém queria aproveitar para a abusar e arrancou o chapéu dele, atirando-o para o chão.
– “Alguém tentava abusar-me. Porém, tirei o seu chapéu para o chão. Peço, por favor, a vossa alteza que mande alguém acender a luz. Vamos descobri-lo e castigá-lo.” – insistiu a concubina.
Tang Jiao pensava que não ia escapar deste azar, ainda por cima, poderia ficar “sem cabeça”. Inacreditavelmente, em vez de dar a ordem para acenderem a luz, o Rei mandou todos os ministros tirarem os seus chapéus e deitarem-nos ao chão. Desta maneira, era difícil distinguir quem tocou a sua concubina. Claro que a concubina ficou muito aborrecida. Entretanto, o Rei assumiu a sua responsabilidade, porque foi ele que convidou os ministros e deixou-os beber.
A partir daí, Tang Jiao ficou tão agradecido, que jurou retribuir a sua fidelidade ao Rei, mesmo que fosse a dedicação da sua própria vida. Neste caso, o Rei Zhuang de Chu teve muita sorte, não teve?! Indiscutivelmente que teve. Todavia, a sua sorte veio da sua gentileza, da sua generosidade e da sua magnânima bondade, naquele banquete. Se se importasse com a consequência, Tang Jiao absolutamente ia ser condenado. Por isso mesmo, foi o próprio Rei que completou a lealdade e a retribuição de Tang Jiao.
Fosse quem fosse, esta história refletiu que, possuir um coração grande, era importante e indispensável. Nesta circunstância, o governador poderia evitar um homem vil ao seu lado e, por ventura, as pessoas podem tornar-se como “Guì Rén” para o ajudar na vida. Aliás, a sua sorte vai ser cada vez melhor.
Afinal, os chineses têm ou não têm razão?!
Foto: BAIDU
01dez21