Nascido no Porto, Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello viveu parte da sua vida em Afife – onde se encontra enterrado – e, depois, em Lisboa, onde se formou em Direito, foi subdelegado do Procurador da República, mas optou pelo ensino, tendo sido, em 1954, nomeado diretor da Escola Comercial de Mouzinho da Silveira, no Porto. Atraído pelo estudo do folclore e da etnografia, Pedro Homem de Melo iniciou, em 1958, um programa de folclore na RTP e fundou, no Porto, a Academia de Danças do Norte de Portugal e a Academia Coral da cidade. Entre as criações literárias que mais o notabilizaram ao longo de seis décadas destacam-se os seus primeiros versos, quando era ainda estudante, publicados no semanário de Águeda, “Soberania do Povo”; o seu primeiro livro, “Caravela ao Mar” (1934), e “Segredos”.
Pedro Homem de Melo casou com Maria Helena de Sá Passos Rangel Pamplona, filha de José César de Araújo Rangel (24 de Janeiro de 1871 – 1 de Junho de 1942) e de sua mulher Alda Luísa de Sá Passos (Lisboa, 6 de Novembro de 1887 – 25 de Junho de 1935), e teve dois filhos: Maria Benedita Pamplona Homem de Melo (3 de Fevereiro de 1934), que faleceu ainda criança, e Salvador José Pamplona Homem de Melo (Porto, Cedofeita, 30 de Julho de 1936), já falecido, que foi casado a 6 de Setembro de 1969 com Maria Helena Moreira Teles da Silva (10 de Janeiro de 1944), neta paterna da 12.ª Condessa de Tarouca, de quem teve uma filha, Mariana Teles da Silva Homem de Melo (Porto, 3 de Novembro de 1974), e depois com Maria José de Barros Teixeira Coelho (Braga, São José de São Lázaro, 9 de Janeiro de 1943), de quem teve uma filha, Rita Teixeira Coelho Homem de Melo (Porto, Santo Ildefonso, 10 de Julho de 1983). Foi tio-avô de Cristina Homem de Melo
PRECE
Talvez que eu morra na praia,
Cercado, em pérfido banho,
Por toda a espuma da praia,
Como um pastor que desmaia
No meio do seu rebanho…
Talvez que eu morra na rua
– Ínvia por mim de repente –
Em noite fria, sem Lua,
Irmão das pedras da rua
Pisadas por toda a gente!
Talvez que eu morra entre grades,
No meio duma prisão
E que o mundo, além das grades,
Venha esquecer as saudades
Que roem o meu coração.
Talvez que eu morra dum tiro,
Castigo de algum desejo.
E que, à mercê desse tiro,
O meu último suspiro
Seja o meu primeiro beijo…
Talvez que eu morra no leito,
Onde a morte é natural,
As mãos em cruz sobre o peito…
Das mãos de Deus tudo aceito.
– Mas que eu morra em Portugal!
REALIDADE
Fomos longe demais, para voltar
Aos antigos canteiros onde há rosas.
Em nós, o ouvido, quase e, quase, o olhar
Buscam nas cores vozes misteriosas…
Mas o mistério é flor da juventude.
Não rima com poemas desumanos.
A idade – a nossa idade! – nunca ilude.
Só uma vez é que se tem vinte anos.
Quebrámos todos, todos os espelhos
E o sol que, neles, está hoje posto
Já não reflecte os lábios tão vermelhos
Que nos iluminam, sempre, o rosto.
Realidade? Há uma: apenas esta!
– Somos espectros na cidade em festa
NÃO CHOREIS OS MORTOS
Não choreis nunca os mortos esquecidos
Na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E quando, à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar… guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro Homem de Mello, in “Caravela ao Mar”
CANÇÃO À AUSENTE
Para te amar ensaiei os meus lábios…
Deixei de pronunciar palavras duras.
Para te amar ensaiei os meus lábios!
Para tocar-te ensaiei os meus dedos…
Banhei-os na água límpida das fontes.
Para tocar-te ensaiei os meus dedos!
Para te ouvir ensaiei meus ouvidos!
Pus-me a escutar as vozes do silêncio…
Para te ouvir ensaiei meus ouvidos!
E a vida foi passando, foi passando…
E, à força de esperar a tua vinda,
De cada braço fiz mudo cipreste.
A vida foi passando, foi passando…
E nunca mais vieste!
Pedro Homem de Mello, in “Segredo”
Coordenação: Maria de Lourdes dos Anjos
Fonte: Wikipédia
01jan15
O Doutor Pedro Homem de Mello, além de ter sido um Poeta, Excepcional, e um Grande Docente era um Homem Íntegro, e que defendia os Alunos. O Meu Falecido Avó, fez o Curso Comercial, na Escola Mouzinho da Silveira e foi uma Vez Injuriado, por um Execrável Professor. O Meu avó reagiu Verbalmente, e essa Personagem Sinistra queria que o meu Avó fosse Expulso. E o Doutor Pedro Homem de Mello cortou-lhe Secamente a Palavra, dizendo”Conheço o Bom Caracter do Aluno, enquanto eu For Director da Escola, o Aluno Fernando Gomes não é Expulso!”. Paz a sua Alma!
Tive o prazer de ter tido o Dr. Pedro Homem de Melo como meu professor de português na E.I.I.D.H, no ano de 1961.