Sabe-se que são milhares, mãos ao certo, desconhece-se, na realidade, o número de imigrantes romenos em Portugal, principalmente os de etnia cigana.
Vítimas de conhecidas redes de tráfico de seres humanos, os ciganos romenos praticam, na sua maioria a mendicidade e têm sido, frequentemente, acusados de roubos, principalmente em supermercados.
“Eles estão a ser perseguidos, porque têm uma maneira de ser e de estar muito próprias. Ainda assim têm de saber respeitar os deveres do país onde se encontram”. Palavras de Ion Iliescu, um romeno de 35 anos, a residir há 10 anos no Porto.
“Os ciganos romenos têm, mesmo na Roménia, uma vida peculiar e que, muita das vezes, vai contra às regras do país. A imagem que eles trouxeram para Portugal, não é a dos romenos, mas, essencialmente, a realidade à sua etnia e aos seus traços culturais”.
Junto a contentores, ou nas valetas a pedir esmola, são muitas as mulheres que, juntamente com a prole, circulam pela cidade, levando para os supermercados (isto é o mais visível) sacos de moedas, tentando, ao mesmo tempo, regatear os preços dos produtos, sendo que algumas foram já detidas pela Polícia, número de situações que tem vindo a decrescer, como a decrescer parece estar o número de ciganos romenos no nosso país, tudo devido à crise económica e financeira do país.
A verdade, porém, é que “a crise não os assusta. Eles viveram sempre em crise, tanto na Roménia como agora em Portugal e sempre sobreviveram. Não procuram trabalho. Vivem da mendicidade e não sabem fazer outra coisa senão isso. Mesmo assim, não são agressivos! As pessoas não gostam deles. Não é só aqui… também na Roménia. Mas penso que, como seres humanos, devem ser respeitados, ainda que tenham de ser alertados, ou até mesmo obrigados, a respeitar as regras do País onde se encontram”, refere Ion.
Tráfico de seres humanos
Vivendo em tendas, ou edifícios abandonados – “tal como acontece na Roménia – sabe-se que a maior parte dos ciganos foram traficados por redes de tráfico humano, que, na Roménia, são “controladas por grandes capitalistas, alguns dos quais têm verdadeiras casa de fazer dinheiro, em Bucareste”, revela o nosso interlocutor, que teima em referir “que os romenos, na sua natureza própria, nada têm a ver com os ciganos, embora saibam com eles conviver. Nós viemos para cá à procura de trabalho, e eles à procura de esmolas.”
Os ciganos romenos representam oito por cento da população da Roménia, seguindo-se os húngaros e os alemães. Na França de Sarkozy “foram perseguidos e humilhados, coisa que, aqui, em Portugal, que eu saiba nunca aconteceu. Mas que são mal vistos, lá isso são!”.
A comunidade romena no Porto, já integrada na sociedade – como Ion que fala um correto português, facto que o romeno, como língua latina, facilitou –, vive em algumas “ilhas” da zona oriental da cidade.
“Adoro estar aqui e sei que não são os romenos os prevaricadores ou os indivíduos que assaltam ou matam pessoas. Nós somos um povo muito pacífico, só queremos que nos deixem em paz”, diz Ion.
Salário mínimo: 160 euros
Ion que vive sozinho, deixou mulher e filho em Bucareste, mas que, mesmo com a crise que grassa em Portugal, está interessado em para cá trazer a sua família.
“O salário mínimo na Roménia é de 160 euros! Veja lá!”.
Aqui, Ion trabalha na construção civil, enquanto que, na terra natal, era professor de história.
“Portugal é um país com muitas potencialidades e não é tão pequeno como os portugueses dizem. Gosto muito de aqui estar e sinto que, com mais ou menos crise, Portugal voltará à tranquilidade económica. Vim para cá, por convite de um amigo. Arranjei dinheiro – não foi fácil! – e pus-me ao caminho. Vim de comboio”.
Desconhecendo, na prática, os efeitos da ditadura comunista, Ion recorda-se, mesmo assim, das dificuldades que a sua família passou e da falta de perspetivas quanto ao futuro, independentemente da Roménia ter integrado a família europeia.
“Estamos na Europa, mas na Europa também estamos para alegria de certos corruptos e proxenetas que trouxeram para cá, milhares de prostitutas. Eles ganham muito dinheiro com o negócio”, desabafa.
A comunidade romena no Porto é, extremamente, unida. A maioria dos homens trabalha na construção civil, enquanto que as mulheres, na sua maioria, em serviços de limpeza.
“Há já, contudo, pessoas na Função Pública, principalmente em tribunais, onde fazem a tradução do romeno para o português e vice-versa. Há pessoas que conseguiram já uma boa vida, e que ajudam os familiares que se encontram na Roménia”.
E quando se aperta o cerco aos imigrantes ciganos da Roménia, os romenos, na sua generalidade, vão vivendo bem em Portugal. Entusiastas de futebol e de râguebi, é no desporto que também encontram laços de união para com a sua comunidade e para os naturais do país de acolhimento.
“Jogamos futebol uns com os outros e até já fizemos um Portugal-Roménia à nossa maneira. Perdemos mas não houve problemas”. Salvo erro na seleção portuguesa não jogava qualquer Cristiano Ronaldo. Seja como for “valeu o convívio e o facto de ajudarmos a acabar com o estigma relativo ao nosso povo. Precisamos de apoio como de apoio precisam todos os portugueses, de quem gosto muito!”, rematou Ion.
Um retrato da comunidade romeno no Porto… Portugal.
Repórter X
Bom dia.
Precisava de saber se o Ion Iliescu ainda se encontra a residir no Porto e, em caso afirmativo, se podem partilhar o seu contacto comigo (dalila.raquel.teixeira@gmail.com). Estou a acompanhar uma família romena que precisa urgentemente de ajuda.
Obrigada.
Recomendo (aos interessados em História, Linguística, Relações Internacionais e Estudos de Cultura em geral) o estudo da Língua Romena. Via ser uma excelente surpresa! Não é do conhecimento da maioria que o Romeno é uma belíssima língua novi-latina, como o Português, e que Portugueses e Romenos têm muito em comum (principalmente, a nível cultural).
So hoje li este apontamento.
Gosto muito do que li. Pena haver rotulos para aquele que até nem conhecemos e está rotulado de conceitos erroneos.
Admiro a sua atitude.
Ouvir dizer que é um bom pai e marido… já ê suficiente.
Bem hajapelapartilha.
Os ciganos romenos tem as suas maneiras próprias de viverem tal como os ciganos portugueses tem. Os romenos não ciganos não tem nada a ver com os de etnia cigana. No geral, gosto muito dos romenos e tenho vontade de aprender a língua, afinal ainda são nossos irmãos de língua latina. Gente e cultura fascinante
Claudia Mestre es uma das poucas pessoas que sao capazes de ver ou lado menos mediatico mas mais proximo da verdade do povo romeno, por um lado e por estares a conviver com um romeno, por outro e por seres melhor pessoa q muitos ignorantes q gostam acusar e apontar o dedo aos outros sem sequer conhecer a historia do seu proprio povo quanto mais dos outros.Cada povo tem os seus infractores,cada pais da Europa tem os seus ciganos,cada cidade tem predios a ruir,depende o q se quer ver.O q me admira sao conhecidos meus,colegas especialmente q embora me conhecem so a mim e mais um colega romeno tem uma impressao extremamente ma dos romenos, tudo isto vindo da media q nao menciona o numero dos romenos q ca vivem e descontam,pagando reformas para depois muitos deles voltarem para a terra deles e deixando aqui anos de reforma q ja nao tem direito como presente para os idosos portugueses.A grande maioria dos imigrantes gasta o dinheiro aqui,contribui e desconta,passa aqui os anos de juventude para so voltar a terra na velhice sem sequer usar o sistema de saude ou escolas de Portugal.Tudo isto sem falar dos milhoes dos portugueses espalhados pelo mundo com os respectivos traficantes de droga da Venezuela,ou parasitas do sistema social da Suica.Ca para mim quem nao tem capacidade de ver para alem do q um jornal diz, nao e capaz de fazer uma comparacao objectiva tendo em conta certos condicionais,ver que nem todos sao iguais,q xenofobia e racismo vendem jornais e ganham eleicoes,q pobreza aumenta emigracao,q falta de direitos provoca aumento de infracionalidade,q para se desviar a atencao das problemas economicas e sociais desta ue usa- se o medo da invasao dos excomunistas,selvagens eslavos,ciganos romenos e burro ou mal intencionado
Olá Cláudia Mestre
Gostei muito do seu comentário, e gostaria se possível entrar em contacto consigo, mas de outra forma, por mail…
Pois, gostaria de conversar mais um pouco sobre a cultura Romena, e sobre a forma de ser do Povo Romeno…
Será que poderia entrar em contacto comigo??
crisfirenze@gmail.com
Obrigado
Ana M.
Bom dia
Tenho muita pena de só agora ter achado este blog.
Sou portuguesa e casada com o Cristy que é romeno de Cluj-Napoca.
Não é cigano, é o melhor pai do mundo e um excelente marido.
Desunha-se a trabalhar para dar tudo de melhor aos nossos três filhos.
Já está em Portugal há 19 anos e altamente bem integrado na nossa área de residência que é Loures,Lisboa.
É Mestre de Pastelaria, tem um dom/talendo incrível e trabalha no Chiado numa pastelaria de renome a Tartine que já apareceu várias vezes na revista TimeOut.
Sinto muito vaidade no meu marido em vários sentidos e admiro-o pelo esforço que faz diáriamente para alcançarmos os nossos objetivos.
Até determinada altura sentia-me revoltada pela atitude dos portugueses em relação aos romenos, especialmente porque quando íamos ás compras em grandes superfícies, tinhamos quase sempre seguranças atrás de nós como se fossemos estrelas de cinema…
Agora sinceramente pouco me importa, o “meu romeno” é muito melhor que uma “carrada” de portugueses que ainda que sejam bem formados, têm mentes pequenas e não sabem de forma alguma o que siginifica o respeito pelo próximo e claro por certo nunca leram nem a Constituição da República nem conhecem os direitos e deveres de cada ser humano, independentemente da raça, cultura, língua e por adiante.
Aos olhos de Deus somos todos irmãos, isso devia ser suficiente para todos os tipos de “bastardos” que falam daquilo que não conhecem.
Já tive a oportunidade de conhecer a terra natal do meu marido, que deixem que vos diga é lindíssima, muito semelhante ao nosso Gerês, as pessoas foram muito calorosas na forma como me receberam, senti-me em casa.
A Roménia pode até ser conhecido como a Cortina de Ferro dos países da antiga União Soviética, mas é acima de tudo um país histórico da nossa velha Europa, com muitas atracções e para a maioria que desconhece, ela tem um património cultural de meter inveja a qualquer português.
Sou portuguesa com muito orgulho, mas sem dúvida que tenho os romenos e a Roménia no meu coração.
Aquela expressão portuguesa “Paga o justo pelo pecador”, aplica-se bem nos romenos VS ciganos romenos, infelismente os ciganos romenos estragaram há já muito tempo a reputação dos romenos em quase todo o mundo, agora imaginem o que sofre um imigrante romeno?!!! Além de já ter o peso de ser imigrante, carrega com a má reputação dos ciganos romenos. Aconteceu o mesmo a muitos portugueses há uns anos atrás quando foram para França.
Resumindo, é preciso ser-se forte e determinado para se vencer na vida e ter uma boa base familiar para conseguir ultrapassar os obstáculos.
Desejo que todos os portugueses que leram esta mensagem, possam procurar conhecer melhor o povo romeno e por certo ficaram surpreendidos pela positiva. Os romenos são profissionais dedicados e ajudam seja quem for, independemente da sua nacionalidade.
E aos romenos que leiam esta mensagem, desejo muito sucesso, prosperidade e acima de tudo muito amor.