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O ZOO LIDADOR DE AFETOS! Fomos à Maia e mostramos-lhe o outro lado da “vida selvagem”…

O Zoo da Maia foi fundado em 1985 e é da responsabilidade da Junta de Freguesia da Cidade da Maia. No início não passava de um parque de lazer, onde os maiatos iam passear com as famílias, entretanto o Zoo de Lisboa cedeu alguns primatas, juntamente com algumas aves, e daí surgiu a ideia de criar um Zoo na Maia. Atualmente vivem por lá cerca de 500 animais de 100 espécies diferentes.

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Sérgio Silva e Sousa

(texto e fotos)

O Zoo da Maia parece pequeno pelo facto de os habitats estarem próximos uns dos outros, o que faz com que as pessoas que o visitam pela primeira vez pensem que há poucos animais, mas na realidade, como o referimos, são perto de 500.

Cerca de vinte e cinco pessoas trabalham diretamente, em escalas rotativas, no Zoo, desde bilheteira, manutenção, tratadores e escritórios, todos têm a sua importância no bem-estar destes animais.

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Sendo gerido pela Junta de Freguesia, o Zoo tem como diretora do Parque a presidente da referida autarquia, Olga Freire e, como o seu orçamento tem de ser aprovado em Assembleia de Freguesia, tem a necessidade de controlar todos os gastos inerentes ao Zoo. A maior parte dos animais do Zoo, comem frutas e legumes. No entanto há nove felinos, tais como, os linces, o leopardo, os leões e os tigres que comem muita carne por dia, o tigre, por exemplo, pode ingerir cerca de 10Kg de carne diários, os leões entre 7 a 8 Kg, o leopardo como já está na casa dos 20 anos e já ultrapassou a sua esperança de vida, que no seu ambiente normal será entre 14 a 16 anos, ingere uma quantidade menor de comida.

O Zoo faz a criação de insetos e roedores que servem de alimento a algumas espécies de répteis. As cobras comem uma vez por semana pelo facto de terem uma digestão muito lenta.

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De salvaguardar que o “Jumbo” da Maia oferece a parte vegetal, no entanto a carne tem de ser comprada, foi dito ao ETC e Tal Jornal (EeTj) que quando há apreensões da ASAE, o Zoo pode ser contactado para receber a carne apreendida, pois essas carnes são consideradas subprodutos, não próprias para consumo humano, mas para os felinos são ótimas, o Zoo está preparado para receber essa carne e, para esse efeito, tem arcas congeladoras de grandes dimensões que acondicionam muita carne tornando-se numa fabulosa dádiva.

Com a ampliação o Zoo aumentou para quase o dobro

Soubemos que a Câmara Municipal da Maia cedeu um terreno, que não estava a ser utilizado, ao Zoo da Maia, o que possibilitou a construção de habitats maiores, aumentando o bem-estar dos felinos, que na altura estavam em espaços mais reduzidos.

“Foi dada prioridade aos felinos mas, com este espaço permitiu-nos acondicionar melhor também as zebras, que são equídeos que precisam de espaço para correr, e também os chitais que são cervídeos que também precisam de espaço e de não estarem perto do público, pois são mais sensíveis aos barulhos e confusões” disse-nos a responsável técnica e bióloga, Mónica Correia.

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Mónica Correia: “O contributo da Câmara Municipal da Maia foi excelente

Muitos dos animais do Zoo da Maia são apadrinhados, qualquer pessoa ou entidade tem a possibilidade de ajudar na alimentação desse animal e dar-lhe todo o conforto e segurança que de outro modo seria mais difícil ter.

Qualquer animal pode ser apadrinhado, no entanto os valores podem variar, variam consoante o animal escolhido ou se apadrinhado por uma entidade (empresas ou colégios) ou particulares. Por esse facto é sempre benéfico para o Zoo qualquer apadrinhamento, quer seja para a alimentação, alteração de habitat ou somente conforto do animal.

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Este ano pela primeira vez, a Junta de Freguesia, estabeleceu uma parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) da Maia, assim, o IEFP promove cursos de jardinagem onde após a formação teórica vão aos jardins do Zoo da Maia para a formação prática, juntando assim o útil ao agradável, o IEFP promove a prática do curso enquanto o Zoo poupa dinheiro na manutenção dos espaços ajardinados.

O Zoo recebe ainda, estagiários de várias faculdades do País, o EeTj teve a oportunidade de conversar com dois desses estagiários vindos da Universidade de Aveiro que se mostraram muito satisfeitos com a experiência, bem como com o acompanhamento que Mónica Correia, lhes dá.

À conversa com Mónica Correia o EeTj ficou a saber, que o Zoo recebe estagiários todo o ano, e que tem protocolos com faculdades ou cursos de especialização tecnológica e/ou profissional e recebe ainda voluntários.

“Os alunos vêm para cá, ganham experiência nas diferentes áreas, desde biologia à medicina veterinária, da Engenharia Zootécnica à enfermagem veterinária, até mesmo turismo e ambiente, entre outras, depois quando vêm têm a oportunidade de ajudar, desde o maneio do animal à alimentação, para terem uma ideia geral do que é um Zoo, por vezes as pessoas vêm-nos visitar, mas não fazem ideia da logística e do trabalho diário. O trabalho dos tratadores é um pouco ingrato pois muitas vezes mal acabam de limpar o habitat, o animal já o está a sujar, desta forma é muito complicado manter o habitat sempre limpo.”

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Mais de cem mil visitantes por ano

Refira-se que Mónica Correia recebeu o EeTj em dois dias diferentes, acompanhou-nos a todo o lado e mostrou-nos os bastidores deste bonito Zoo

Em termos de visitantes, o número varia de ano para ano, no entanto, mais de 100 mil pessoas visitam o Zoo todos os anos, embora o período de inverno tenha uma grande redução nas visitas, basta haver sol para se notar um aumento de visitas ao Zoo.

O público-alvo durante a semana serão as escolas e os colégios privados. Mónica Correia garantiu que recebem visitas de todo o norte e até mesmo de Coimbra. Estas visitas são sempre acompanhadas por um guia, tornando assim a visita muito mais enriquecedora para as crianças, pois existe a sensibilização para os problemas que os animais enfrentam, como o perigo de extinção de algumas espécies e ainda o problema da caça de algumas espécies, e transmitiu-nos que as crianças ficam admiradas com estes problemas e que não têm a noção do escasso número de animais que restam no meio ambiente selvagem.

Os leões, do circo para a segurança do Zoo

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Viveu num circo e pulava por entre arcos em chamas, o que lhe provocou queimaduras no focinho e no corpo, e dá-se pelo nome de Wojtyla, nome de nascimento do Papa João Paulo II. Foi resgatado e vive atualmente no Zoo da Maia junto da sua companheira Ana. Este é o casal de leões que o EeTj conheceu na visita que fez ao Zoo da Maia.

Ambos os leões do Zoo da Maia foram resgatados de circos e infelizmente podemos verificar algumas lesões provocadas pelo espaço exíguo onde estavam acondicionados e pelos exercícios que eram obrigados a fazer. Felizmente estão neste momento a viver em total conforto e segurança.

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Muitos animais no Zoo, por não terem companheiros da mesma espécie, poderão ter a companhia de outras espécies, chama-se a este facto enriquecimento social, e só acontece se no seu habitat normal também haja esta coabitação. Assim, os visitantes podem perceber que nos habitats normais dos animais as diferentes espécies podem interagir e conviver, para isso têm de ser do mesmo continente e têm de se dar bem, o EeTj pôde constatar o caso do mandril que está a coabitar com os porcos espinhos, chegando o mandril a separar zaragatas entre os porcos espinhos.

No caso do Leopardo e das Linces, o seu habitat é partilhado, embora não estejam nunca em contacto partilham o mesmo espaço, esta situação acontece porque o Leopardo já tem muita idade e padece de um tumor que se está a alastrar a vários órgãos, por este motivo o Zoo optou por receber um casal de linces para se irem adaptando ao novo habitat, até porque no Parque Biológico da Serra da Lousã, onde nasceram, já não teriam espaço para os manterem.

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Muitos dos animais já nasceram no Zoo

O urso que se dá pelo nome de Júnior tem cerca de 14 anos tem cerca de 300 Kg de peso, podendo chegar aos 500Kg e ter uma longevidade 25 anos no meio selvagem, seu pai viveu no Zoo da Maia até aos 29 anos, atualmente o seu esqueleto (do pai do Júnior) está na exposição do Zoo (Esqueletolândia). Júnior, que nasceu no Zoo da Maia, é omnívoro estando já a meio da sua esperança de vida, tem uma linda pelagem castanha brilhante, mas, o que realmente foca as atenções, são os pequenos olhos, tipo cachorro, perdidos no meio da enorme cabeça.

Júnior, por questões de segurança dos tratadores, não tem qualquer contacto direto com os humanos.

O Zoo faz registos diários de todos os animais, desde a alimentação ao estado de saúde, este trabalho é feito pelos tratadores que depois passam essa informação, caso seja necessário, ao veterinário do Zoo.

Mónica Correia garantiu-nos que não há qualquer tipo de compra de animais somente trocas de animais entre Zoos, sempre que necessário, quer por motivos de segurança do animal quer por motivos de reprodução, poderão haver trocas entre os vários zoos da Europa. Diariamente há apresentações pedagógicas do leão-marinho, segunda-feira é o seu dia de folga, pois durante o inverno, o Zoo também fecha para uma manutenção mais a fundo.

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O Reptilário

Antes de nos deslocarmos para junto da “coleção” de répteis passamos pela sala de incubação, todos os visitantes poderão visitar esta secção, mas para isso há a necessidade de uma marcação prévia 30 dias para que o Zoo possa programar a colocação dos ovos na incubadora para que seja possível aos visitantes verem o nascimento das crias.

Num espaço a que dão, de forma carinhosa, o nome de Arca de Noé, vimos vários exemplares de répteis, anfíbios, aracnídeos e algumas aves, acondicionados em belos terrários. De notar que a arquitetura paisagista é totalmente concebida pelas pessoas que trabalham no Zoo.

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Esqueletolândia

Fruto de um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) houve a possibilidade da criação de uma exposição de esqueletos com vários tipos de animais, note-se que alguns dos animais que estão em exposição viveram no Zoo da Maia, como é exemplo do Hipopótamo ou do urso pai do Júnior.

O público pode admirar e perceber através da dentição o tipo de alimentação que cada animal tem, podem também ter a noção da estrutura óssea dos diversos animais que ali estão expostos, desde aves, mamíferos, répteis e até de animais domésticos, como será exemplo do cão e do gato.

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Nota importante…

O zoo não está autorizado a receber animais selvagens que sejam encontrados pelas pessoas, isto por questões de segurança dos animais que já lá se encontram, pois existe o risco de contágio de doenças aos animais residentes, para este tipo de situações as pessoas devem dirigir-se ao Parque Biológico de Vila Nova de Gaia, pois eles estão autorizados a receber animais selvagens, ou então em caso de impossibilidade, devem contactar o Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, para que o animal seja recolhido e entregue no Parque Biológico em seguida.

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Férias escolares

Existem diversos programas e/ou atividades pedagógicas que o Zoo da Maia disponibiliza, damos apenas dois exemplos, festas de aniversários e as colónias de verão, neste ultimo a colónia de verão tem a duração de uma semana, e é compreendida entre as duas últimas semanas de julho e a primeira semana de agosto, das 9h00 às 18h00. Sempre ligado ao âmbito dos animais inclui também o desporto, durante essa semana as crianças têm a oportunidade de um contacto muito mais próximo com os animais e até entrar em alguns habitats de alguns animais dóceis.

Preparam as alimentações e dão os alimentos aos animais, visitam assim os bastidores e as recolhas, do leão e do tigre por exemplo, aprendendo as regras de segurança que os tratadores têm de ter para lidar com os animais mais perigosos, têm ainda contacto com os repteis para quebrar a apatia que existe com esses tipo de animais e perceberem que a pele da cobra não é pegajosa por exemplo.

Programa-se o nascimento das aves para que as crianças assistam ao seu nascimento entre outras atividade pedagógicas. O número máximo é de 50 crianças por semana, havendo uma procura muito grande. As crianças terão de ter entre 6 a 12 anos e são sempre acompanhadas por vários monitores.

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