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Uma exposição de pintura “como se os trabalhos estivessem molhados”

A desagradável nortada que se fazia sentir no passado dia três de junho, sugeria recolher a um espaço acolhedor para contemplação do mar em tons azuis. Um surpreendente desafio que acabaria por ser proposto pela obra da artista plástica, Catarina Machado, que veio ao Museu de Ovar partilhar, exatamente a sua paixão pelo mar, através da exposição de pintura “Atlântico Vs Índico”, que esteve patente na Sala dos Fundadores até ao pretérito 24 de junho.

Catarina Machado
Catarina Machado

Para a cerimónia de inauguração desta exposição, o diretor do Museu de Ovar, Manuel Cleto, fez-se rodear de mulheres “sempre bonitas”, como se referiu à atriz Aurora Gaio ali presente, bem como da própria autora das obras, Catarina Machado que nasceu no Porto, em 1975, Licenciada em Arquitetura e com formação em Arte-Contemporânea, que sempre viveu junto ao mar em Miramar e “sem o mar não conseguia viver”, como afirmou, daí esta sua inspiração, que transmiti ritmo, movimento e sobretudo energia positiva, que contagiou o momento cultural vivido nesta tarde”.

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Como referiu a pintora Catarina Machado, “a exposição chama-se “Atlântico Vs Índico” porque o mar é a minha fonte de inspiração desde sempre”, mas também recordou, que, a sua pintura até aos anos 90, pela sua formação em arquitetura, era, “muito geométrica, e eu tinha sempre referências de edifícios. Fotograva e depois transportava para a tela”.

Seria, entretanto, na sequência da pratica do surf, que coincidiu com o final de curso desta pintora do mar, que a sua arte pictural “começou a ficar mais orgânica”, pintando as emoções que o surf transmitia, de forma, “muito coloridas, com muito movimento e com muito ritmo”, que as obras expostas transmitem, refletindo uma fase desta série de trabalhos, que a autora identifica, como sendo, “telas mais monocromáticas em tons de azul, que remete igualmente ao mar, mas aqui é mais evidente sentir-se a água, que é isso que eu pretendo necessitar dos movimentos do mar”.

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Os azuis que inundaram a Sala do Museu de Ovar com a representação do Atlântico, mas particularmente do Índico, são memórias frescas de viagem que, “tive o privilégio de numa viagem, conhecer as Maldivas, e é muito este azul. Estes tons que estão aqui representados”, já que o Atlântico está representado, “nuns tons de azul mais escuro, que remete ao nosso mar”.

Nas obras expostas em técnica mista sobre tela de diferentes tamanhos, sente-se o movimento das ondas, até mesmo o estar submerso e o emergir. Uma sensação de “estar debaixo de água”, cuja técnica utilizada, “é diferente do óleo e do acrílico. Utilizo aqui o esmalte, que é exatamente para tentar transmitir o fresco. É como tivesse este brilho, é como se os trabalhos tivessem molhados, como se fosse uma espécie de chamativo para as pessoas darem um mergulho nas obras”, refere Catarina Machado, que assume manter-se nesta “onda”.

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Na sua última exposição representou os cinco oceanos, mas como destacou, “aqui optei pelo Índico e Atlântico e ainda há mais que quero explorar sobre o Atlântico”, porque, para além dos azuis-escuros e brancos, “temos parte do nosso Atlântico que vai para uns verdes mais escuros”. Trata-se de, “uma técnica que me está a dar muito gozo”, ainda que tenha de “levar bastantes camadas e utilizo a trincha. Estou completamente apaixonada por esta descoberta”, afirma a pintora que no seu percurso, tem sempre como fio condutor, “a energia do mar e as sensações que o mar nos provoca”, adiantou ainda Catarina Machado, para quem, “mergulhar é o meu psicólogo”.

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Uma terapia natural deixada pela artista que a partir de 1995 iniciou a sua participação em vários concursos e bienais de Artes Plásticas. Iniciando-se também um ano depois (1996), em exposições individuais e com maior regularidade em exposições coletivas.

Tem estado ainda representada em várias Feiras Internacionais de Arte Contemporânea: ARCO’02 e ARCO’08, ART COLOGNE’06, MIART Milão 2000 e 2001, VienaAushotel Áustria 2001, NewArt Barcelona’99, IV Foro Atlântico Pontevedra’99, ARTE Lisboa edições de 2005 a 2010 e Trânsito Toledo 2000 entre outras.

A pintora residente em Miramar que foi curadora do maior coletivo de Street-Art do Norte do país: “Mural Rua da Lionesa” em Leça do Balio, integra também a lista de artistas do projeto ANAMNESE, uma plataforma digital internacional de arte contemporânea.

Texto e fotos: José Lopes (*)

(*) Correspondente “Etc e Tal Jornal” em Ovar – Aveiro

01jul17

 

 

 

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