Veneza, a cidade dos canais e das gôndolas, acolheu a conferência internacional ‘Proteger as cidades costeiras do aumento do nível do mar’, no final da passada semana. O evento, organizado pela Venice Sustainability Foundation e Iuav, com o apoio da The European House – Ambrosetti, Consorzio Venezia Nuova, Corila, e Vela, contou com a participação de especialistas de todo o mundo, além de representantes de cidades costeiras vulneráveis ao aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos em três continentes diferentes.
O vice-presidente da Câmara do Porto e responsável pelo Ambiente e Transição Climática, Filipe Araújo, dividiu o palco com autarcas de diferentes regiões do planeta, como a presidente de Sausalito, na Califórnia, ou a presidente de Biarritz, em França.
“O Porto tem já um longo caminho trilhado na adaptação às alterações climáticas. Somos uma cidade rodeada por água, moldada pela água. Por essa razão, temos uma única entidade responsável por cada gota de água que circula no território”, explicou, referindo-se ao trabalho desenvolvido pela empresa municipal Águas e Energia do Porto na gestão de todo o ciclo urbano da água.
A verdade é que as consequências das alterações climáticas já não são um cenário possível num futuro próximo, mas sim uma realidade. No Porto, os fenómenos extremos verificam-se com mais frequência, como se verificou no passado mês de janeiro, com a queda intensa de chuva.
Nesse sentido, a cidade tem vindo a preparar-se e já dispõe de vários projetos no terreno ou em curso. “A natureza é uma fonte de inspiração para enfrentar muitos dos desafios ambientais. Uma parte substancial das medidas de adaptação às alterações climáticas e de preparação do território para o futuro, passa pela valorização da natureza”, explica Filipe Araújo.
Um dos melhores exemplos encontra-se no Parque da Asprela, onde foi criada uma grande bacia de retenção, com capacidade para 10 mil metros cúbicos de águas pluviais. Outra solução passa pela adoção de coberturas verdes em edifícios: por um lado absorvem a água evitando cheias, por outro ajudam a reduzir as temperaturas no interior. Na cidade já foram identificadas 130 coberturas – que correspondem a 11 hectares – com potencial. “O Porto apresenta assim vários projetos bem-sucedidos, como a Estação de Metro da Trindade, o Jardim dos Clérigos e Praça de Lisboa, seguiram-se outros como o edifício da empresa Porto Ambiente, o Terminal de Campanhã e o Museu da Cidade”, lembra.
Todas estas ações de adaptação em rios, ribeiras e águas pluviais contribuem para a mitigação dos efeitos na frente marítima. Mas também aqui a autarquia tem envidado diferentes esforços. A definição de faixas de salvaguarda contra a erosão e galgamento costeiro, e a recolocação de areia nas praias levada a cabo anualmente, são bons exemplos disso mesmo.
“Apenas uma ação integrada nos permitirá ultrapassar este grande desafio. Por isso, lançámos o ‘Pacto do Porto para o Clima’, com a intenção de despertar cidadãos e organizações para a ação e criar uma grande comunidade de aprendizagem, partilha e apoio mútuo. Queremos que o Porto se torne líder na ação climática, antecipando a neutralidade carbónica”, conclui o vice-presidente da Câmara.
Texto e foto: Porto. / Etc. e Tal
26jul23