A 13 de Junho de 1866, há precisamente 150 anos, nascia em Valparaíso, no Chile, Aurélia de Sousa (Maria Aurélia Martins de Sousa). Era filha de emigrantes portugueses que fizeram a sua vida no Brasil e no Chile: António Martins de Sousa e Olinda Perez. O casal teve sete filhos (seis raparigas e um rapaz), sendo Aurélia a quarta filha a nascer.
Com três anos, regressou com a família a Portugal, passando a viver na Quinta da China, no Porto, lugar aprazível, sobranceiro ao rio Douro, propriedade que foi comprada por seu pai, o qual veio a falecer em 1874, quando Aurélia tinha apenas oito anos.
Com 16 anos, começou a ter lições de desenho e pintura de Caetano Moreira da Costa Lima (distinto discípulo de Roquemont) executando, por essa altura, o seu primeiro auto-retrato.

Aurélia de Sousa matriculou-se, depois, na Academia de Belas Artes do Porto, em 1893, na aula de Desenho Histórico e, de 1899 a 1902 frequentou, em Paris, na Academia Julien, os cursos de J. P. Laurens e Benjamin Constant. A qualidade dos seus trabalhos tornou-se evidente, desde muito cedo, o que lhe permitiu figurar em diversas exposições e colher inúmeras distinções.
A sua estada em Paris foi também aproveitada para visitar e conhecer museus em várias cidades europeias, viagens que realizou na companhia de sua irmã Sofia, também ela a estudar pintura, em Paris.
A obra de Aurélia de Sousa, embora manifeste características muito pessoais, denota também influência dos estilos de pintura mais inovadores do seu tempo, como o naturalismo, o realismo, e o impressionismo. Da sua obra pictórica destacam-se os auto-retratos e os retratos, as paisagens, as naturezas mortas, as ilustrações e os desenhos. São, no entanto, a casa e o espaço familiar, o jardim e toda a Quinta da China, rodeada de uma magnífica paisagem com o rio por perto, os aspectos principais que inspiraram o seu trabalho artístico.

A sua principal biógrafa, Raquel Henriques da Silva, refere que a obra de Aurélia de Sousa “[…] regista a silenciosa narrativa da casa: a presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os cantos escuros da cozinha e do atelier, as tardes em que a luz se confunde com os fatos de verão, os caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz.” Aurélia de Sousa morreu na Quinta da China, em 26 de Maio de 1922, com 55 anos.
Texto: Maximina Girão Ribeiro
Fotos: Pesquisa Google
Obs: Por vontade da autora e, de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa.
01jun16
