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Programa do 28.º “Curtas de Vila do Conde” (03 a 11 de outubro) está fechado, destacando-se sessões simultâneas em Vila do Conde, Lisboa, Porto e Faro

Está fechada a programação para a 28.ª edição do Curtas de Vila do Conde. No total serão 261 os filmes que marcarão as várias secções do festival que, este ano, levará a sua Competição Nacional às salas de Vila do Conde, Lisboa, Porto e Faro. Uma decisão que reafirma o compromisso do festival com a sala de cinema e com o apoio à produção nacional e ao formato da curta-metragem como espaço de descoberta e experimentação.

O Curtas integrará, assim, uma seleção de 17 obras de animação, ficção e documentário, que se mostra fiel na procura e descoberta do que de melhor se vai produzindo em Portugal.

Sandro Aguilar, Cláudia Varejão, Carlos Conceição, Pedro Peralta, Patrick Mendes, João Rosas, Filipa César, Alexandra Ramires, Natália Azevedo Andrade, Denise Fernandes, Diogo Salgado, Luís Costa, Igor Dimitri, Nuno Baltazar, Catarina Romano, Inês Nunes e Eduardo Brito são os realizadores selecionados.

As sessões da competição nacional terão lugar no Teatro Municipal de Vila do Conde, no Cinema Ideal (Lisboa, 7 a 11 de outubro), no Cinema Trindade (Porto, 5 a 9 de outubro) e Auditório do Instituto Português dos Desporto e Juventude de Faro (6 a 10 de outubro), sendo acompanhadas, nas primeiras três cidades, por conversas com os autores.

No ano em que se assinalam os 20 anos da Agência da Curta Metragem, o festival integrará ainda o lançamento de um livro que traça um olhar pelas últimas duas décadas de cinema português: “Reframing Portuguese Cinema in the 21st Century” conta com os contributos de uma dezena de programadores e críticos de cinema.

Também com programação inteiramente nacional, a secção Stereo levará a palco o mais recente projecto de Paulo Furtado (The Legendary Tigerman) Pedro Maia.

Guanche foi rodado entre as montanhas da ilha da Madeira e o Oceano Atlântico e propõe um trabalho em torno do homem, do desenvolvimento e da sua relação com a natureza. Em Vila do Conde, Maia e Furtado apresentam uma primeira abordagem artística à longa-metragem no formato cine-concerto composto por partes da montagem do filme, aqui processadas ao vivo, com acompanhamento musical original e narração, ao vivo, de Íris Cayatte. Em estreia a norte, a secção dedicada aos cruzamentos entre a música e o cinema, incluirá ainda os filmes Antena3 Docs Apresenta Implantação da Rapública #2 Pintar o Hip Hop, o mocumentário Ricardo sobre uma misteriosa personagem que invadiu o palco do concerto dos Sensible Soccers e A Vida Dura Muito Pouco – Celebrando a obra de José Pinhal, assim como a já habitual competição de videoclipes.

Foi longo o período de realização de O Sentido da Vida, o novo trabalho de Miguel Gonçalves Mendes que, passados 20 anos, regressa a Vila do Conde. Cinco anos de rodagens, que percorrem quatro continentes, habitados por sete personagens-arquétipos de diferentes regiões do mundo. A próxima longa metragem do realizador de Jose e Pilar, conta com participações de Marina Silva, Dilma Roussef, Valter Hugo Mãe, Julian Assange entre outros, e será apresentado, numa primeira versão na secção Da Curta à Longa.

Em destaque nesta secção a estreia nacional de Casa de Antiguidades, o mais recente filme de João Paulo Miranda, seleccionado para a competição de Cannes 2020, que toca temas relacionados com a exclusão racial no sul do Brasil. Do autor, o festival passará ainda: Command Action (2015), A Moça que Dançou com o Diabo (2016) e Meninas Formicida (2017). Destaque ainda para a estreia nacional de First Cow, de Kelly Reichardt, e as antestreias de Os Herdeiros de Saramago: ep. Valter Hugo Mãe e Vencidos da Vida, o próximo filme de Rodrigo Areias.

Nas já habituais secções Panorama, o Curtas olhará a produção recente da Roménia e Polónia, assim como passará algumas das obras portuguesas que marcaram os últimos doze meses: A Dança do Cipreste, de Mariana Caló, Francisco Queimadela, Meine Liebe, de Clara Jost, Mesa, de João Fazenda, Portugal e O Cordeiro de Deus, de David Vicente Pinheiro, são os filmes escolhidos. Fechar o destaque à produção nacional com uma nota especial sobre a competição Take One!, um espaço dedicado a olhar o futuro, composto por filmes produzidos nas escolas de cinema.

Pela primeira vez na sua história, o Curtas apresenta grande parte da sua programação também online, através do formato VoD (Video on Demand), permitindo o encontro entre o público e os cineastas e o acesso a uma audiência mais alargada, facto especialmente importante em contexto de isolamento e quando a cultura se afirma como um bem essencial. Previstas estão então a calendarização de sessões de filmes, numa parceria com a Shift72, assim como a realização de debates, entrevistas e masterclasses.

Anunciados estavam já os focos na obra do espanhol Isaki Lacuesta e nas realizadoras Ana Maria Gomes, Elena López Riera e Ana Elena Tejera; a competição internacional e experimental com estreia de filmes de Sergei Loznitsa, Jafar Panahi, Guy Maddin e Nicolas Pereda, entre outros, e o programa do Cinema Revisitado, este ano com novos olhares sobre a produção de Jean-Luc Godard, a celebração dos cem anos de One Week, de Buster Keaton, uma carta-branca ao cineasta Frank Beauvais e a estreia da cópia restaurada de O Recado, primeira longa metragem de José Fonseca e Costa.

Como tem vindo a ser hábito, o Curtas propõe ainda uma programação especial dedicada aos mais novos. Apostando no reencontro das famílias com o cinema, o Curtinhas organizará sessões que percorrem os universos e interesses de diferentes idades. A terem lugar no Teatro Municipal de Vila do Conde, haverá sessões para Maiores de 3, Maiores de 6 e Maiores de 10.

A 28ª edição do Curtas de Vila do Conde realiza-se entre 3 e 11 de outubro. A programação completa poderá ser consultada no site do evento.

DE GODARD A BEAUVAIS… AS ENTRELINHAS DAS HISTÓRIAS DO CINEMA VOLTAM A SER REVISITADAS EM VILA DO CONDE

Secção inaugurada na edição 2019 do Curtas, o Cinema Revisitado volta a trazer ao festival um conjunto de programas especiais compostos por raridades e cópias digitalizadas de obras que marcam os acervos históricos do cinema. Para esta 28 edição alinham-se novos olhares sobre a produção de Jean-Luc Godard, a celebração dos cem anos de One Week, obra maior de Buster Keaton, uma carta branca ao cineasta Frank Beauvais e a estreia da cópia restaurada de O Recado, primeira longa metragem de José Fonseca e Costa. Palavra especial e de proximidade para o programa de homenagem a Vicente Pinto Abreu, colaborador de longa data do Curtas Vila do Conde falecido no início deste ano.

Não raras vezes as estórias e percursos de artistas intemporais fazem-se também na incursão por aquilo a que chamamos disciplinas menores. Obras encomendadas ou projectos de início de carreira podem e devem ser vistas como uma parte integrante de um trabalho que se desenvolve numa constante dialéctica da vida com a arte.

Lembremos a este propósito que uma das primeiras tarefas profissionais do jovem Jean-Luc Godard, de 1956 a 1958, foi a de secretário de imprensa da Fox, insígnia para a qual criou um precioso conjunto de materiais promocionais, kits de imprensa e vídeos que são, hoje, obras em si mesmas. Mencione-se, a título de exemplo, o espumante número especial do jornal Figaro-Pravda publicado para o lançamento de Alphaville (1965) ou o lendário Livret des Sous-titres distribuído em Cannes durante a primeira exibição de Le Livre d´Image (2018).

Da mesma forma, os trailers, que vivem autónomos e se tornam peças de uma história de criação: o de A Woman is a Woman (1961), o de Duas ou três coisas que eu sei sobre ela (1967) ou o de Mouchette (1967). Jean-Luc Godard: Pro-Motion – bandes-annonces – publicites – clip – filmes d’entreprise é o nome do programa especial que o Curtas Vila do Conde apresenta em outubro, que contou com a curadoria de Nicole Brenez, em colaboração com a Cinemateca Francesa, e onde se integrarão curtas-metragens, trailers, vídeos, videoclipes e outras publicidades criadas e dirigidas pelo cineasta franco-suíço.

Frank Beauvais é um dos nomes que marca as quase três décadas do Curtas, onde apresentou, por diversas vezes, obras suas. Em 2020, o festival vilacondense convida-o para a uma Carta Branca que propõe um diálogo com os tempos de excepção que vivemos. O programa parte da reposição da sua última obra, estreada em Berlim, Ne croyez surtout pas que je hurles, um filme realizado em contexto de isolamento e que relaciona a sua história pessoal com a história do cinema.

Falar-se da história do cinema é falar não só dos seus filmes, dos génios que a desenham ou dos protagonistas que lhe eternizam a cara, é falar também das suas pessoas de dia-a-dia. Pessoas cujo trabalho, dedicação e amor à sétima arte permitem que ela se replique, que se espalhe como novidade e se questione como desafio. Vicente Pinto Abreu era uma dessas pessoas, programador de longa data do festival e coordenador da equipa de júris, pertence-lhe parte do que é hoje a identidade do Curtas, tanto no contributo sempre atento e assertivo para a selecção de filmes, como na generosidade com que nos obrigou tantas vezes a dar o corpo à dança nas festas do festival. No ano em que o festival perdeu um amigo, não havia outra forma de o homenagear senão com um convite para uma ida à sala. A selecção do programa de homenagem ao Vicente foi feita por Daniel Ribas, Rita Barbosa e Miguel Dias e compilará filmes de diferentes épocas do cinema.

A completar a programação do Cinema Revisitado, a sessão especial em torno dos cem anos de One Week, o primeiro filme realizado por Buster Keaton, que será acompanhada por uma conversa-palestra do crítico de cinema João Lopes sobre a forma como o filme se relaciona com vários momentos da história do Século XX, e a estreia da cópia restaurada de O Recado, de José Fonseca e Costa, numa parceria com a Cinemateca Portuguesa.

 

Texto e fotos: Curtas Vila do Conde / Etc e Tal jornal

01out20

 

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