Luísa Camarinho
O conceito de autenticidade é indissociável da existência do ser humano, mas será que lhe damos a importância que ele merece? Passamos a vida a dizer uns aos outros que devemos ser autênticos, que nunca devemos mudar a nossa personalidade por nada nem ninguém, mas será que colocamos em prática os conselhos que damos? A resposta para ambas as perguntas é não.
Vivemos num mundo onde o mais importante não é o que somos, mas sim o que aparentamos ser. A autenticidade, uma das mais belas virtudes do ser humano, é agora uma espécie de tesouro apenas acessível aqueles que ousam desafiar as regras da sociedade e viver segundo as suas próprias regras. No fundo, parece que quando nascemos já trazemos connosco uma máscara que ao longo do tempo vai fazendo parte de nós, até ao dia em que já não conseguimos distinguir quem somos da pessoa que criámos para mostrar à sociedade.
Nas palavras de Charles Bukowski “Não era o meu dia. Não era a minha semana. Não era o meu mês. Não era o meu ano. Não era a porra da minha vida.”. Não vivemos a porra da nossa vida, vivemos a porra da vida que criamos para que aos olhos da sociedade tenhamos a porra da vida perfeita. Desde o momento em que abrimos os olhos até ao momento em que os fechamos para sempre representamos papéis para esconder aquilo que realmente somos.
Termino esta minha reflexão dizendo que, talvez por medo, passamos grande parte da nossa vida a hastear a bandeira dos bons, dos virtuosos, dos fortes, daqueles a quem se existir, o céu pertencerá, mas será que somos felizes a fazê-lo? Por muito que digamos o contrário não somos, por isso, está na altura de assumirmos com orgulho os nossos defeitos, as nossas qualidades e as nossas fragilidades, porque o que se leva da vida é a vida que tivemos e não aquela que mostrámos ter.
Foto: pesquisa web
01nov22