Lúcio Garcia
No dicionário pode ler-se que “fanatismo” é “o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política. É extremamente frequente em paranóides, cuja apaixonada adesão a uma causa pode avizinhar-se do delírio”.
Nada do que este governo fez, alguma vez conduziu o país para uma saída da crise. Tudo se agravou de forma obscena e traumática para muitos. Famílias inteiras vivem no desespero da fome e de uma vida sem futuro. A classe média que é o sustentáculo de qualquer país está a desaparecer, o país caminha para o abismo. A dívida aumenta, o défice não diminui, e o que é que o governo faz? O que dizem as vozes da maior parte dos comentadores da nossa praça? Insistem e aumentam a dose da austeridade.
O governo, e o seu mentor alemão, acabam de dizer que o programa é um sucesso! Sucesso para quem? Se isto não é fanatismo, então não sei o que é. Na definição de fanatismo é referida, “ Uma adesão a uma causa “.Infelizmente é disso que se trata. Este governo tem uma causa. Uma causa que não foi sufragada nas eleições. Sufragado foram as mentiras de Passos Coelho.
Passos enganou os portugueses! A oposição em geral, verdade seja dita, não lhe tem feito as campanhas de desinformação sujas como as que foram feitas no governo anterior. As campanhas contra Sócrates e seu governo nunca tiveram paralelo na história portuguesa. Que me lembre nunca tal aconteceu. Quem recebe correio eletrónico diariamente já deve ter reparado que as ditas campanhas que nos enxiam as caixas de correio praticamente desapareceram. Isto não diz nada? É coincidência? Claro que não!
Não pensem que isto foi uma deriva, não, não foi. Este foi sempre o plano. Quem me lê há algum tempo, sabe que eu falei disto há muitos meses. O tempo acaba sempre por trazer à luz a realidade. Exceto para os fanáticos.
Lembram-se da minha última crónica? Dizia que em breve, muitos começariam a dar o dito por não dito e que “eles”, até sempre defenderam os reformados as políticas de desenvolvimento e apoio ao emprego? Pois aí estão eles. Até Angela Merkel já se apressa a dizer que a culpa do estado da Europa não é dela nem do seu ministro das finanças, a culpa é da Comissão Europeia, a culpa é de Durão Barroso.
Convém recordar algo mais, e muito importante. Toda esta estratégia começou há muito tempo. Em política, as situações não aparecem sem serem pensadas e assentes numa estratégia. O que pode acontecer, é que depois a situação muda perante a realidade. Foi o caso da estratégia de Passos, seus mentores e sequazes, afinal acabaram por ir de encontro a uma parede de “erro de Excel”.
Pelos vistos não sabiam que as pessoas são seres vivos que tem emoções e cada um é um universo diferente, com anseios e realidades distintas. Tudo estava muito bem organizado, apenas não contaram com…as pessoas.
Se tivessem Keynes em atenção, saberiam que, em economia, há que contar com esta parte na equação.
Mas há mais. Falei na necessidade de ter sido aprovado o PECIV? Que essa aprovação nos poderia ter evitado a vinda da Troika. A Espanha apesar de ter um governo de direita, evitou a sua vinda a todo o custo.
Portugal nunca esteve em risco de bancarrota… como se dizia. Portugal enfrentava uma situação de financiamento da economia, e um pagamento de divida a juros altamente especulativos. Nunca se tratou de um problema de dinheiro para pagar salários.
Ao fim de dois anos, este desgoverno que nos trouxe miséria, fez uma grande festa por ter conseguido ir aos mercados a 10 anos com um juro de 5, 9 por cento. Mas será que andamos distraídos? Lembram-se que a barreira para se ter recorrido à troika foi devida ao juro agiota dos 7pontos percentuais? O Governo e seus amigos, ficaram todos contentes. Disseram que a operação foi um êxito.
Após a destruição da economia, e cada vez mais perto da destruição do nosso estado social. Apesar de mais de um milhão de desempregados, o resultado foi de um empréstimo com apenas 1por cento a menos de juro. É no entanto bom saber, que esta ida aos mercados se deve apenas a um fator, termos o BCE como nosso fiador e não a um qualquer êxito do governo.
Aos que acreditaram nos e-mail que espalharam pelo país, com temas sobre as mordomias, os mercedes, e todas essas coisas, espero que hoje vejam no que colaboraram. Não é que esses assuntos não sejam importantes, porque o são, mas por uma questão de seriedade e de ética republicana. São assuntos que devem ser resolvidos como um exemplo de sobriedade a ser dado pelo estado. É sobre esta perspetiva que devemos olhar para estas situações, outra qualquer, só serve para nos afastar dos verdadeiros objetivos a prosseguir.
Foi assim que as pessoas foram enganadas em relação ao PECIV. Hoje, já não sou só eu a dizer que tudo o que se passou foi uma armadilha. São as vozes recentes que se fizeram ouvir de Pacheco Pereira, do PSD, e curiosamente de António Lobo Xavier e Pires de Lima, ambos do CDS, que o confirmam. Mas só hoje o fazem. Dizem que esta situação foi escondida do Povo, porque será?
Quem faz parte do Governo? Carlos Moedas e Vítor Gaspar, estavam os dois na linha dura da Comissão Europeia. António Borges, que estava na linha dura do FMI e é conselheiro especialista deste governo. Apenas não é ministro por que o ordenado é pequeno e, assim, ganha cinco vezes mais.
Foram estes “artífices” que estão na base ideológica deste governo. Um governo que não está ao serviço do País mas de uma estratégia dos mercados financeiros ou não fossem apenas esses que estão a lucrar com a nossa desgraça.
Antigamente, quando se fomentavam politicas contra o interesse de Portugal e dos Portugueses; quando nos mais altos cargos da Nação estava gente contra, ou que não defendiam os interesses do País, esta gente tinha um nome…agora já não sei.
O Presidente da Republica que agora apadrinhou este Governo, não está isento de culpas. Até na estratégia para derrubar Sócrates, do golpe das escutas ao discurso de tomada de posse.
O Presidente é responsável e conivente com a política que se instalou em Portugal. É responsável ao afastar a melhor arma da democracia para resolver situações de crise grave, como as eleições. Começa a tornar insustentável a crise que realmente existe na coligação e no País. Começa a tornar-se corresponsável pelo aparecimento de sinais de violência perante o quadro de pobreza e injustiça no País. Pode tornar-se responsável pelo aparecimento de um qualquer Mestre de Aviz e depois à sua boa maneira não diga que eu não avisei.
Durante muito tempo, omitiu-se deliberadamente os efeitos da crise de 2008.
Muitos só descobriram que esta aconteceu recentemente. Esta crise levou à falência de muitas empresas exportadoras, muitas do ramo automóvel e outras como a “filial” portuguesa da “Qimonda”, em Vila do Conde, que empregou cerca de 1700 pessoas. Era uma das principais empresas exportadoras do nosso país, tendo liderado o ranking em 2007 com vendas para o exterior na casa dos 1,6 mil milhões de euros”.
Esquecem o facto do último Governo ter adotado muitas medidas de apoio ao emprego como foi feito com a “Auto-Europa” por exemplo, no valor de muitos milhões de euros mas que se assim não fosse, provavelmente, já não estaria em Portugal.
O resultado destes apoios ao emprego, a diminuição drástica de impostos cobrados face à falência de empresas exportadoras e o aumento do desemprego gerado, a par da política económica expansionista adotada por Bruxelas é que nos levou ao brutal aumento dos défices nos últimos dois anos de governação de Sócrates. Alguns erros poderá ter cometido Sócrates, mas esta última situação não decorreu de uma ação política de erro de governação, mas sim em consequência direta da crise internacional.
Deixemo-nos pois de pequenos assuntos, que não resolvem o problema do País. No seu cômputo geral o valor é irrisório. Preocupemo-nos sim, com as reais questões que podem salvar o País. E isso, meus caros leitores, passa por um governo com voz forte em defesa do interesse nacional. Que defenda Portugal no seio da Europa. Tudo hoje passa pelo reforço da coesão europeia, da inversão das políticas monetaristas que nunca resultaram em parte alguma do Mundo. Pela reconstrução do verdadeiro espirito que presidiu à construção da Comunidade Europeia.
Por um Banco Central Europeu com poderes iguais à Reserva Federal dos U.E., do Banco de Inglaterra ou do Banco do Japão. Por uma Europa Federal. Por uma Europa que regule, definitivamente, o mercado financeiro e as off-shores, que até subsistem no seu seio. Veja-se o exemplo de Chipe.
É tempo de não nos deixarmos enganar por esta cambada de parasitas. Por estes “patrões” que vivem da exploração dos trabalhadores e que são eles próprios sustentáculos deste governo. Não é com este tipo de “patrões” que alguma vez poderemos fazer crescer o país, mas sim, com empresários dinâmicos, sérios, trabalhadores e que vivem as suas empresas lado a lado com os seus trabalhadores.
São estes que criam o futuro. Serão estes homens e mulheres que em conjunto vão criar a riqueza que necessitamos para pagar o nosso estado social e não fazer o inverso. Claro que sem geração de riqueza não poderemos pagar o estado social.
Esta é a maior “trafulhice” dos nossos tempos em que se invertem as prioridades.
É tempo de por cobro a isto.
Caro leitor Rui Duarte.
Obrigado pelo seu comentário.
A mudança depende de todos nós.Depende de rapidamente muitos deixarem de pensar que a sua politica é o trabalho, que não são politicos, que os politicos são todos uns aldrabões, não, não são. Isto é como na sociedade em geral e em todas as profissões, onde há gente boa e vigaristas. Não meu amigo, a politica somos nós que a fazemos. Quem diz que a sua poltica é o trabalho não sabe o que está a dizer, porque o trabalho de cada um depende das politicas. A politica tem a ver com tudo o que nos rodeia, é a boa politica que nos dá bom trabalho e é por isso que nunca devemos de desistir de lutar. Lembre-se que há pouco mais de um século, em termos históricos isto não é nada, ainda havia escravatura no chamado mundo ocidental,(no outro ainda há,e pelo caminho que isto leva parece que alguns a querem restaurar no nosso lado uma vez mais). Mas,depois tudo mudou, e é preciso continuar a trazer à memória o que avançamos e não perder aquilo pelo qual muitos antepassados nossos deram o seu melhor e até a sua vida.
Cumprimentos
É tempo de por cobro a isto, o sr. Lúcio Garcia tem razão. Mas quando – e não se sabe quando se porá cobro a isto – os protagonistas mudarão (as caras e as caretas) e a política será a mesma e até com mais austeridade? Nós estamos vendido!