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Mário Zambujal “À Conversa” no Museu de Ovar

O autor da “Crónica dos Bons Malandros”, Mário Zambujal, foi o mais recente escritor convidado de um “À Conversa no Museu” no… Museu de Ovar antes do final do ano (21 novembro). Um evento cultural dinamizado pelo autor de poesia e literatura infantil, Carlos Nuno Granja, que, há mais de um ano, vem proporcionando um interessante contacto e diálogo entre escritores e leitores através de uma iniciativa em colaboração com o Museu de Ovar designada “À Conversa no Museu”.

E foi à conversa com Mário Zambujal que se ficou a conhecer de forma mais familiar, muitas das suas histórias e por si contadas, então como jornalista, locutor de rádio ou apresentador de televisão, em que “foi considerado como uma cara nova na TV” e aí reconhece que se deu bem com as pessoas, tendo ficado duas décadas na televisão.
A resposta positiva ao convite para vir ao Museu de Ovar, que lhe foi feito pelo escritor ovarense Carlos Nuno Granja, deveu-se ao facto de Mário Zambujal privilegiar com grande entusiasmo e interesse, o contacto publico que nesta deslocação ao norte conjugou ainda com uma sessão na Escola Secundária José Macedo Fragateiro, numa animada conversa com os alunos.

Perante uma sala cheia no Museu de Ovar (Sala dos Fundadores) com um público que tem tido o privilégio de partilhar bons momentos de conversas com vários escritores, o autor de várias outras obras, como “Uma Noite não são Dias”, “Dama de Espadas”, “Histórias do Fim da Rua” ou, a mais recente, “Serpentina”, falou sobre tudo, da sua vivência como jornalista dum tempo em que o “Bairro Alto era a capital da imprensa. Até a Comissão de Censura se mudou para lá!”. Recordou Zambujal, que ali trabalhou nos jornais “A Bola” e, “O Século” onde foi chefe de redação, cujo contínuo, “ia a pé com as provas de O Século à censura” lembrou com ironia.
As grandes mudanças havidas em todas as componentes de fazer jornalismo, levaram mesmo este extraordinário contador de histórias a afirmar, “Sou apanhado numa alteração de civilização”, reconhecendo que as novas tecnologias e todo o tipo de novos aparelhos disponíveis, “aumentaram a nossa liberdade, mas também a retirou!” referindo-se ao telemóvel que teve dificuldades de se adaptar ou às redes sociais de que não é fã, mesmo reconhecendo a sua utilidade. Admitiu mesmo ter a “sensação que estou a viver outra vida com estas “máquinas”, para o bem e para o mal”. Por isso, afirmou que, “ainda está por inventar, uma máquina com sensibilidade e sentimentos, como essa máquina insuperável que é o ser humano”.

Entre a variedade de motes para a conversa durante uma noite que passou demasiado rápida, a relação entre o jornalismo e a escrita de livros, era inevitável nas deixas dos leitores presentes, assumindo que, “todos os escritores que foram jornalistas, mantêm um estilo narrativo que procura ser claro às pessoas”. Estilo literário de Mário Zambujal que curiosamente o vereador da cultura da Câmara Municipal de Ovar ali presente, Alexandre Rosas, confessou desconhecer a sua obra e com reconhecida humildade, se manifestou interessado, na sequência deste contato com o escritor ao vivo, em se estrear como seu leitor.

Autor de uma “escrita limpa e transparente”, que escreve, “livros com pessoas lá dentro”, como realçou a representante da sua editora, Mário Zambujal é o atual presidente do Clube de Jornalistas e teve a sua estreia literária em 1980. Escreveu histórias para a televisão, teatro e rádio. Foi jornalista de A Bola, subchefe de redação de “O Diário de Lisboa”, chefe de redação de “O Século”, “Diário de Noticias” e de “O Jornal”, diretor-adjunto do “Record”, diretor do “Mundo Desportivo” , do semanário “Se7e” e director-interino do “Tal & Qual”.
No pequeno ecrã, foi subdirector do Canal 2 da RTP e apresentador de diversos programas de televisão.

Foi assim, em mais um agradável “À Palavra no Museu” apresentado e moderado por Carlos Granja, que o escritor convidado, Mário Zambujal, que nasceu em 1936, na Amareleja, perto da fronteira com a Espanha, cuja Guerra Civil marcou a sua infância, que mais uma vez manifestou uma certa nostalgia pelo tempo em que havia o barulho das máquinas de escrever, que eram música para si, e o sussurrar das pessoas que falavam uns com os outros na redação dos jornais. Memórias que também são uma mais-valia de um “envelhecimento saudável”, como defende, deixadas com muita ternura e irreverência, e muitos agradecimentos pela simpatia como foi recebido em plena rua pelas pessoas para quem não passou despercebido, do bairro do Lamarão à casa de petiscos Adega Social.

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Carlos Nuno Granja

Um evento literário ainda para muitas conversas
A par do percurso literário do escritor ovarense, Carlos Nuno Granja, na área da poesia e da literatura infantil, com livros publicados como: Sentimentos in Versos (2012); O Fato e a Gravata (2013); Estudos de Alma e Conclusões; Rimas numa folha de Alface; Poesia Objectiva; A Zanga das Letras Comadres; Manifesto Anticrise; O Cágado Sonhador que queria ser Aviador (2014); O Rei Belarmino Não é Tenor e ainda Chegaste Primeiro. Uma vasta obra, a que, antes de acabar o ano ainda acrescentou a apresentação do livro infantil, “Rima, Rimão, Rimonada” no dia 21 de dezembro no Museu de Ovar.
O professor do 1º ciclo, Carlos Nuno Granja, nascido em Ovar, em novembro de 1975, assumiu em mãos com reconhecido mérito, o evento literário “À Palavra no Museu” que ainda tem muitas conversas para proporcionar a um público que desde a primeira edição, em Agosto de 2013 tem aderido com interesse.

Este projeto que alcançou um espaço muito próprio na oferta e agenda cultural na cidade de Ovar tem permitido o contato dos leitores, com escritores essencialmente de romances, ainda que, como realça Carlos Granja, responsável pelos convites, “tenhamos a rubrica, Há Poesia, dedicada aos poetas. Dentro do estilo contemporâneo, da nova vaga, ou mais velhos, todos com uma carreira consolidada”. Já na Comunidade de leitores Ovarenses, uma outra vertente do À Conversa no Museu, o seu entusiasta e animador, esclarece, “optamos por escritores com primeiros romances ou a iniciar a carreira”. Menos presentes têm estado os autores de literatura infantil, uma vez que, como reconhece Carlos Granja, “É uma área cujos autores não aderem muito a sessões deste género. Mas vamos apostar e trazer autores e ilustradores de literatura infantil”.

Durante mais de um ano do À Palavra no Museu, já estiveram no Museu de Ovar para animadas conversas moderadas pelo Carlos Granja, que colocou ao serviço da sua terra a mais-valia do reconhecimento que a sua produção literária tem merecido como escritor, assim como o privilegiado conhecimento e contacto direto com os escritores ou através das suas editoras, facilitando a presença de nomes de autores que vão desde Ana Luísa Amaral a Richard Zimler, Afonso Cruz, João Tordo, Luís Miguel Rocha, Manuel Jorge Marmelo, Maria do Rosário Pedreira, Miguel Miranda, entre outros, como o que aqui começamos por abordar, Mário Zambujal.
Neste figurino do À Palavra no Museu também já participaram desenhadores (Marcos Mendes), realizadores (Edgar Pêra), fotógrafos (Rui Palha, Rui Pires e José Fangueiro). E como nos confirmou Carlos Granja, “queremos abrir para outras áreas da cultura e consolidar os eventos também nessa vertente”.
Em agenda para novas sessões, sempre acompanhadas de livros dos autores, estão garantidas as presenças de Nuno Júdice, no dia 30 de janeiro, para mais um Há Poesia e Sérgio Godinho, no dia 20 de fevereiro, para falar do seu livro.

Zambujal ladeado pela representante da editora e Carlos Nuno Granja
Zambujal ladeado pela representante da editora e Carlos Nuno Granja
Ao centro, o diretor do Museu de Ovar, Manuel Cleto
Ao centro, o diretor do Museu de Ovar, Manuel Cleto
Mário Zambujal
Mário Zambujal
Zambujal e o vereador da Câmara Municipal de Ovar, Alexandre Rosas
Zambujal e o vereador da Câmara Municipal de Ovar, Alexandre Rosas
Mário Zambujal entre alunos na Escola Secundária José Macedo Fragateiro
Mário Zambujal entre alunos na Escola Secundária José Macedo Fragateiro

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Texto: José Lopes (*)

(*)Correspondente do “Etc e Tal Jornal” em Ovar

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