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Eles/as agora são ‘meus’!

Ana Costa

 

O 1.º ano de escolaridade é um marco na vida das crianças, mas também é um marco na minha vida, como professora.

Eu e os meus alunos/as somos companheiros de uma jornada durante a qual ocorre uma evolução notável, mas aquilo que mais sinto, é a evolução na minha relação com eles/as e na sua relação comigo. A partir do momento que começamos, juntos, esta viagem, partilhamos momentos de descobertas, aprendizagens e desenvolvimento mútuo, que preenche de orgulho o meu coração.

No início do ano letivo, a sala do 1.º ano é um ambiente novo para eles/as, cheio de desafios e expectativas, muitas expectativas… A nossa relação começou com acolhimento, com a criação de um ambiente seguro e agradável, com vinte e seis olhos postos em mim e em tudo o que fazia e dizia.

 O papel de um professor nesta etapa é crucial, pois só ele saberá estabelecer vínculos afetivos e criar uma atmosfera de confiança, fundamental aos seis anos de idade. E só com o passar dos dias é que os alunos/as se começam a sentir mais confortáveis e confiantes e aí a relação tem pernas para evoluir.

À medida que o tempo avançou, tive oportunidade de conhecer cada criança individualmente, observando as suas particularidades, habilidades, desafios e interesses e compreendê-los de forma mais profunda, permitindo adaptar a minha abordagem, proporcionando aprendizagens mais significativas e personalizadas. Do lado de lá, acontece exatamente a mesma coisa, eles/as começaram a conhecer-me e, sobretudo, a confiar em mim.

O 1.º ano é uma fase crucial de desenvolvimento social. Incentiva-se a interação e a colaboração entre todos, tendo sempre a preocupação de promover o respeito, a empatia e a resolução de pequenos conflitos, tão naturais nestas idades. À medida que a relação se fortaleceu, as crianças aprenderam a comunicar de forma mais eficaz e a sentir-se em equipa, com uma nova treinadora, como um grupo amigo e coeso, fatores essenciais não só para o sucesso académico, mas sobretudo, para uma futura vida na sociedade dos crescidos.

Ao longo deste ano tentei sempre estar atenta às necessidades de cada aluno/a, identificando possíveis dificuldades e estando sempre disponível para o que fosse necessário, tentando mostrar o meu compromisso com o crescimento e o desenvolvimento de cada um/a.

Agora, depois do ano passado, julgo poder afirmar que juntos, professora e alunos/as, percebemos o quanto evoluímos. Enquanto as crianças adquiriram novos conhecimentos, habilidades e muita confiança em si mesmos e naquilo que fazem, eu como professora, sinto-me realizada ao ver o seu progresso, reforçando os laços que fomos criando ao longo do ano. Não gosto muito de me vangloriar, nem de apregoar o que faço, mas a verdade é que este ano sinto um enorme orgulho e satisfação com o trabalho que fomos fazendo, juntos, como uma equipa, como grupo…

Neste momento, estes alunos são agora “meus alunos” e isso é para mim uma honra e uma grande satisfação. É uma responsabilidade guiar estes pequenos/as no caminho rumo ao conhecimento e ao sucesso, mas mais que isso, é uma enorme honra participar no seu crescimento e poder contribuir para uma evolução, que julgo ser feliz. Se refletir um pouco sobre a relação que fomos construindo é incrível ver como os nossos laços se uniram e fortaleceram. Desde o início do ano letivo, a nossa sala de aula transformou-se num espaço de aprendizagem, de descoberta, mas sobretudo, de afeto e muito carinho, com muitos beijinhos e abracinhos.

Esta jornada que iniciamos juntos tem uma conexão especial, muito baseada no respeito e na confiança, no afeto e no amor. Todos os dias são diferentes, mas todos os dias são cheios de sorrisos, gargalhadas e muitos momentos únicos que me aquecem o coração e que fica mais quentinho quando vejo que essa alegria é recíproca, pois observo os seus olhares e a felicidade com que desfrutam de todo o processo de aprendizagem. É gratificante sentir que sou uma amiga e um apoio para as crianças e, consequentemente, para os pais, que acabam por sentir este ambiente que vamos construindo.

Ser professora é isto, é ter estas pequeninas fontes de inspiração, cheias de entusiasmo, dedicação e sede de aprender, como motivação para eu me poder superar. Aquilo que aprendo com estes pequenos seres é tão valioso como aquilo que consigo transmitir-lhes e que vai muito mais além do programa escolar.

Basicamente, sou muito grata por ter vivido este ano com eles/as, pois sem saberem, estes pequenos/as são o combustível que impulsiona a minha paixão pela educação e agora são ‘meus’!

 

01ago23

 

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3 Comments

  1. Carlos Cardeal

    Existem professoras e Professoras.
    A Ana Costa é uma Professora de coração cheio de Amor que partilha com os ‘seus’ alunos!!!

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