O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, afastou, no passado dia 26 de agosto, o cenário de crise no executivo por si liderado, relativamente às polémicas posições do vereador Sampaio Pimentel, ligado ao CDS. Moreira em comunicado fez questão logo de frisar que o CDS não concorreu às eleições de há um ano atrás para as autárquicas portuenses, e que a retirada da Fiscalização e Proteção Civil a Sampaio Pimentel era uma inverdade. O senhor vai continuar por lá.
“Apesar de ser militante do CDS-PP, não é, por isso, vereador do CDS-PP mas sim vereador eleito na lista independente”, esclareceu Rui Moreira. Já o CDS, dias antes, também por comunicado apressou-se a garantir que “não havia qualquer alteração na autarquia” e que “as movimentações feitas pelas estruturas do partido teriam assegurado a continuidade do seu vereador”.
Moreira decidiu, isoladamente, ou seja sem “ a influência de qualquer partido ou voz estranha à governação da Câmara Municipal do Porto” não retirar os pelouros a Pimentel. Ora, resolvido, à priori, o problema, a decisão foi de imediato comunicada à Concelhia do CDS-PP, sublinhando o presidente da CM Porto respeitar “as forças políticas que estão ao seu lado e que “lutaram por um projeto para o Porto nas últimas eleições autárquicas”.
Mas, quais foram os pontos de atrito, que levaram a esta situação de conflito político, entretanto, aparentemente sanada? Entre outros casos, realce para a posição que Pimentel tomou em março último, ao votar contra a proposta do executivo para a atribuição do nome de uma rua a José Saramago. Voto vencido contra os 12 a favor.
Já em maio registou-se novo problema, digamos que este mais grave no ponto de vista político, com o vereador em questão a questionar uma decisão do Tribunal Constitucional quanto à colocação de propaganda política fora dos períodos eleitorais, depois de várias queixas da CDU a Comissão Nacional de Eleições, a qual deu razão à coligação de comunistas e ecologistas.
Ao chegar à presidência, Rui Moreira mostrou-se disponível para alterar o regulamento municipal que legitimava o arranque de propaganda e foi mesmo criado um grupo de trabalho com o objetivo de expurgar o regulamento de algumas normas inconstitucionais. A questão é que, apesar das intenções manifestadas, Moreira não publicara qualquer despacho a suspender o regulamento e a propaganda da CDU voltou a ser arrancada, o que terá gerado grande incomodidade no executivo.
Entretanto, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Luís Artur, lamentou, ao “Público”, a “crispação que se instalou na atual maioria e que tem vindo a dar sinais há já algum tempo” e “até a acha natural”. Porquê? “Primeiro, por que Manuel Pizarro tem excesso de protagonismo na gestão da câmara; segundo por que o CDS tem cada vez menos visibilidade”. Para Luís Artur “o protagonismo de Manuel Pizarro é superior à sua votação nas eleições autárquicas”, reprovando o estilo para a “falta de consenso” do vereador do PS para questões importantes para a cidade como é o caso do regulamento municipal de habitação”, aprovado recentemente.
OBRAS JUNTO AO “FLUVIAL” PREVISTAS PARA DURAREM SEIS MESES
A Câmara do Porto revelou no passado dia 20 de agosto o início das obras para reparar e prevenir os aluimentos que, este ano, vedaram ao trânsito, durante vários meses, uma das ruas junto ao complexo desportivo do Clube Fluvial Portuense.
“A obra, da responsabilidade das Águas do Porto, destina-se a reforçar toda a estrutura da galeria da ribeira desde a zona do colapso, junto ao Fluvial, até à sua foz no rio Douro, mantendo todas as árvores existentes e sem criar complicações acrescidas à circulação automóvel”, indicou a autarquia numa nota escrita citada pela agência Lusa.
A empreitada tem um prazo previsto de “seis meses”, e está avaliada em 460 mil euros, tendo sido começado a ser planeada em fevereiro, com as primeiras vistorias “às condições estruturais da galeria” a revelar “resultados muito preocupantes”, acrescenta a Câmara.
Os aluimentos na rua D. Pedro de Menezes eram recorrentes, revelando um problema “estrutural” relacionado com a Ribeira da Granja, um curso de água subterrâneo e entubado que atravessa aquele local.
Assim, e segundo a autarquia, ” não se optou por reparar apenas a zona afetada, uma vez que existia o risco de uma nova rutura”, sendo, então, elaborado “o projeto de reforço para toda a galeria (com cerca de 200 metros)”, avaliado pelo Instituto de Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que acompanhará a execução dos trabalhos.
A MORTE DO “VICE-REI DO NORTE”: PIRES VELOSO
O general António Pires Veloso, um dos protagonistas do 25 de Novembro de 1975 e que naquela década ficou conhecido como “vice-rei do Norte”, morreu no passado dia 17 de agosto, no Porto O funeral realizou-se dia 19 de agosto, partindo da igreja da Lapa, Porto, onde está a ser velado em câmara ardente, para Mesquitela, Celorico da Beira. Pires Veloso, 88 anos, faleceu no polo do Porto do Hospital das Forças Armadas.
António Pires Veloso nasceu em Gouveia em 1926. Enquanto governador militar do Norte foi um dos principais intervenientes no contragolpe militar de 25 de Novembro, que pôs fim ao “Verão Quente” de 1975. Desde o primeiro momento que o mandato de Pires Veloso na Região Militar Norte foi marcado pela instabilidade: quem passa pela Praça da República, no Porto, dificilmente imagina que um chefe da Região Militar Norte (RMN) tivesse de tomar posse do seu quartel-general rodeado metralhadoras, mas foi isso que aconteceu em 12 de Setembro de 1975 com Pires Veloso.
O oficial, acabado de regressar de S. Tomé e Príncipe, onde hasteou a última bandeira portuguesa, soube na véspera, dia 11, que iria substituir o coronel Eurico Corvacho à frente da RMN.
A RMN inicia então um programa intenso de ação social, política e cívica em todo o Norte, cedendo terrenos e dando apoio logístico a inúmeras instituições da região – é o caso do espaço onde a Universidade do Minho foi construída, em Braga. Todo este trabalho e a vitória no 25 de Novembro deram a Pires Veloso o poder suficiente para rapidamente ser chamado de “vice-rei do Norte”.
Em 1980, candidatou-se à Presidência da República como independente, numas eleições nas quais foi reeleito Ramalho Eanes. Em 2006, no dia 25 de Abril, foi agraciado com a Medalha Municipal de Mérito pela Câmara Municipal de Porto, à data presidida por Rui Rio, pelo seu “desempenho militar” e “papel fundamental na consolidação da democracia nacional durante o período em que comandou a Região Militar do Norte”. A 25 de Novembro de 2008 lançou um livro de memórias, “Vice-Rei do Norte, Memórias e Revelações”, escrito da mesma forma que viveu a sua vida: “sem papas na língua e olhos nos olhos”.
Fontes: CM Porto – Gabinete Informação; “Público” e LUSA
Fotos: Pesquisa Google
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