Esta rubrica dá a conhecer-lhe a toponímica portuense, através de interessantes artigos publicados em “O Primeiro de Janeiro”, na década de setenta do século passado. Assina…
Cunha e Freitas (*)
“Ainda à roda de 1860, a Foz do Douro era pouco mais do que uma aldeia de pescadores, com as suas humildes casas térreas. Referindo-se a essa época, escrevia Alberto Pimentel, no interessante livro O Porto Há Trinta Anos: “A povoação da Foz começava em Sobreiras por algumas casas de pobre aparência, que pareciam mergulhadas na contemplação melancólica do rio. Algumas árvores completavam o tom sombrio da paisagem (…) As edificações naquele tempo apenas se estendiam até à Senhora da Luz. Aí acabava a povoação, limitada, no alto, pelo farol”.
O caminho que daqui levava a Matosinhos, chamava-se Estrada de Carreiros. De carreiros certamente por “nela transitarem carros de bois, com seus condutores, “atravessava uma solidão profunda, mas pitoresca, em que apenas se ouvia a voz do mar” – elucida-nos ainda o polígrafo portuense.
Mais tarde, Ramalho Ortigão, escrevendo das Praias de Portugal, conta como “as novas edificações começaram a estender-se por Carreiros, aonde se abriu a formosa estrada de Leça, batida pelo oceano, varrida pela brisa marítima, impregnada das penetrantes exalações salgadas”.
Não admira, portanto, que Carreiras fosse celebrada, no século XIX, pelos nossos melhores escritores, tais como Camilo, Arnaldo Gama, Lousada, e outros muitos além dos citados Alberto Pimentel e Ramalho Ortigão. Aqui morreu, em 18 de marços de 1900, António Nobre, o poeta do Só.
Essa “solidão de Carreiros, que nenhum valentão seria capaz de defrontar, por aposta, à meia-noite”, desapareceu, para em nosso tempo surgirem as suas belas marginais que são as avenidas do Brasil e de Montevideu, correndo ao longo das praias da Foz e de Nevogilde.
Em 1930 são aprovados os projetos camarários de embelezamento da Avenida do Brasil; no ano seguinte concluía-se a obra da “Pérgula”.
Como escreve o recente monógrafo da Foz, o sr. Guído Monterey, a propósito das duas avenidas do Brasil e de Montevideu: “ajardinou-se, alindou-se a preceito, tendo sempre a acompanhá-la, em toda a sua extensão, muitas praias. Tem monumentos (…) miradouros, uma fonte luminosa e canteiros. Muitos canteiros, pejados de flores…”
(*) Artigo publicado em “O Primeiro de Janeiro”, na rubrica “Toponímia Portuense”, de 25.01.1974
Na próxima edição de “RUAS” DO PORTO destaque para a “ALAMEDA DAS FONTAINHAS”
Só agora vi isto! O meu tio Nelo Figueiredo enviou-me!
Rebelo, tens de me ensinar açoriano, pois os teus escritos, assim, têm mais sentimento!
Um Grande Abraço
Alcino
Aproveito para saudar o director José Gonçalves por mais uma renovada a atraente edição e felicitá-lo pela inclusão desta interessante temática, não só partindo do princíver resolvido, pelo menos em pare, proximamentepio que conhecer a sua cidade (a sua freguesia, a sua aldeia, o seu paí) é uma forma de o amar (e ninguém ama o que desconhece)mas também porque as páginas de qualquer publicação ficam enriquecidas com o acto de fazer renascer duma “gaveta esquecida” a escrita dum clássico homem portuense como Cunha e Cunha e Freitas escreveu, assinou, publicou. E foi aqui re-publicado. Ainda bem.
Termino justificando o meu silêncio nestas páginas por um motivo de saúde que espero resolvido em breve.
José M. Tavares Rebelo