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Acabaram as férias? Aleluia!

José Gonçalves

Acabou-se a pasmaceira. A vida vai retomar o seu ritmo normal. A padaria do Quim da Ester vai reabrir portas. O café do senhor António vai voltar a servir os seus “curtos” em chávena fria. A Maria das fanecas voltará com os seu peixinhos fresquinhos vindos da Afurada. Acabaram as férias!

Não sei, sinceramente, quem tem pachorra para passar um mês seguido em férias?

Já sei que o descanso é merecido; que umas viagenzinhas fazem bem, quanto mais não seja para desopilar o fígado, mas, convenhamos, é tempo a mais de gozo… de férias. Quanto ao outro “gozo”, esse é mais psicológico, pois, na realidade, parecem estar a gozar comigo quando abalam, não sei para onde, com um apressado adeus que já se faz tarde.

Telefona-se ao Manel, que não atende porque está de férias. Espera-se que toque o telemóvel com alguém a perguntar se morri e… nada.

Enfim!

É! Vamos ao trabalhinho que este País precisa de produção. É certo que também com dinheiro nos bolsos e a depressa dele livrarem-se, ajudam a economia, não sei se a nossa – a lusa – mas que ajudam… ajudam.

Independentemente desse facto, é preciso voltar a dar vida, pelo menos, à cidade.

Não fosse os milhares de turistas que invadem as zonas mais “atrativas” (quase todas) do Porto, e a Invicta era uma cidade fantasma. Já a foi em tempos idos, mas o pessoal (não havia “carcanhol”) fazia, como fiz este ano, umas “escapadelas” à Foz (até se ia e vinha de elétrico), à Madalena, a Espinho, à Barrinha de Esmoriz, à Póvoa ou a Leça da Palmeira… assim umas passeatas pelas redondezas, para, à noite, regressarem a casa com pele diferente (mais avermelhada), após algumas horas a grelharem-se nas areias, até mesmo nas (cheias de esterco) do Areinho, banhadas pelo Douro, em Gaia. Era só atravessar de barco e estava-se lá. Outros tempos, pelos quais não me perco em grandes recordações.

fim de ferias

Bem. Acabaram-se as férias e o “caraças” do Verão dos fogos, das melgas, das baratas, dos escaldões, das filas para os gelados e para os comboios que param junto às praias, dos maus-cheiros a suor por mais lavada que esteja a pessoa, dos restaurantes à pinha, todos a assarem sardinhas na rua – com o fumo a entranhar-se, sem autorização, na t-shirt comprada nos chineses -, do pessoal com calções ridículos e malinhas a tiracolo que agora toda a gente usa e não sabe o quanto mal lhe fica (está na moda), dos foguetes diários à meia-noite, e das “batidas” até às sete da matina, dos 40 graus à sombra que à noite não deixam ninguém dormir. Acabou-se esta porra!

É certo que uns deviam ficar de férias eternamente, tendo em conta as asneiras que fazem ao longo do ano, mas, de resto, não.

Não me deixem mais sozinho a esbarrar com o nariz nas portas que gosto ver franqueadas durante o ano inteiro, menos… em agosto.

Detesto, e pelos visto tenho razões para isso, aquela canção do “Meu querido mês de Agosto”, que antigamente brindava os emigrantes que, na altura, chegavam à terra-mãe com o último modelo da Citroën – sabe Deus o que tinham passado durante o ano para comprarem o carro. Ainda bem que isso já não é a romaria que era, e os nossos entes queridos já vêm lá de fora, mais em pé de igualdade com os que por cá ficam. E todos fazem uma merecida festa… cá, na aldeia ou na vila, mas… cá!

Pronto. Não gosto de Agosto. Nunca gostei, mesmo quando tinha direito a férias. As minhas foram sempre repartidas, e com um sabor especial a partir deste mês, de setembro. A maioria a chegar com “cara de pau” e eu alegre, partindo rumo a um paraíso por mim criado… aqui ao lado.

Vamos lá ao trabalhinho que se faz tarde, esperando somente que todos tenham chegado bem. Para já, o facebook foi atolado de fotos de toda a minha gente a dar mergulhos não sei bem em que praia, a assar frangos, a dar beijos ao por-do-sol, a refrescar-se em piscinas onde se via tudo menos água, a “pintarem-se” de castanho para parecerem morenos e a deixarem crescer barba grisalha, porque até fica bem e está na moda… ufff!

Vem aí o frio. O necessitar permanente, de quentura… de um abraço, de um conforto. Vem aí a comidinha quente que faz bem ao estômago. As castanhinhas assadas e os presentinhos de Natal. A neve, o capuz e cachecol comprado no Outlet de Vila do Conde (Deus me livre… lá ia o cacau). Vem aí o subsídio de Natal, o bacalhau cozido com batatinhas… e as rabanadas. Então, não é mais “bonito” que o Verão?

Mas, neste Verão, notei algo de positivo. Vá lá, nem tudo foi mal. Há tempos, por esta altura do ano, eram milhares as pessoas que ficavam sem subsídio, e as empresas que aproveitavam o gozo de férias dos seus trabalhadores, para encerrarem portas e mandá-los para o desemprego. Este ano – que tenha conhecimento – nada disso aconteceu.

Verdade! O que se terá passado? Pelos vistos, a chamada Geringonça está a funcionar. Olha! Não é que é verdade! A economia está a crescer, as reformas e pensões foram aumentadas, pouco, mas foram. Algo se passa. O “pessoal” até teve mais poder de compra! A verdade, porém, é que não vi, li ou ouvi, alguém a enaltecer estes factos.

Não me digam que há portugueses que estão cá mas já não vivem neste país, ou estão cada vez mais “envergonhados” com as “cantigas” da “caranguejola” – vira o disco e toca o mesmo.

O calor faz mal a muita gente, e mais aos saudosistas da austeridade e da sua amiga “troika” que, felizmente, e pelos vistos, foi, para já, varrida do mapa para bem dos veraneantes (gostem ao não gostem do Verão) desta nação à beira-mar refrescada.

Eles – os saudosistas, os da caranguejola – bem tentaram agarrar-se aos “incêndios” como arma de arremesso político, mas tiveram azar. Isso faz-se?

Acabaram-se as férias… vamos ao trabalhinho que é preciso dinheirinho para o Natal… vamos lá! E, quanto aos outros, fiquem, eternamente, de férias que não fazem cá falta. Olhem! Sigam os conselhos do vosso mentor político e… pirai-vos! Pirai-vos daqui! “Bai”… “bai”…

01set17

 

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