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Prostituição masculina “floresce” no Porto

 

 

São, na sua maioria, jovens rapazes. Vendem o corpo por tuta e meia.

Estão inseridos em organizações que dominam determinadas redes sociais, nas quais se promovem declaradamente (com fotos de nus integrais), ou, mais timidamente, em chats, na tentativa de assediarem, simpaticamente, os seus potenciais “clientes”… neste caso, sem darem a cara.

O objetivo destes predadores é dominarem a vítima e fomentarem, consolidando, uma relação duradoira, principalmente quando a “vítima” tem um nível de vida acima da média.

 

O número de prostitutos – na sua maioria jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos – que estão ligados a redes de engate nas redes sociais, tem vindo a aumentar significativamente, isto se tivermos em conta um estudo por nós realizado nos últimos meses, com consultas periódicas a certos e determinados sites.

Sites que não se destinam, exclusivamente, a “bis” ou homossexuais, mas também a homens e casais heterossexuais.

Eles oferecem o corpo e depois fazem de tudo um pouco, conforme a disponibilidade financeira do cliente, ganhando, em numerário, uma percentagem considerável pelo trabalho, assim como pela sua lista de contactos, sendo que cerca de 80 por cento do montante se destina aos proxenetas e às suas “empresas”.

 

Normalmente, os prostitutos são jovens desempregados, ou a viver com grandes dificuldades financeiras, que se candidatam a este trabalho. Não é, por isso, de estranhar o crescente número de profissionais do ramo.

Outros há, porém, que são “recrutados” pelos “patrões”, em locais públicos, onde os assediam.

No Porto, por exemplo, parte substancial dos rapazes são “contratados” através de ofertas destinadas a “modelos fotográficos”, sabendo-se que os “estúdios” são itinerantes e não se localizam, habitualmente, no centro da cidade.

 

Há cerca de seis anos, o quinzenário “Bonfim Atual” destacava o trabalho desenvolvido num desses estúdios, desta feita localizado na rua do Bonfim, sendo os candidatos a modelos “levados até ao local em carros de luxo, sem que ninguém lhes conseguisse ver a cara”.

“Era muito estranho o movimento de carros de luxo, pelos que os moradores começaram a suspeitar de algo”.

Se, neste caso, as coisas eram feitas quase que às claras, hoje já nada é como dantes.

Através das redes de prostituição masculina na internet, fazem-se os contactos e desenvolve-se toda a atividade sem qualquer tipo de problemas.

Os proxenetas ficam sempre à distância de qualquer tipo de confusão, e nem mesmo os prostitutos os conhecem.

 

O testemunho de um… ex-prostituto

 

Há cerca de dez anos, os prostitutos andavam em plena via pública à “caça” de clientes, aí já, no centro da cidade (Trindade, rua Sá da Bandeira e Praça D. JoãoI), locais que Joaquim – um prostituto arrependido, que sempre se considerou bissexual, e hoje é casado e pai de duas filhas – frequentou durante “muito tempo… tempo a mais”.

Estava desempregado e tinha que me safar com alguma coisa. Um amigo meu falou-me nessa tarefa; disse que não custava nada – ainda que, por vezes, enojasse a alguns -, e eu alinhei nisso.

Apresentei-me a um “cota”, dentro de um alto carro, às tantas da madrugada, o gajo gostou de mim e depois levou-me a uma pensão na rua de Santa Catarina, onde tive de me despir e fazer certas coisas. Fui aprovado! Não gostei nada daquilo, mas tinha de ser!

 

Joaquim, que na altura tinha 20 anos, atuava na baixa do Porto e esperava, ansiosamente que o primeiro carro parasse.

Era sempre gente de classe… endinheirada, e normalmente casados e de meia idade. A conversa era quase sempre a mesma, mas o trabalho a fazer variava de pessoa para pessoa. Como era “ativo” tinha um trabalho diferente do de outros colegas, os assumidamente homossexuais”.

E, numa noite “podia ganhar duzentos euros. Eles levavam-me ou para pensões, ou então tudo se fazia no carro, em locais escondidos e algo perigosos”.

 

Joaquim enfatiza o facto de nada ter contra os homossexuais, mas sim “contra a exploração a que aquela malta, e eu também, estávamos sujeitos. Dos duzentos euros que falei, dava uma percentagem ao chulo… e ficava aí com cinquenta ou oitenta euros, o que não era nada mau para quem estava desempregado”.

 

Roubos e humilhações

 

O testemunho de Joaquim fica por aqui porque ele ainda tem medo da exposição e consequentes represálias.

O “Etc e Tal” chegou à conversa com ele, quando, através de uma consulta a uma rede social, o nosso entrevistado insultava toda a gente, num “Blá” (chat) qualquer e endereçando a sua revolta a um tal de Bladimir.

Não lhe posso dizer mais nada, mas sei que até jovens, com os seus dezoito anos, foram espancados, quando iam com os clientes e não traziam o cacau que os “patrões” queriam. Revoltante!”

“Hoje tenho, felizmente, a minha vida organizada, ninguém sabe pelo que passei… enfim, o que sei é que há cada vez mais malta nova a meter-se nisso e até alguns toxicodependentes, o que é um verdadeiro perigo!

 

Joaquim não é Joaquim, mas há muitos “joaquins” como o Joaquim.

A rede de proxenetas está a alargar-se, tendo já no seu seio “rapazes da Roménia, da Ucrânia e até do Brasil”, rematou Joaquim

E eles são chamados a quartos de hotéis, a casas particulares, e, às vezes, só para humilharem clientes quando estes não têm o aspeto desejado e a carteira tão recheada quanto imaginavam.

Neste último caso, e via internet, os prostitutos estabelecem longos diálogos (chat) com os seus potenciais clientes, sacando-lhes, facilmente, dados pessoais.

Depois, e com parte do trabalho feito (o proxeneta agradece), combinam uma hora e um local para se encontrarem. A maior parte das vezes não aparecem, e quando aparecem, raramente, é para satisfazer as “necessidades” previstas.

Outros, são mesmo assaltados durante o ato, principalmente quando ele se realiza numa pensão, onde o prostituto foge, muita das vezes com a carteira do cliente, enquanto este toma banho.

 

Crise alimenta o silencioso “negócio”

 

Por vergonha, poucas são as vítimas que denunciam estas humilhações. Antes, porém, já os dados pessoais dos clientes ficaram, perigosamente, armazenados no rol de “contactos” dos proxenetas.

O “Repórter X”, para fazer esta pequena reportagem, não só se cingiu ao relato de Joaquim, mas também de muitos documentos que circulam na “net”, na sua maioria, oriundos do Brasil, onde a questão é mais visível, quanto mais não seja por ser direta e frontal.

Em Portugal, e na região do Porto, em concreto, onde grassa, em dimensões verdadeiramente, alarmantes a crise económica, financeira, social e de valores, este problema assume contornos extraordinários de proxenetismo.

Aqui não se trata da opção sexual de cada um, mas da exploração e dos maus tratos a que cada um pode estar sujeito.

Fica o aviso à “navegação”!

 REPÓRTER x

 

(01mai12)

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4 Comments

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