Se a ‘Baixa’ e o Centro Histórico do Porto foram das zonas mais fustigadas com a intempérie verificada ao final da manhã do passado sábado (07jan23), a freguesia do Bonfim não lhes ficou atrás em termos de inundações e consequentes danos materiais, e logo, em habitações situadas, em ‘ilhas’ do Bairro dos Moinhos, nas Fontainhas – mais concretamente no número 09 da Rua de Gomes Freire.
José Gonçalves
(texto)
Ontem (10jan23), quatro casas tiveram de se tornar inabitáveis por exigência da Proteção Civil devido à iminência de derrocada, tendo, assim, três pessoas (uma de 77 anos, outra 79 e uma com 90 anos) de ser realojadas em casas de familiares, enquanto um agregado familiar, composto por três elementos, ficaram a ‘residir’, temporariamente, numa pensão por intermédio do apoio da Segurança Social.
De salientar que no dia 07, e na sequência da tormenta registada na cidade do Porto, ou como quem diz, do fenómeno de chuva torrencialmente extrema, foram afetadas diversas residências localizadas no popularmente conhecido por ‘Bairro dos Moinhos’, onde vivem sete agregados familiares, num total de 15 pessoas, as quais tiveram, logo após a tormenta, a atenção e o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim, que satisfez, no primeiro dia útil da presente semana (09jan23) algumas das suas necessidades, designadamente camas, eletrodomésticos, material escolar para três crianças, entre outras exigências, isto com a colaboração – leia-se solidariedade – de algumas instituições e particulares, a maior parte, ontem (10jan23) distribuídos.

“Estive no local, não logo aquando da tempestade pois não iria lá estar a dar guarda-chuvas ou ajudar a retirar as águas porque não sou bombeiro, e, assim sendo, só iria complicar o trabalho dessas pessoas. Mas, logo que foi possível, e possível foi logo no próprio dia, estive no local a falar com os moradores, quanto mais não seja, para me inteirar dos danos causados pela tormenta, e não só, mas também, para dar algum apoio psicológico a quem se encontrava, naturalmente, assustado com o episódio vivido”, referiu ao ‘Etc. e Tal’ o presidente da Junta de Freguesia do Bonfim, João Aguiar.
Este é um de alguns bairros, constituído por ilhas, que se encontra na zona das Fontainhas, e na sua escarpa, onde correm, em queda, normalmente, diversos riachos em direção ao rio Douro, tendo os mesmos, no passado sábado, adquirido mais força e ‘espaço de ‘intervenção’, facto que os fez inundar, com relativa violência, as zonas adjacentes, ‘invadindo’, como foi o caso, o Bairro dos Moinhos.
“As pessoas afetadas, felizmente, não estavam referenciadas pelos nossos serviços sociais, portanto não são pessoas de risco, têm os seus empregos, as suas reformas e pagam normalmente as suas rendas, pelo que os apelos que surgiram foram, essencialmente, relacionados com alguns bens que ficaram inutilizados com a entrada das águas. Portanto, não houve o dramatismo que alguns órgãos de comunicação social quiseram fazer passar”.
Ainda de acordo com João Aguiar, “a nossa preocupação imediata foi a de ajudar, dentro das nossas possibilidades, as pessoas vítimas das inundações, situação que começou já a ser resolvida”.
“É natural que, numa situação destas, se fale em transferência para novas residências, mas sem grande alarido, uma vez que as casas em que habitam, os próprios moradores arranjaram o seu interior, e há mesmo quem não queira sair do local onde reside e, assim, recuse poder vir a ser colocado em outra parte da cidade, caso surjam alternativas”.
CÂMARA QUER ADQUIRIR 23 CASAS DAS FONTAINHAS AFETADAS PELAS CHEIAS, MAS…

Entretanto, hoje (11jan23) a Câmara Municipal do Porto, por intermédio do seu presidente Rui Moreira, referiu que a autarquia estaria disposta a ‘adquirir’ 23 casas afetadas pelas cheias na zona das Fontainhas, processo, que o ‘Etc. e Tal’ sabe, de fonte segura, foi iniciado pela Junta de Freguesia do Bonfim e que ainda não está concluído, estando programada, para as próximas horas, reuniões entre o responsável máximo da Junta do Bonfim e o, ou os, proprietário(s) das referidas habitações.
De acordo com a notícia revelada e relevada, entre outros, pelo ‘Porto Canal’, Rui Moreira, em declarações à Lusa, afirmou que foram identificados 23 proprietários de habitações na ‘ilha’ localizada na escarpa das Fontainhas, que “é um território que consideramos de risco e estamos neste momento a iniciar negociações com os proprietários de forma a adquirir as habitações e poder lá intervir”, salientando o edil que “aquilo precisa de uma intervenção maior, mas só adquirindo aqueles talhões é que será possível à autarquia avançar com uma “intervenção adequada”, salientou.
Rui Moreira destacou ainda o facto que as habitações não terem “o mínimo de condições de habitabilidade”, não sabendo, porém, se, de futuro, “aquele sítio será habitável e que tipo de intervenção lá vai ser levada a cabo”, isto mesmo estando previsto para toda a área da escarpa das Fontainhas um projeto para a o ‘renascimento’ do Ramal da Alfândega, no corredor da antiga linha férrea que ligava a Campanhã, e zonas envolventes. Falou-se em área pedonal.
“Não se percebe como é que deixaram construir habitações naquela escarpa. Brevemente, articularei com a Câmara o que se deve fazer nessa zona da freguesia…ainda que haja um plano para a requalificação da escarpa que passa por dar vida ao abandonado ramal da Alfândega”, disse João Aguiar.

Bem! Mas, para já, e ainda tendo em conta as declarações de Rui Moreira à agência Lusa, e divulgadas já por diversos órgãos de comunicação social, a “Câmara está a fazer uma avaliação da situação nas Fontainhas, quer com as ‘Águas do Porto ‘, quer também com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto”, mas o possível facto de “o território passar a ser nosso será fundamental para lá podermos intervir”.



Quanto à reação dos moradores, Rui Moreira referiu o mesmo que o presidente da Junta do Bonfim, João Aguiar, quando no passado sábado contactou com os moradores: ‘muitas pessoas não querem de lá sair’, o que para o líder da Câmara do Porto é natural, já que “são comunidades que vivem ali há muitos anos; algumas em situação de subaluguer e que são, por si só, situações que todos conhecemos”.
Rui Moreira enfatizou, repetindo, o facto de que “aquilo não é um terreno municipal” e que “também temos de respeitar a vontade das pessoas. Não tem havido esquecimento para com aquela população, como também não tem havido falta de apoio da Câmara e da Proteção Civil, que tem estado lá sempre”. O ‘Etc. e Tal’ acrescenta a esta frase o facto da Junta de Freguesia do Bonfim, através do seu presidente, e respetivos serviços, terem também estado no local, o que podemos comprovar sem grande dificuldade.
RUA DE SANTOS POUSADA: OUTRO DOS LOCAIS PROBLEMÁTICOS COM AS INUNDAÇÕES E SEM ELAS COM OS BURACOS QUE DESESPERAM AUTOMOBILISTAS

Mas, os problemáticos registos do passado sábado não se ficaram pelas Fontainhas, uma vez que, também no Bonfim, a intempérie afetou uma das ruas mais degradada da cidade, a de Santos Pousada, e o sempre problemático Campo 24 de Agosto, local que fica normalmente inundado mesmo sem serem precisas trombas de água, ou coisa do género, isto para desespero dos utentes do Metro, pois a estação local, fica sempre com água até ‘às orelhas’.

“Santos Pousada?! Eu passo por lá todos os dias e sei perfeitamente os constrangimentos que existem naquela rua, entre a Praça da Rainha Dona Amélia e a Rua do Moreira, onde faz a transição de pavimento (paralelo para alcatrão). Esses constrangimentos estão sinalizados. Há projeto. Está-se a fazer uma intervenção junto à Praça da Rainha Dona Amélia, mas é necessário algo de estrutural nessa artéria, a qual tem muito movimento”, referiu ‘Etc. e Tal’ o presidente da Junta do Bonfim, João Aguiar, que assustado, por certo, também ficou com algo de anormal como foi a precipitação” de quase 30 litros de água por metro quadrado!”, concluiu João Aguiar.
Foto (destaque): Estela Silva (LUSA) c/ os nossos agradecimentos
11jan23
