Poucas pessoas sabem hoje quem é este portuense, conhecido pelo nome de Tomás Gonzaga. No entanto, mesmo em frente ao edifício da Alfândega do Porto, lá se encontra a rua com o seu nome. Talvez, por isso mesmo, aqui vimos recordá-lo. Nasceu no Porto, na freguesia de Miragaia, velha zona da cidade, carregada de História e de lendas, numa casa devidamente assinalada com uma placa indicando o seu nome.
Sua mãe foi Tomásia Isabel Clark, portuguesa, mas de ascendência inglesa e o seu pai, nascido no Brasil, foi o magistrado João Bernardo Gonzaga.
Tomás ficou órfão de mãe, logo no primeiro ano de vida, mudando-se com o pai para Pernambuco, em 1751 e, depois, para a Baía, onde estudou no Colégio dos Jesuítas.
Em 1761, veio para Portugal, a fim de cursar Direito na Universidade de Coimbra, onde se tornou bacharel em Leis, em 1768.
Exerceu a magistratura em Beja, de 1779 a 1781, mas voltou ao Brasil, onde passou a viver em Vila Rica (Ouro Preto – Minas Gerais), convivendo aí com intelectuais e poetas.
Com cerca de quarenta anos, conheceu e apaixonou-se por uma adolescente, Maria Doroteia Joaquina de Seixas, com quem pretendia casar-se, embora existisse uma grande oposição por parte da família da jovem, que não aceitava a situação mas que, aos poucos, foi cedendo a esta circunstância. A jovem Doroteia foi imortalizada pelo poeta, sob o nome de Marília, personagem do seu livro “Marília de Dirceu”, sendo Dirceu o nome arcádico deste poeta. Marília representa a mulher sonhada, num distanciamento que remete para um amor platónico.
Prestes a casar-se com Maria Doroteia, foi denunciado como tendo participado numa revolta contra o domínio português, no Brasil, conhecida por “Inconfidência Mineira”, em 1789, a primeira movimentação, ocorrida em Minas Gerais, associada a uma pretensa independência do Brasil. Esta participação política travou-lhe fortemente os seus passos, pois foi preso e condenado ao degredo, em Moçambique. No exílio, acabaria por se casar com Juliana de Sousa Mascarenhas que costuma ser referida como sendo filha de um abastado comerciante de escravos. Desta senhora teve um casal de filhos.
Ao longo da vida, Tomás Gonzaga escreveu poesias líricas, típicas do arcadismo (escola literária surgida na Europa no século XVIII), com temas pastoris/bucólicos e de galanteio dirigidas, especialmente, à sua amada Marília. Tomás António Gonzaga morreu em 1810, em Moçambique, onde exercia o cargo de Juiz de Alfândega.
Texto: Maximina Girão Ribeiro
Fotos: Pesquisa Google
Obs: Por vontade da autora e, de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa
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