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O regresso à China três anos depois…

Weihua Tang

 

A última viagem à minha terra natal foi em julho de 2019. Consoante a nova política diplomática, desde julho de 2022, consegui pedir o meu Visto (Q2) para voltar à China. 

Antes de reservar o bilhete da viagem, o governo chinês, repentinamente, declarou que ia acabar com a ‘quarentena obrigatória’ para quem entrasse na China, a partir do dia 08 de janeiro de 2023. Que surpresa! Que grande sorte para mim! 

Durante três anos de pandemia, nunca apanhei Covid-19, pois nunca fiz teste (rir). Contudo, é indispensável fazer o teste RT-PCR antes do embarque. Marquei uma consulta urgente numa Clínica devido à exigência de validade de quarenta e oito horas. Portanto, tive a primeira experiência de tirar a amostra (exsudado nasofaríngeo) e recebi o resultado “Negativo” dentro de duas horas. Incrível?! Claro! Eficaz?! Sem dúvida! Satisfeita?! Super! 

Acreditem ou não, fiz o check-in antes de ter feito o teste à Covid-19, ou seja, isto foi um risco enorme. Porque, não havia nenhuma hipótese para alterar a data do voo e iria perder o valor todo da viagem se o teste fosse ‘Positivo’. Porém, sou uma pessoa muito “positiva” e otimista. Ainda por cima, a agência Abreu tentou fazer tudo que estava ao seu alcance por mim, não só fisicamente, mas também psicologicamente. 

Como o voo direto para a minha cidade Qingdao ainda não foi retomado, tinha que mudar de voo em Shanghai. No momento de aterragem do avião, no aeroporto de Pudong, olhando pela janela, não consegui esconder o meu entusiasmo e a minha ansiedade…

Entretanto, um rapaz chinês ao meu lado interrompeu-me: 

-“Não tens internet, pois não?!”.

-“Não, o meu número de telemóvel é de Portugal”. 

-“Vou partilhar o meu contigo para avisares a tua família que chegaste bem.”

-“Obrigadissima !”, respondi com a voz trémula, comovida e tocada, no fundo do meu coração…

Sinceramente, fiquei admirada pela generosidade do desconhecido chinês, nem consegui encontrar mais uma palavra de gratidão exceto “Xiè xie”. Sou do norte da China, não conhecia ninguém alí. A informação sobre este rapaz simpático e bondoso era muito pouca.

Ele disse-me que era da cidade de Nanjing (uma cidade histórica, capital de Província de Jiangsu, com mais 9.4 milhões de população), tinha o apelido de Zou, e tinha estado na Alemanha por motivos de trabalho. E mais nadinha! Contudo, a primeira impressão na chegada à minha pátria , foi bem-vinda, apoiada e inesquecível.

Quando o avião aterrou seguramente no aeroporto de Jiaodong ( TAO), o qual é novo, moderno e grandioso em Qingdao, os raios de iluminação começaram a tapar a minha visão, misturada com as minhas lágrimas… “Saudade! Saudade! Nothing more that I can say! Says it in a better way”… 

Acho que só as pessoas no estrangeiro há muitos anos, sabem bem o verdadeiro significado da palavra “nostalgia”, não acham?! Mil e duzentos e quarenta e cinco dias depois, novamente, pisava a minha terra natal, cheirava o ar fresco conhecido, via a multidão de chineses com “olhos de arroz”, ouvia o dialeto do local, duro mas gentil …

“Bem-vindo a Qingdao!”. Todos os passageiros desapertavam o cinto e ligavam o telemóvel, enquanto eu procurava um lenço de papel.

 

Fotos: BAIDU

 

01mar23

 

 

 

 

 

 

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