Sérgio Silva e Sousa
Começo com uma pergunta retórica. Será que o show-off dá saúde? Não, o show-off faz precisamente o inverso! É como uma “droga” que consome tudo em redor, é ainda pior que um vírus porque se transmite pelo olhar ou até pelas redes sociais, “se aquela pessoa publicou as fotos dela de férias no Brasil, eu vou publicar as minhas no México” nem que para isso se tenham de empenhar para pagar essas férias a prestações, “se o vizinho comprou um carro novo eu tenho de comprar um melhor e mais recente”, e por aí em diante. Todos estes cancros da sociedade são passados muito facilmente para os nossos filhos, filhos esses que deviam crescer a receber, da nossa parte, as nossas melhores qualidades e não aquilo que nos consome e corroí.
Há muitos anos que o nosso país se transformou em algo parecido com um tapete, talvez um persa por ser caro, o que é certo, é que durante anos, demasiados, decidimos esconder o nosso lixo debaixo do persa, muito giro e muito caro, e, agora, após tanto tempo, já não há mais espaço para este tipo de lixo. A escumalha ou ratos, como preferirem chamar, proliferaram cheios de saúde e de carteira abastada, mas agora já não se conseguem esconder e estão a aparecer dos mais recônditos lugares.
Viviam nos vários meandros, em sítios que outrora seria impensável sequer pensar ser possível haver este tipo de gente, é na política, na comunicação social, na banca, no setor empresarial e até na justiça, estão espalhados por toda a sociedade e estão todos comprados, logo, maniatados, passam a ser bonecos nas mãos de quem os corrompeu, e tudo isto porque atualmente o que mais conta, o que mais importa é o dinheiro – tudo se faz e tudo se consegue com dinheiro – infelizmente é assim que a maior parte da nossa sociedade pensa, vivemos na era em que o bem material se sobrepõe ao bem moral.
Não importa se o nosso nome fica ou não manchado, não interessa a forma de os outros nos olharem, o importante é ter a conta bancária abastada para poder comprar tudo o que se quer ter, bem como todos aqueles que nos podem beneficiar em algo!
Não há amor-próprio, o brio desapareceu, os filhos não são criados pelos pais, mas sim pelas televisões, consolas de jogos e/ou smartphones, a educação é dada pelo YouTube, muitas vezes por crianças que se decidem lançar nesse mundo de realização de filmes, ditos cómicos ou de eles próprios a jogarem joguinhos. Há, atualmente, uma incapacidade dos progenitores de fazerem o que lhes é incumbido de fazer, que é colocar limites, transmitir ensinamentos morais e de respeito básico pelo próximo.
Já poucos conhecem e/ou praticam aquela frase que diz “a nossa liberdade termina quando põe em causa a liberdade de outro”.
Que tristeza atualmente me dá ver as notícias, basicamente é só corrupção, violência e desporto, esta última (desporto) consegue aglutinar tudo, é lamentável. Nas nossas escolas se uma professora chama a atenção de um aluno, é brutalmente espancada pela família desse aluno! Será este o nosso país? Será este o país pelo qual lutamos outrora, e do qual nos orgulhamos? NÃO, este não é o meu país! No meu país não posso admitir que haja corrupção ao mais alto nível onde se desviam milhões e milhões sem que ninguém seja julgado e condenado com penas exemplares, quando muitas vezes por se roubar migalhas se vai preso, muitas vezes até o processo fica mais caro ao estado. Não é este o meu país, onde se recorre à violência gratuita só porque a professora está a fazer o trabalho que tem e deve ser feito em casa, que é educar! O meu país deve ser, tem de ser diferente!
Está na altura de mudarmos, está na altura de mudar o rumo do nosso país, o povo português não pode alimentar mais este tipo de comportamento, é inaceitável o estado da nossa Justiça, da passividade dos nossos políticos e da mandriagem de uma parte do nosso povo que vive de forma parasita, sugando as energias que quem tenta impulsionar esta grande nação.
Fotos: pesquisa Google
01jun18