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“Revolução” nos transportes do Porto: STCP volta a ser gerida pelo MUNICÍPIO! Já estão “encomendadas” mais de 300 NOVAS VIATURAS…

A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) será gerida, a partir do próximo ano, por seis autarquias da Área Metropolitana do Porto (Gaia, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto e Valongo), cabendo à Câmara da Invicta, a presidência da administração, assim como da sua unidade técnica.

O acordo entre o Governo e os referidos municípios foi assinado no passado dia 25 de junho, no Museu do Carro Elétrico (Porto), na presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.

logotipo stcp

A assinatura deste memorando acaba, definitivamente, com o projeto de privatização da STCP iniciado pelo anterior governo, liderado por Pedro Passos Coelho, e que originou fortes contestações, não só por parte dos autarcas dos seis municípios da Área Metropolitana do Porto que integram a rede de transportes da STCP, mas também pelos trabalhadores da empresa e forças políticas independentes (Rui Moreira à cabeça) e de esquerda (PS, BE e PCP).

António Costa, em plena campanha eleitoral, tinha prometido travar a privatização da STCP e, a verdade, na presidência do governo – apoiado na Assembleia da República, pelos partidos de esquerda – cumpriu com a promessa.

“Se os seis municípios financiarem a rede que entendem adequada e possível para o serviço das suas populações, o Estado não abandonará nunca a sua política social e continuará a apoiar as pessoas com maior debilidade económica por vista dos tarifários socais”, referiu João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, para quem “ao assumir o financiamento de uma obrigação de serviço público, originada por serviços que serão sempre deficitários, dão condições para que a empresa seja pela primeira vez sustentável”.

matos fernandes - stcp

Mais de 50 milhões para financiamento

Saiba, entretanto, que números estão previstos para a gestão da STCP. Para já, e logo em 2017, os seis municípios servidos pela rede terão de investir 4,5 milhões de euros, sendo que ao Governo caberá a fatia de 1,4 milhões, isto para dar força ao arranque da municipalização da sociedade.

Contas feitas, em sete anos, (não se assuste!) a STCP necessitará de qualquer coisa como 50,7 milhões de euros para financiamento, dos quais 16,14 milhões para o défice de exploração, e 34,56 milhões para amortização dos juros de empréstimo tendo em vista a renovação da frota. Atenção ao facto que a indeminização dos municípios à STCP será atribuído de acordo com a distribuição da rede, a saber: Porto (54 por cento), Matosinhos e Gaia (12%), Maia (10%), Gondomar (7 por cento) e Valongo (5%).

autocarros - 01

Estado promete renovação da frota

O papel do Estado, na nova STCP, será, de acordo com o memorando assinado no passado dia 25 de junho, de relevante importância, pois, e ainda de acordo com o ministro Matos Fernandes, “como acionista da empresa, ele (o Estado) será chamado a suportar uma importante parcela do investimento para renovação da frota e atualização dos ativos essenciais à prestação de serviço público”. Falta, agora, às autarquias definirem os critérios de repartição dos encargos das funções de organização, direção e financiamento de obrigações de serviço público.

antonio costa - stcp

António Costa: “Em muito pouco estaremos a assinar um outro protocolo: o do policiamento do trânsito”

“Hoje, assinamos o memorando que cumpre um dos compromissos, a descentralização da gestão dos transportes públicos, e, tenho a certeza, de que em muito pouco tempo, estaremos a assinar o outro protocolo, que resolve também a questão do policiamento do trânsito. Não é possível gerir uma cidade e a ferramenta fundamental para a gestão do tráfego, que é o seu policiamento, em vez de estar à disposição de quem deve cuidar da segurança nacional nas suas dimensões efetivas, estar a imiscuir-se no que nunca poderá fazer bem”. Palavras do primeiro-ministro, António Costa, que se mostrou, visivelmente, satisfeito com a assinatura do referido memorando. Um memorando que, colocado em prática, poderá acabar, ou minimizar, com alguns problemas que, atualmente, afetam os serviços prestados pela STCP.

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Problemas que passam, essencialmente, pela “falha nos horários”. No ano passado, e a este propósito, foram registadas 3.664 reclamações, mais 36 por cento do que no ano anterior. Já as queixas dos utentes, relacionadas com o comportamento dos trabalhadores da STCP registaram uma redução de 13 por cento, isto tendo em conta o Relatório e Contas de 2015.

Questões e sugestões a ter em conta

São muitos os reparos que se fazem quanto à (atual) prestação de serviços da STCP. Uma delas é a falta de veículos de maior capacidade – “articulados” e “dois pisos” – que, em algumas linhas, e em horas de ponta. Os que, atualmente, fazem serviço vão a “arrebentar pelas costuras”.

Mas, há mais! A frequência de autocarros aos domingos não responde às exigências, principalmente nos meses de verão. São poucos os veículos e os que circulam vão… sobrelotados, caso das linhas 200, 203, 500 e 502.

Neste contexto, outro reparo há a ter em conta: a ligação da zona oriental para a ocidental da cidade, é quase inexistente, em termos de viagem direta: o 207 (Campanhã-Av. Marechal Gomes da Costa/Serralves) não circula ao domingo, e, ao domingo, há, por vezes, atividades dignas de registo numa das maiores instituições do Porto (Serralves). Há quem defenda uma “Linha Expresso” – aproveitando a VCI – entre os dois extremos da cidade.

Ora, em termos de sugestões e reclamações, não ficamos por aqui. Releve-se, para o efeito, a “falta de intermobilidade na rede de transportes durante a madrugada” assim como, a “necessária e urgente renovação da frota”.. É – dizem – necessário abater os muitos autocarros com mais de 15 anos. Quanto a este último caso, refira-se que a futura STCP pretende adquirir 320 novas viaturas, o que é, sem dúvida, um facto digno de registo… pela positiva (está claro!).

Por último, e a reclamação vem da Maia, os moradores da cidade do Lidador dizem-se mal servidos pela STCP. Os maiatos dizem ter de esperar, muita das vezes, mais de uma hora por um… autocarro.

Ficam aqui as reclamações e sugestões de alguns utentes dos serviços da STCP, uma STCP que vai mudar, esperemos que… para melhor.

STCP ao Raio X

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Vamos a números oficiais.

A frota da STCP, no final de 2015 era constituída por 419 autocarros, com uma média de 13 anos e seis carros elétricos históricos que efetuam serviço público. Desapareceram de circulação os, também históricos, troleicarros.

Em suma, a STCP conta com a seguinte frota:

118 autocarros “Standart” (12 metros) a gasóleo; 229 autocarros “Standart” (12 metros) a gás natural; 08 minis, a gasóleo; 20 autocarros articulados (18 metros), a gasóleo; 29 autocarros articulados (18 metros), a gás natural; 15 autocarros de dois andares (14 metros).

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A Rede é formada por 72 linhas.

61 diurnos (dos quais 36 de serviço até à uma da manhã); 58 de autocarro e 03 de carro elétrico. 11 na rede de madrugada (00h00/06h00).

A extensão da rede é de 481 Km, com 2 448 paragens (467 Km – autocarro; 09 Km – carro elétrico)

A STCP tem 1 171 trabalhadores, dos quais 70 por cento são motoristas de serviço público e guarda-freios, para um efetivo médio de 1 156 trabalhadores.

A designação do Serviço de Transportes Colectivos do Porto surge em 1946, com o Resgate da Concessão feita pela Câmara Municipal do Porto a um grupo de empresários, para o transporte de pessoas. Esta concessão durou 40 anos.

antigo logo da stcp

STCP: História

A designação do Serviço de Transportes Colectivos do Porto surge em 1946, com o resgate da concessão feita pela Câmara Municipal do Porto a um grupo de empresários, para o transporte de pessoas. Esta concessão durou 40 anos.
Os transportes coletivos nesta cidade remontam, no entanto, a 1872, ano em que a “Companhia Carril Americano do Porto” foi iniciadora em Portugal da sua exploração.

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Um ano depois, forma-se a “Companhia Carris de Ferro do Porto“. Estas duas empresas concorrentes fundem-se, em 1893, numa só que mantém o nome desta última – CCFP.
Passam-se 13 anos, e é então que a concessão atrás referida é outorgada, surgindo, como consequência, e um ano mais tarde, (1907), a “Companhia de Viação Eléctrica do Porto” que, tendo durado apenas um ano, não chega a dar início a qualquer atividade.
Em 1908 é absorvida pela “Companhia Carris de Ferro do Porto“, que vem a beneficiar da concessão.

autocarros antigos - 02

Esta Companhia durou, com esta designação, 73 anos. Ainda hoje, quase 40 anos depois de ter desaparecido, há muita gente que, seguindo o velho hábito, ao referir-se à STCP continua a chamar-lhe “Carris”.
Em 1994 dá-se a passagem a sociedade anónima (de capitais exclusivamente públicos) passando a designar-se Sociedade de Transporte Colectivos do Porto, S.A.

Os (saudosos) troleicarros

Poucos são que falam deles, mas dele guardam, com certeza, boas recordações. Ecológicos; funcionais; únicos no mundo (principalmente o de dois pisos) os troleicarros fazem parte da memória coletiva da Área Metropolitana do Porto. Já não circulam há mais de duas décadas, mas ainda há quem defenda a restituição de, pelo menos, uma linha (turística?!) Será que a nova STCP está a pensar nisso? Fica a pergunta.

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Saiba que os troleicarros circularam na cidade do Porto, entre 1959 e 1997, operados pelos STCP. Os “tróleis”, como popularmente eram conhecidos, foram introduzidos em Janeiro de 1959 com o objetivo de substituir os carros elétricos, em circulação na cidade desde 1895. As primeiras linhas de elétrico a serem reconvertidas foram as linhas para Vila Nova de GaiaCampanhã e Lordelo do Ouro.

A rede cresceu gradualmente nas direções leste e nordeste da cidade do Porto, sendo criadas novas linhas em ruas onde antes não chegavam os carros elétricos. O apogeu da rede ocorreu nas décadas de 1970 e 80, chegando a rede a ter mais de 40 km de extensão e mais de 100 troleicarros ao serviço. Perdeu-se isso tudo, mas, pode ser que… uma “linhazita” apareça por aí, a ligar Porto e Gaia pela abandonada e desrespeitada ponte de D. Maria Pia. Que tal a ideia?

Saudosismos e sugestões à parte, a verdade é que STCP terá, a partir do próximo ano, novos desafios. A Área Metropolitana do Porto terá, de acordo com as ideias reveladas pelas autarquias, a ganhar com esta nova “sociedade”, uma “sociedade” que será um “serviço” de transportes públicos como sempre os portuenses o compreenderam e exigiram.

Texto: José Gonçalves / Pedro Nuno Silva (PNS)

Fotos: PNS e Pesquisa Google

Montagem: PNS

Fontes: STCP, “Porto.” e Wikipédia

01jul16

 

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