Inaugurado na manhã de 20 de julho último, o Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) é uma das obras de referência da gestão de Rui Moreira à frente da Câmara Municipal do Porto. O investimento de mais de 13 milhões de euros, ‘revolucionou’, por assim dizer, e em termos infraestruturais, uma área considerável da freguesia de Campanhã, mas a sua ‘rentabilidade’ só se começou a fazer sentir, a partir do momento em que o terminal do Campo 24 de Agosto – inaugurado em maio de 2017 – encerrou portas. Na prática, o TIC, começou a registar um significativo movimento de transportes e de passageiros, depois de, a 09 de novembro, ter sido, para lá, integralmente, transferida a Rede Expressos. Mesmo tendo em conta esse ´movimento’, quando, recentemente, visitamos o ‘Intermodal’ (29nov22) ficamos desolados…
José Gonçalves* Ursula Zangger
(texto) (fotos)
O TIC – que, por exemplo, para, Paulo Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, em entrevista ao ‘Etc. e Tal’, “foi das melhores coisas que se fez até hoje” no território -, não está a agradar a muita gente, registando-se algumas deficiências que se esperam ver, brevemente, ultrapassadas, se bem que uma – a centralidade que tinha o terminal do Campo 24 de Agosto – seja difícil de ‘substituir’.

Além disso, e quando lá fomos (por volta das 12 horas do passado dia 29 de novembro) poucos eram os passageiros e os transportes existentes no terminal, ao contrário do que sucedia, em período idêntico do dia, no terminal do Campo 24 de Agosto.
“POR QUE NÃO COLOCAM UM TAPETE ROLANTE?”

“No Campo 24 de Agosto tínhamos tudo à beira. Autocarros, Metro e táxis. Estávamos no centro do Porto! Aqui, e para quem não tem viatura própria, tem de andar léguas para chegar aos cais de embarque. E mais: para quem tem dificuldades, como eu, em se deslocar a pé e ainda com bagagem, a coisa é muito complicada, embora se encontrem aqui elevadores e escadas rolantes. Vir a pé, junto da estação até ao terminal, e ter de atravessar, por debaixo, de todo o ramal do caminho-de-ferro, é bastante moroso, cansativo e complicado. Podiam colocar aqui – neste corredor, entre a estação do Metro de Campanhã e o cais – um tapete rolante, como acontece, por exemplo, no aeroporto Gatwick, em Inglaterra. Isso ajudaria, e de que maneira, a transportar as tralhas. E, depois, isto aqui é muito frio”. Um reparo e uma pertinente sugestão de um passageiro que se preparava para abalar rumo a Lisboa.
PRECISAM-SE ASSENTOS!
O número, segundo dados oficiais, de camionetas e de passageiros aumentou no TIC, graças ao aparecimento da Rede Expressos, passando, assim, a serem utilizados não os habituais oito cais, mas… 17.
Destaca-se, contudo, o facto de alguns desses cais não disporem de assentos, ao contrário do que acontece nos que já estavam a funcionar (A a H). Além da falta de assentos – como confirma também o ‘Porto Canal’ referindo a Lusa -, acresce que “os novos cais (I a Q), situados na parte poente do terminal, “são mais pequenos, obrigando ao atravessamento da gare, retirando, desse modo, nove lugares aos 30 espaços de estacionamento de autocarros”.
O frio intenso que se registava no local aquando da nossa visita – ao contrário do que acontecia no Terminal do Campo 24 de Agosto, por ser mais pequeno e só ter duas curtas entradas/saídas – é outro assinalável problema de desconforto a ter em conta. E, na altura, não era visível grande adesão de passageiros, isto se tivermos em conta as perspetivas oficiais: um crescimento, a triplicar de adesão de passageiros ao TIC, em relação aos primeiros dois meses de atividade.
A propósito, a STCP Serviços – subsidiária da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto –, em declarações à Lusa reveladas pelo ‘Porto Canal’, disse acreditar que “com o regime de rotação de cais ajustado, e em fase de velocidade cruzeiro, apenas serão necessários alguns pontos de reforço em períodos muito específicos. A zona de reforço com os cais I a Q, tem como função garantir que, na fase de transição, estejam asseguradas as condições para que os operadores possam alterar a tradicional abordagem ao terminal de forma gradual”. Mas, pergunta-se, ‘reforço’ para quê, se o número de passageiros for mais ou menos aquilo que se viu?
UMA SÓ TRAVESSIA PARA PEÕES EM TODO O TERMINAL
E as chamadas de atenção não ficam por aqui, o que, na realidade, não retira qualquer tipo de importância à funcionalidade e necessidade do TIC. Desta feita, a questão coloca-se quanto a uma eventual ‘facilitação’ do acesso aos cais, e não só. Os passageiros, através da sinalética existente no local, são encaminhados para fazer o atravessamento do terminal junto ao cais H – perto da saída de autocarros – obrigando-os a dar uma (longa, por extensa que é) volta a pé ao espaço, pelo que muitos – mesmo correndo sérios riscos – atravessam a gare em qualquer sítio.
De acordo com a STCP Serviços, os operadores e a ‘Monta Engil Ativ’ – isto em declarações ao ‘Porto Canal’ e ‘Lusa’, – está a ser efetuado um “trabalho de sensibilização dos passageiros, no sentido de fazerem o trajeto via passadeira, mesmo sabendo que este tipo de comportamento, ou seja, o atravessamento fora desse local, irá sempre existir. Há, contudo, uma equipa na zona que tem vindo a sensibilizar os utilizadores do terminal para que se desloquem para a área de embarque (do A ao Q) unicamente para apanhar o autocarro”.
‘TRANSDEV’ NÃO QUER OS SEUS ‘EXPRESSOS’ NO TIC

E as notícias pouco animadoras quanto ao atual funcionamento do Terminal Intermodal de Campanhã, não ficam ainda por aqui, já que a operadora ‘Transdev’ divergiu da posição da Câmara do Porto, no passado dia 24 de novembro, e isto de acordo com o ‘Porto Canal’, recusando a ida dos seus autocarros expresso para Campanhã.
“A posição sobre a descontinuidade da operação no terminal do Campo 24 de Agosto decorre da decisão da Câmara Municipal do Porto, no âmbito da política de transportes que preconiza, de fazer do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) a plataforma de ligação intermodal da cidade”, pode ler-se numa resposta da empresa a questões da Lusa, ao final da tarde de quarta-feira (23nov22), e à qual o ‘Porto Canal’ deu destaque.
Segundo a ‘Transdev’, “é nessa opção política da Autoridade de Transportes da cidade (a Câmara) que recai o ónus da não continuidade da operação no Campo 24 de Agosto e a sua transferência para o TIC”.
CÂMARA ‘PREOCUPADA’
Naturalmente, bem recebida, a chegada da Rede Expressos ao TIC, não deixou, porém, de demonstrar alguma ‘preocupação’ da Câmara Municipal quanto à (reduzida) adesão de passageiros ao terminal, isto a avaliar por alguns apontamentos publicados no órgão oficial da autarquia, em termos informativos, o ‘Porto.’.
Salientando o aumento de oferta – “que irá triplicar”, pois “desde o dia 22 de novembro que o Terminal” conta “com mais de 700 horários”, e que em horário de pico, “poderá receber um autocarro por minuto” -, a autarquia não deixa de alertar para o facto de que a “STCP-Serviços está consciente de que este aumento da oferta implica alterações de hábitos tanto de operadores como de passageiros. No sentido de minimizar os constrangimentos que possam surgir, procedeu a algumas alterações no terminal, como a criação de uma zona de reforço dos cais, mais sinalética de encaminhamento e um reforço da equipa de apoio ao cliente”.
Ainda segundo o ‘Porto.’, “partindo do pressuposto que a gestão do terminal é evolutiva, todas as entidades envolvidas (Câmara Municipal do Porto, STCP – Serviços, Manvia e operadores) estão a trabalhar, em conjunto, para garantir que este movimento cause o mínimo transtorno aos passageiros e que a experiência para quem chegue e parta do Terminal seja positiva”. Em boa verdade, isso não está a acontecer.
A Câmara Municipal, através do ‘Porto.’ volta, assim, a informar os potenciais utilizadores do TIC, de como lá chegarem, salientando também as ligações existentes entre os diferentes transportes em Campanhã, tal como aconteceu há quatro meses, aquando da inauguração do espaço.
“O Terminal Intermodal de Campanhã encontra-se na Rua de Bonjóia e tem ligações ao metro, comboio e autocarro. De metro, pode apanhar qualquer uma das linhas que passa por Campanhã (A, B, C, E, F) e sair em “Estação de Campanhã”. Ainda no cais da Estação de Metro deverá seguir as indicações TIC – Terminal Intermodal de Campanhã.

Também de comboio é possível chegar ao TIC, através das linhas Aveiro, Porto, Braga e Marco (paragem Campanhã). Na estação de comboio deverá seguir as indicações TIC – Terminal Intermodal de Campanhã”.
“De autocarro, pode chegar ao Largo da Estação de Campanhã/Rua Justino Teixeira, via STCP (205, 206, 207, 400, 403), ou Gondomarense (1,4,5,6,7,8,9,14,15,22). Tem ainda a linha ZC, na Rua Pinheiro de Campanhã.
Caso opte por se deslocar em viatura própria basta sair na VCI, em Campanhã/São Roque, em qualquer dos sentidos. No Terminal, dispõe de um parque de estacionamento, com 230 lugares e com um tarifário preferencial para clientes do serviço de transporte rodoviário de passageiros a operar no TIC, mediante apresentação do título de transporte. Chegue com antecedência para garantir um embarque tranquilo e com tempo.
Também tem lugar para bicicleta e trotinete e poderá ainda chegar de táxi (Rua de Bonjóia). Se chegar a pé deve seguir as setas de acesso pedonal e dirigir-se ao piso 1 do Terminal”.
Por fim, salienta o que pode encontrar no piso 1. “O piso 1 é o local onde todos os utentes devem esperar pela hora certa para embarcar. Lá pode encontrar todos os serviços disponíveis, como bilheteira, posto de informação, despacho de encomendas, depósito de bagagens, perdidos e achados, sala de espera, loja de conveniência e cafetaria. Na sala de espera pode consultar os painéis em tempo real para saber os horários e qual cais de embarque atribuído à viagem que irá fazer”.
Pois muito bem. O pior é o resto, e sem retirar – como atrás se referiu – a importância da infraestrutura para a mobilidade na cidade do Porto, como também salientou o autarca da freguesia de Campanhã, a verdade – não só pelo que vimos, mas que foi relatado por outros órgãos de comunicação social, designadamente o ‘Porto Canal’ e a agência Lusa, muita coisa está ainda por resolver no TIC, em prol da comodidade e acessibilidade dos passageiros (ainda em número aquém do esperado) aos transportes que lá se encontram.
*com ‘Porto Canal’/Lusa, e ‘Porto.’
01dez22












O TIC – terminal intermodal Campanhã tem que providenciar muito melhor acessibilidade interna para os Idosos, Portugal tem população mais idosa de toda Europa e das mais envelhecidas do Mundo, por culpa de A. Costa que nunca ajudou a natalidade e afamília