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“PEDRAS DESCALÇADAS” NAS MARGENS DO CÁSTER

A pedra foi um dos elementos natural introduzida na composição da paisagem que resultou dos projetos de intervenção na última década ao longo do vale do Rio Cáster, nomeadamente na obra de consolidação e valorização das Margens do Rio Cáster e da Ribeira da Srª da Graça, entre a Ponte do Casal (Fonte Júlio Dinis e Escola de Artes e Ofícios) e o Parque da Srª da Graça (em que se situa a Biblioteca Municipal de Ovar, o Centro de Artes de Ovar e o Pólo do Espaço Empreendedor), inaugurada a 25/07/2010. Presença da pedra que se destaca igualmente nas linhas românticas do projeto do arquiteto paisagista, Sidónio Pardal, no Parque Urbano de Ovar (inaugurado oficialmente a 5/01/2013), que valorizou uma área de 7,5 hectares em ambas as Margens do Rio Cáster, mesmo com estruturas de pedra cada vez mais descalçadas por mero vandalismo.

José Lopes

(texto e fotos)

No caso da consolidação das Margens do Rio Cáster e Ribeira da Srª da Graça e das estruturas pedonais que ligam as margens, serviços municipais e facilitam mobilidade urbana. A paisagem foi marcada ao longo das margens, por escadarias construídas por bloco de pedra de granito, devidamente calçados para susterem a evolução do caudal do rio num leito de cheias. No entanto, rapidamente este local aprazível para caminhar ou repousar, para alguns frequentadores, transformou-se num cenário de arremeço de pedras para o leito do Cáster, descalçando assim os blocos graníticos ali encaixados como peças de uma estrutura que vai deixando sinais de fragilização e degradação.

Idêntica insensibilidade para com a função arquitetónica e paisagística das pedras, acontece no Parque da Cidade que surgiu como um prolongamento de consolidação e valorização das Margens do Rio Cáster, numa área da cidade até então composta por campos abandonados, com quintais à sua volta e um rio de limitado leito, incapaz de suportar o caudal em tempo de cheias. Terrenos de difícil acesso que acabaram esquecidos, “camuflados” nas “traseiras” pelo crescimento urbanístico da cidade, que, com este projeto do Parque Urbano ganhou centralidade.

Entre o conjunto de estruturas de pedra que integram a paisagem natural do Parque, a estranha prática de descalçar as pedras que dão forma a diferentes representações arquitetónicas, deixam sinais de acentuado risco de ruina de obras com menos de uma década de construção. Sinais deprimentes de comportamentos pouco cívicos e pouco contrariados pelas entidades competentes que deixam a degradação em “exposição pública”, dos atos praticados por alguns grupos de jovens, que lamentavelmente, em nada condizem com as palavras então deixadas pelo autor do projeto do Parque Urbano a quando da cerimónia da inauguração, em que lembrou que a construção de um parque “é um momento singular na vida da comunidade” e é também “uma etapa do desenvolvimento civilizacional” (Público online, 6/01/2013).

Se no caso das Margens do Rio Cáster a montante, os pesados blocos graníticos, mesmo com as pedras descalçadas resistem a um tal “passatempo” de retirar as pedrinhas que servem de calços destas muralhas. Na área do Parque Urbano esta prática destruidora, de quem se entretêm sadicamente a desmantelar pedra a pedra, destes cantinhos “românticos” em que são visíveis as consequências de potencial risco de desmoronamento, sem que os serviços competentes do Município assumam medidas preventivas, através de intervenções de reparação, reforço e consolidação destas estruturas, com os adequados materiais. Estranha inércia que surpreende quem diariamente usufrui do Parque e assim testemunha a preocupante evolução de destruição que resulta das “pedras descalçadas”.

01abr19

 

 

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