O Acordo de Investimento EU-China ainda pode evitar a queda da Europa
A Safeguard Defenders define-se a si própria como “uma ONG defensora dos direitos humanos fundados no final de 2016, com atividade locais em alguns dos ambientes mais hostis da Ásia”. Quando lemos no seu site a sua história e os relatórios e investigações que afirmam prosseguir, encontramos quase exclusivamente material que ataca a justiça chinesa, cerca de quarenta edições ao longo de seis anos, apenas um documento sobre confissões forçadas no Vietname (2020) e mais outro que reclama por justiça no Irão (2022).
A China é acusada de perseguição e coação de grupos dos seus cidadãos no estrangeiro, a partir de um plano policial apoiado em associações locais. A denominada investigadora, que não tem qualquer estatuto académico ou jornalístico para usar esse título, estende aquela acusação a três entidades sedeadas em Portugal, que mostraram ser, afinal, uma oficina de reparação de automóveis e dois escritórios que prestam serviços elementares, como o apoio à preparação da renovação da carta ou do visto (documentos chineses, quando caducam, deviam renovar na China).
A autora do relatório, de nacionalidade italiana, é descrita como possuindo um master (qual?), e teve direito a entrevista nacional e citação partidária dirigida ao próprio primeiro-ministro, sobre o alegado perigo dessas atividades, acompanhada pelo pedido de revisão dos acordos entre Portugal e a China. No currículo da autodesignada investigadora, no concreto, surge apenas a colaboração com a Apple Daily de Hong Kong. Um tabloide, que ficou conhecido pela exploração de escândalos de celebridades e acidentes de trânsito e pela manipulação das mortes trágicas; mais tarde, por notícias falsas e difamatórias contra personalidades e entidades civis, sendo condenado a pedir desculpas públicas e a pagar pesadas multas pelos tribunais.
Na fase crítica da luta entre tabloides de HK pela sobrevivência, apostou no alinhamento político com os opositores do governo de HK e com a recandidatura de Donald Trump, destacando-se por ter inventado a história Typhoon Investigations, uma falsa " empresa de inteligência" e forjado a personalidade falsa do seu autor, um pseudoanalista de segurança suíço chamado Martin Aspen, que nesse relatório alegava a existência de relações perigosas entre o filho mais velho do candidato Biden e o partido comunista da china! Depois da falência do jornal, foi transformado pela propaganda anti chinesa numa das vítimas da repressão da imprensa em HK.
Perguntamos aos nossos concidadãos e autoridades portuguesas, o que justifica montar uma organização sede em Madrid, se na sua estrutura não existe um único espanhol, composta por um diretor sueco, que afirma ter ido para a China ao serviço do seu governo, e que ali perdeu essa ligação, uma diretora “de investigação britânica”, que se apresenta como tendo sido formada pela Universidade governamental de Chengchi de Taiwan, coadjuvada por dois outros taiwaneses, em cujo currículo se pode ler de novo a ligação à Apple Day e o trabalho para a Radio Free Asia (RFA), que é um serviço de notícias privado financiado pelo governo dos Estados Unidos; mais três nomes chineses sem identificação concreta e um americano que com o diretor fundou uma associação na China, acusada de abusar do estatuto para propagar um ideário político contrário à sua Constituição?
Perguntamos, ainda, quem e como financia esta organização, que, afirma dispor de recursos para financiar as entidades locais que ajam de acordo com as suas ideias e porque é que essas fontes de financiamento se mantêm secretas, insinuando-se que uma estrutura desta dimensão, instalada na capital de Espanha, pode viver de donativos dos simpatizantes e da compra dos seus livros?
Finalmente, e em defesa do bom nome das associações Portugal-China e da cooperação honesta entre os nossos dois países e dois povos, poderá a comunicação social partir para a notícia suspeitosa, que atinge toda a comunidade chinesa em Portugal e a imagem do seu governo legítimo, sem verificar as fontes e promover o contraditório? E não é esse também o dever dos partidos democráticos, quando confrontam o governo da República e a opinião pública?
A Liga dos Chineses em Portugal e, qualquer uma das nossas associações e câmaras de cooperação, estarão sempre disponíveis para responder às dúvidas e notícias que envolvam a China, sobretudo num momento crítico como o da atual conjuntura mundial de guerra, sanções e recessões, em que outras notícias falsas levaram à suspensão do Acordo de Investimento EU-China, que permitiria, nas palavras da presidente da Comissão Europeia, o " acesso sem precedentes ao mercado chinês".
08.10.2022
O Presidente da Liga dos Chineses em Portugal
Y Ping Chow
09out22